Capítulo 6 : As Sombras de Malakai
O amanhecer trouxe uma calmaria inquietante após o violento ataque da noite anterior. A floresta de Veldran, antes repleta de ameaças invisíveis, agora estava estranhamente silenciosa, como se segurasse a respiração. Enquanto os cavaleiros sobreviventes desmontavam o acampamento, Eryndor não conseguia se livrar do eco daquela voz perturbadora que sussurrara em sua mente. Fora uma alucinação? Um truque das trevas? Ele precisava se manter focado, mas a dúvida persistia como uma adaga cravada em seu espírito.
— “Capitão Thorne,” — chamou Gareth, interrompendo seus pensamentos. — “Estamos prontos para seguir em frente. Mas talvez devêssemos considerar retornar para Everia e informar o rei sobre o que enfrentamos.”
Eryndor olhou para o veterano cavaleiro. Havia um cansaço em seus olhos, mas também um brilho de lealdade. A proposta era sensata — seria prudente recuar e relatar a extensão da ameaça. No entanto, algo dentro de Eryndor, uma intuição inexplicável, o forçava a continuar.
— “Se recuarmos agora, Malakai terá tempo de se fortalecer,” — disse Eryndor, ajustando sua armadura. — “Precisamos descobrir a origem desse mal e impedir que ele se espalhe.”
Com um aceno resoluto, os cavaleiros montaram seus cavalos, adentrando a floresta mais uma vez. Quanto mais avançavam, mais denso se tornava o ar, como se estivessem caminhando para dentro da própria essência da escuridão. Raízes pareciam se estender como garras para prendê-los, e o crepitar de folhas sob os cascos dos cavalos ecoava como sussurros antigos.
O Santuário Esquecido
Após horas de marcha, o destacamento chegou a uma área em que a floresta se abria, revelando um antigo santuário em ruínas. O lugar parecia ter sido abandonado há séculos, suas pedras cobertas de musgo e símbolos arcanos que brilhavam com uma luz fraca e pulsante. Eryndor sentiu um arrepio, reconhecendo os mesmos símbolos que vira nas peles dos seguidores de Malakai.
— “Isso não está no mapa,” — murmurou Gareth, analisando o local com uma expressão desconfiada. — “É como se tivesse aparecido do nada.”
Eryndor desmontou e caminhou em direção ao centro do santuário, onde uma fonte seca repousava, cercada por estátuas de figuras encapuzadas. Ao se aproximar, notou um objeto estranho brilhando fracamente no fundo da fonte. Era um cristal negro, que pulsava como um coração batendo lentamente.
Ao tocá-lo, uma onda de energia percorreu seu braço, quase derrubando-o de joelhos. Visões abruptas invadiram sua mente: uma figura alta e encapuzada, olhos como carvões em brasa, ergueu as mãos enquanto exércitos de sombras se erguiam ao seu comando. E então, ele viu o castelo de Everia em chamas, e Lady Lirien lutando desesperadamente contra uma figura envolta em trevas.
— “Capitão!” — Gareth gritou, sacudindo Eryndor de sua visão. — “Está tudo bem?”
Eryndor piscou, respirando com dificuldade. — “Estou... bem,” — mentiu, escondendo o cristal em sua bolsa. Aquela visão, fosse um presságio ou uma ilusão, era clara demais para ser ignorada. Malakai estava mais próximo do que eles imaginavam — e tinha planos que envolviam Everia diretamente.
A Emboscada dos Renegados
Antes que pudessem explorar o santuário mais a fundo, uma flecha assobiou pelo ar, cravando-se no chão aos pés de Eryndor. Uma emboscada! De todas as direções, figuras encapuzadas surgiram das sombras, seus olhos brilhando com uma fúria sobrenatural. O santuário tornou-se um campo de batalha mais uma vez.
— “Formação defensiva!” — Eryndor gritou, levantando sua espada enquanto seus cavaleiros se agrupavam em torno dele.
O combate foi brutal. Os seguidores de Malakai lutavam com uma ferocidade insana, como se suas próprias vidas dependessem de cada golpe. Eryndor se movia como uma tempestade, sua espada cintilando enquanto desarmava um inimigo após o outro. Mas, por mais que lutassem, os cavaleiros eram superados em número.
Em meio à batalha, Eryndor avistou uma figura maior e mais imponente, com um elmo adornado por chifres e uma armadura negra que parecia absorver a luz ao redor. Ele sabia que aquele era o líder dos renegados. Sem hesitar, Eryndor avançou em sua direção, determinado a cortar a cabeça da serpente.
Os dois se enfrentaram em um duelo feroz. O líder inimigo brandia uma espada que parecia vibrar com energia sombria, cada golpe acompanhado por um estalido de trovão. Eryndor mal conseguia bloquear os ataques, sentindo seus braços tremerem com o impacto. Porém, em um movimento inesperado, ele se abaixou, desviando de um golpe letal, e cravou sua espada no flanco desprotegido do inimigo.
Um rugido ensurdecedor ecoou enquanto a figura encapuzada caía de joelhos. Com um último suspiro, ele sussurrou algo que fez o sangue de Eryndor gelar: — “O olho de Malakai... está sobre ela.”
Eryndor o empurrou para o chão, tentando processar aquelas palavras. Seria uma ameaça contra Lady Lirien? O presságio que ele vira na visão envolvendo-a em perigo tornava-se agora uma possibilidade aterradora.
O Caminho de Volta
Com o líder morto, os restantes seguidores recuaram, desaparecendo na floresta como sombras fugidias. Os cavaleiros, exaustos e feridos, se reagruparam, avaliando suas perdas. A vitória havia sido amarga, com muitos de seus companheiros caídos no campo de batalha.
— “Precisamos voltar para Everia imediatamente,” — disse Eryndor a Gareth, sua voz sombria e resoluta. — “Se Malakai pretende atacar o castelo, não podemos perder tempo.”
Gareth assentiu, entendendo a urgência. — “Mas e quanto a este lugar?” — ele gesticulou para o santuário sombrio.
— “Deixe queimar,” — respondeu Eryndor, lançando uma tocha no centro do santuário. As chamas rapidamente engolfaram o local, consumindo os símbolos arcanos e qualquer vestígio da magia negra que ali residia.
Os cavaleiros partiram em marcha acelerada para Everia, com Eryndor à frente, seu coração batendo descontroladamente. Sabia que a guerra com Malakai estava apenas começando, e que sua conexão com Lady Lirien a colocava em perigo. Ele não permitiria que o mago sombrio a alcançasse.
Mas em algum lugar nas profundezas da floresta, olhos vermelhos os observavam partir, e uma risada fria ecoou nas sombras.
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Atualizado até capítulo 26
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