A Caminhada no Parque

Depois de algumas semanas de encontros furtivos e conversas rápidas no escritório, Sofia e Lucas estavam começando a construir algo que ia além do que ela poderia descrever com palavras. Mesmo que nenhum dos dois tivesse admitido abertamente, havia uma conexão crescente, algo que apenas seus olhares compartilhados e os sorrisos discretos conseguiam expressar.

Era uma manhã de sábado, e Sofia decidiu fazer algo diferente. O clima estava perfeito para uma caminhada ao ar livre — um céu limpo e uma brisa suave, o tipo de dia que ela amava. Precisava espairecer, se afastar um pouco do ambiente do escritório e dos olhares curiosos de seus colegas. Depois de vestir roupas confortáveis e pegar uma garrafa de água, saiu rumo ao parque próximo de sua casa.

Para sua surpresa, enquanto caminhava pela trilha, viu alguém familiar à distância. Lucas estava sentado em um banco sob uma árvore, aparentemente distraído, com um livro nas mãos. Ele parecia tão concentrado que quase não percebeu a aproximação de Sofia.

Ela hesitou por um momento, se perguntando se seria invasivo se aproximar, mas, antes que pudesse decidir, Lucas levantou o olhar e a viu. Um sorriso se formou em seu rosto, e ele acenou levemente, como se estivesse feliz por encontrá-la ali.

— Sofia! Que coincidência te ver aqui — ele disse, fechando o livro e se levantando para cumprimentá-la. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que Sofia não conseguia ignorar.

— Pois é… eu não esperava encontrar ninguém do trabalho por aqui — respondeu ela, com um sorriso tímido. — Mas o dia está tão bonito que eu não resisti.

— Verdade. Às vezes é bom sair e respirar um pouco de ar fresco, se desconectar de tudo — ele concordou, guardando o livro na mochila. — Quer caminhar um pouco comigo?

O coração de Sofia acelerou ao ouvir o convite. Talvez fosse o momento perfeito para uma conversa mais longa, fora dos limites profissionais. Ela assentiu com um sorriso, e os dois começaram a andar lado a lado, em um ritmo calmo. A trilha estava tranquila, e o som dos pássaros e das folhas balançando ao vento criava uma atmosfera agradável, quase como se fosse uma cena de um filme romântico.

— Então… o que você faz nos seus finais de semana? — perguntou Lucas, quebrando o silêncio. — Tem algum hobby secreto que ninguém no escritório conhece?

Sofia riu, surpresa pela pergunta.

— Acho que não tenho nada de muito secreto — respondeu, pensativa. — Gosto de desenhar um pouco, mesmo que não seja nada impressionante. É mais como uma terapia, sabe? E você? Alguma atividade secreta que o Lucas “sério do escritório” gosta de fazer?

Lucas sorriu, e ela notou um brilho divertido em seus olhos.

— Bom, eu diria que é a leitura. — Ele bateu de leve na mochila, indicando o livro que estava lendo antes. — Acho que posso me considerar um pouco nerd nesse sentido. Ler é uma das poucas coisas que me ajudam a sair da minha própria mente.

Sofia sorriu, surpresa por ele ter se aberto assim.

— Isso é ótimo. Acho que nunca imaginei você como um “nerd”. Mas agora que mencionou, faz todo o sentido — ela brincou, dando um leve empurrão no braço dele, como se fossem velhos amigos.

Lucas riu e pareceu relaxar ainda mais. O caminho os levou até um pequeno lago no meio do parque, onde alguns patos nadavam tranquilamente. Os dois pararam por um momento para observar a cena, aproveitando a tranquilidade do lugar. Foi Lucas quem quebrou o silêncio desta vez, com um tom mais sério.

— Sabe, é engraçado como a vida nos surpreende às vezes. — Ele disse, olhando para o lago, mas Sofia sabia que ele estava falando dela. — Eu nunca pensei que encontraria alguém tão… interessante no trabalho.

Sofia ficou surpresa pela confissão e sentiu o coração disparar. Ele não estava olhando diretamente para ela, mas sentia que ele esperava uma reação.

— Eu… também não esperava encontrar alguém como você — ela respondeu, com a voz um pouco trêmula, mas sincera. — Quer dizer, eu sempre te vi como alguém tão… distante, quase inatingível. E então, do nada, você está aqui, falando comigo sobre coisas tão... pessoais.

Lucas finalmente virou o rosto para encará-la, e Sofia notou uma vulnerabilidade em seu olhar que nunca tinha visto antes.

— Acho que me acostumei a manter uma barreira com as pessoas — ele admitiu, a voz baixa. — Mas com você, é diferente. Eu me sinto... à vontade, como se pudesse ser eu mesmo.

O silêncio se estendeu entre eles, carregado de algo indefinido. Sofia sentia o coração acelerado, uma mistura de nervosismo e empolgação, como se estivesse à beira de algo que não conseguia compreender completamente. E, antes que ela pudesse pensar em algo para responder, Lucas deu um passo mais próximo.

— Sofia... eu sei que isso pode parecer um pouco inesperado, mas… você me deixa curioso, me faz querer saber mais sobre você. — Ele olhou para ela com uma intensidade que a fez sentir como se estivesse em um sonho. — Eu realmente quero saber mais sobre você, sobre tudo que faz você ser quem é.

Sofia quase perdeu o fôlego. Era o momento que ela secretamente esperava, mas nunca teve coragem de imaginar de verdade. As palavras de Lucas eram sinceras e, ao mesmo tempo, assustadoras. Ele estava revelando um lado dele que ela nunca tinha visto, um lado que parecia tão vulnerável quanto o dela.

Ela respirou fundo, tentando manter a calma.

— Eu… eu também sinto isso — confessou, com um sorriso tímido. — Eu sempre tive medo de me aproximar de você porque… você é tão confiante e… tão… sei lá, parece intocável. Eu não sabia que você também sentia... isso.

Lucas deu um passo mais próximo, os olhos fixos nos dela. A intensidade daquele momento era quase palpável, como se tudo ao redor tivesse desaparecido e eles fossem os únicos ali.

— Então... vamos continuar descobrindo isso, juntos? — Ele estendeu a mão para ela, um gesto simples, mas que carregava toda a tensão e emoção daquele encontro.

Sofia olhou para a mão dele, hesitante, mas finalmente a segurou. Sentiu o calor da palma de Lucas, e o simples toque fez com que todos os seus medos desaparecessem. Era um gesto sutil, mas para ela parecia um grande passo, uma abertura que ela nunca imaginou que ele pudesse oferecer.

Os dois continuaram a caminhada, ainda de mãos dadas. Não disseram mais nada, mas o silêncio entre eles parecia mais cheio de significado do que qualquer palavra. Era como se, naquele gesto, ambos tivessem encontrado a resposta para tudo o que sentiam.

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Atualizado até capítulo 48

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