Tramas - parte 1

Três meses se passam, a gravidez de Bruna avança tranquilamente.

Na companhia da mãe, ela vai até a sua consulta pré Natal.

—Nem dá para ver a barriga doutora, só sinto que o meu abdômen mais duro.

— É assim mesmo, você é uma pessoa magra ,com um bom corpo, a barriga vai demorar aparecer mas esse bebê já está bem grandinho, com sorte podemos saber o sexo dele ainda hoje.

—Está tudo ótimo! Escutem só o coraçãozinho!

Aa batidas fortes ecoam pela sala e Bruna se emociona,lembrou que Kerem dizia que o sonho dele era ser pai, imaginou que se ele estivesse ao seu lado naquela hora, estaria falando sem parar de tão feliz.

💭Vai viver esse sonho com outra... E nunca saberá que tem um filho aqui no Brasil!

—Bem,vamos ver se esse bebezinho colabora e nos deixa ver se é um menino ou menina.

A médica mexe de um lado para o outro até que consegue a imagem.

—É um garotão! Olhem só! Bem nítido!

Bruna sorri para a mãe, que a devolve o sorriso preocupada.

Na saída, da consulta, as duas conversam.

—Filha, você não pode deixar que ninguém que tenha algum contato com Kerem saiba que esse bebê é um menino,se não pode acontecer com você o que aconteceu com a sua tia!

— Eu sei mamãe, fique tranquila, a única pessoa com a qual tenho contato é a noiva do primo dele, que é minha amiga, mas ela não contaria nada ela sabe da minha gravidez e não contou nem para o noivo!

— O Cauã está voltando para o Rio, Bruna ! Por que não deixa ele assumir essa criança? Aí, qualquer tipo de suspeita acaba!

—Porque o filho é meu, não é dele! Ele não é o pai do meu bebê, eu vou assumir essa criança sozinha, na certidão de nascimento dela terá somente o meu nome.

— Você não pretende dar uma chance para o Cauã?

— Estamos conversando, vamos tentar um namoro convencional. Cada um na sua casa, fazendo programas normais,mas isso eu vou decidir depois que o bebê nascer, afinal de contas, está tudo muito incerto. Eu posso até ficar com ele, mas o meu filho ele não vai registrar.

......................

Na Turquia, Safira vai com a mãe até ao lado mais pobre de Ancara,numa vila onde se encontram ciganas,mulheres que fazem leituras de mão e curandeiras.

— Se o seu pai descobrir que estamos aqui, ele manda me prender por uma semana. Ele detesta esse tipo de coisa!

— Mas eu preciso de ajuda mamãe, já são quatro meses que estou casada, e o meu marido ainda não me tocou! Esses dias ele quase me beijou, porque eu comecei a fazer uma cena de mulher incompreendida, mas na hora que a boca dele tocou a minha,saiu correndo.

— Estou te trazendo aqui porque aconteceu a mesma coisa comigo em relação ao seu pai. Ele não me tocava de jeito nenhum, tinha outra no coração e na mente e deve ter até hoje...A gente sente quando um homem ama você profundamente e o Eymen me trata com carinho, gosta de mim, mas não me ama!

— A senhora tem certeza que essa porção me fará ter o Kerem essa noite?

— Absoluta certeza! Depois que ele tomar essa bebida, ele vai lhe procurar a noite, mas eu te aviso! Ele não falará o seu nome, na hora ele chamará pela outra...

Na casa da feiticeira da cidade, elas conseguem as ervas necessárias para fazerem o chá alucinógeno.

— Usem em pequena quantidade, somente para deixá-lo desnorteado, se vocês colocarem muito ele vai perder os sentidos totalmente e não irá consumar o casamento. Mas se for feito na dose correta, ele se deitará com você mesmo achando que está com a outra e conseguirá completar o ato.

—E no dia seguinte?

— Ele não se lembrará de muita coisa, mas verá pelo lençol manchado de sangue que o casamento foi consumado e depois disso ele verá que não tem jeito e continuará a ter relações com você ,já que ele a tomou por esposa. Mas não se esqueça: a poção revela quem está no coração! Terá que suportar a verdade! - completa a feiticeira

Na volta para casa, Zohar ajuda a filha a preparar tudo para a noite. Um quarto perfumado, lingerie sensual e um jantar preparado por ela mesma, tudo para seduzir o marido e fazê-lo acreditar que a tomou em seus braços pelo próprio querer.

— A senhora também ajudou a Omet?

— Não foi necessário,o seu irmão não gostava de ninguém, então para ele tomá-la por esposa foi simples. Ela quem nos deu trabalho quando fugiu com soldado da família Demir.

—E por que o Cam aceitou ficar com ela, mesmo assim, impura?

—Ele não se importava e tinha medo da outra pretendente que seu pai tinha em vista para ele, era tenebrosamente feia! - elas riem - Então ele preferiu ficar com a Omet,mesmo impura, porque ela é muito bonita.

Assim que Kerem chega em casa, cumprimenta a sogra.

—Bem, já vou indo deixarei o casal nesse momento de intimidade. Eu vim para fazer a companhia a minha filha,Kerem, ela fica tão sozinha nesse apartamento!

— Deveria convencê-la a fazer alguma atividade para ocupar a mente, quando se tem a cabeça vazia, o demônio trabalha nela. Eu a acompanho até a porta.

Após a sogra sair,ele toma banho e aguarda o jantar ser servido.

— Aonde estão os empregados, você os dispensou?

— Sim, queria que a casa ficasse somente para nós dois essa noite.

Kerem nota o tom sensual na voz da esposa, já são quatro meses sem sexo, e ele nem acredita que tem resistido tanto tempo sem tocar numa mulher bonita e atraente como Safira, dormindo e acordando todos os dias ao seu lado.

Ela mesma serve jantar e com a poção preparada, coloca doses na bebida dele e um pouco também na sopa de entrada.

Cerca de meia hora após o jantar, Kerem começa a mostrar sinais de que está perdendo os sentidos.

—Eu vou me deitar,Safira. Estou um pouco sonolento, confuso. Vejo você no quarto.

Ele se deita e ela sorri, agora é só fazer a sua parte. Coloca uma camisola sensual, um perfume envolvente, e começou a beijá-lo deitado na cama.

Kerem a corresponde os beijos e as carícias e começa a chamar pelo nome de Bruna.

— Bruna, minha princesa! Que saudades eu estava de você, estava louco para sentir o seu beijo, me ama, meu amor ,eu estou ardendo de desejo por você!

Safira se lembra das palavras que a mãe e a feiticeira lhes disseram, que ele chamaria por outra enquanto estivesse com ela, então, resolve engolir toda a raiva e ressentimento e deixa que ele a ame, mesmo com outra no pensamento e no coração.

No dia seguinte Kerem acorda um pouco confuso e sem roupas, olha para Safira também sem roupas, envolvida em um lençol. Ele tem vagas lembranças do que aconteceu e respira fundo.

Safira o vê levantando e sorri.

— Bom dia ,meu marido! Como está se sentindo depois de finalmente contraímos as nossas núpcias?

—Ah...eu não lembro de muita coisa.. eu me senti mal ontem. Mas enfim, era inevitável...

Assim que ela se levanta, ele vê o lençol sujo de sangue e tem a plena certeza de que o casamento foi consumado. Toda a esperança de que talvez ele poderia reverter a situação é pedir anulação do casamento, acabava de morrer.

No escritório ele conta para o primo o que aconteceu.

— Eu estava resistindo aos meus instintos masculinos, porque eu tinha esperança de tentar anular esse casamento se eu não tocasse na Safira. Mas agora já era, e espero que ela também não tenha engravidado, já que foi algo que eu não tive o controle,não lembro de muita coisa...

— Uma vez aconteceu isso comigo e com a Serena, mas ela me doou para fingir que tinha transado comigo, depois eu descobri que ela usou o opiótico.

— Não acredito que a Safira tenha feito isso, eu vi a mancha de sangue no lençol e eu chego a lembrar que a beijei, lembro de tê-la penetrado também, dela ter gemido de dor..mas o estranho era que pra mim parecia ser a Bruna...era o rosto dela que eu via! Agora aconteceu e já era!

......................

Safira aparece feliz na casa da mãe.

—Deu certo! O casamento foi consumado!

— eu disse que era infalível minha filha e como foi?

— Incômodo, mas não foi ruim. Pior mesmo foi o ouvir se declarar o tempo todo para outra, gemer o nome dela enquanto tomava o meu corpo.

—Eu lhe disse que isso era dolorido, mas das próximas vezes ele irá procurá-la sem precisar do poção e você não precisará ouvir o nome da outra,ele pensará nela em silêncio.

As duas olham para o chão.

—Você encontrará uma forma de se adaptar, Safira. Agora é só engravidar e assegurar que ele fique sempre ao seu lado.

—Aí é que está o problema. Eu não posso engravidar!

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