Capítulo 10

Os dias passaram com a completa naturalidade e normalidade daquele emprego, depois as semanas e, quando menos esperava, Mathew já tinha um mês e meio trabalhando para Daniel. Mathew se saiu perfeitamente cada vez mais, não havia erros em seu trabalho, inclusive sua técnica era limpa. Daniel estava confortável e à vontade ao seu lado, coisa que, embora negasse, o deixava um tanto nervoso. Mas, devido a isso, Daniel não tinha notado que, ultimamente, ele já não tinha dores de cabeça e que dormia a gosto, inclusive chegava à empresa descansado, estava tendo uma boa fase.

Enquanto Mathew sabia quem era Daniel e tentava evitá-lo o melhor que podia, era algo impossível, visto que, por ser seu assistente, devia estar ao seu lado sempre. Mathew sentia uma fascinação inexplicável por Daniel, algo a que ele mesmo chamava de “respeito e admiração”. Olhava Daniel trabalhar encantado e se fascinava com sua técnica, sobretudo por aquela maneira tão perfeita que tinha de trabalhar. No entanto, embora sua lua estivesse há vários dias lhe falando, ele a ignorava, tentava ficar mais longe de Daniel e tomava supressores para evitar senti-lo. Pareceria que ambos estavam jogando bastante bem suas cartas contra o destino… Mas lembremos, ninguém pode fazer nada quando o jogo já foi dado.

Era quinta-feira, Daniel, como sempre, estava atrás da escrivaninha olhando alguns designs em seu PC quando, ao seu lado, chegou Mathew. Daniel era um maldito ogro com todos os seus empregados, inclusive alguns tinham pedido demissão, pois não toleravam seu péssimo temperamento, era uma besta insensível e tinha sido ainda mais desde que passou a noite com “aquele Ômega” 4 anos atrás. No entanto, estando junto a Mathew, ele era brando, tranquilo e indulgente, jamais levantava a voz para o rapaz e tampouco o repreendia por nada. Quando Isak lhe perguntava, ele simplesmente dizia que Mathew fazia seu trabalho muito bem e que não era possível repreendê-lo, pois não havia motivos. Daniel estava sempre tranquilo e confortável perto de Mathew, mas este dia seria o que marcaria o início, seria diferente, ou assim sentiram os dois quando Mathew se aproximou de seu chefe e mostrou os designs no tablet, designs de roupas e calçados que havia supervisionado pessoalmente em lojas e estava prestes a ser lançado no mercado. Daniel se aproximou demais do rapaz quando o sentiu, seu lobo se levantou e, imediatamente, reclamou o corpo ao seu lado.

Daniel se sobressaltou assustado, ele muito poucas vezes escutava aquela conexão em sua cabeça, mas, desta vez, aquele imponente lobo cinza estava uivando, pedindo aos berros por seu par. Daniel olhou de esguelha o olhar concentrado do rapaz e os designs que mostrava, em sua mão, levava um caderno um tanto velho e desgastado, mas que Daniel havia notado que jamais deixava em lugar nenhum, curioso, tomou a liberdade de perguntar:

- O que é isso? Vejo que leva para todos os lugares…

- Ah… isso… bom, desde criança eu tenho o costume de anotar cada detalhe que sinto que me ajudará no futuro… então neste caderno anoto o que devo lembrar… o que é importante.

- Entendo… E o que é importante? Poderia ver?

- Nãããooo… (corado) Sinto muito, não…

Daniel sentiu em sua cabeça o clique, ver Mathew corado o fez vê-lo, o Ômega que se deitou com ele vestido de mulher, era o mesmo rubor, era a mesma boca, mas… seu aroma, não havia nenhum aroma.

- Desculpe, Mathew… Você tem irmãos?

- I… irmãos?…

- Sim, irmãos ou irmãs… Sinto que eu já o vi antes em algum lugar, sabe.

- Eu… não tenho irmãos, sou filho único, e meus pais… moram na Austrália… Estive na Itália e cheguei recentemente, é impossível que nos conheçamos (nervoso).

- Estranho… hehehe Mas tudo bem. Nesse caderno também há anotações sobre mim?

- Como disse?

- Hahaha sim, você sabe, algo que não deve esquecer a meu respeito?

- Bom… bom, eu anoto tudo, senhor Lombardo…

Daniel sorriu, notou que não o incomodava ver o rapaz corado, apenas voltou a olhar para o tablet sobre a escrivaninha e sentiu em Mathew o nervosismo que ele estava sentindo, então mudou de assunto.

- Entendo… Bem, conferimos isso?

Mathew assentiu e se afastou do Alfa, seu cheiro o atordoava às vezes, por isso tomava supressores diariamente, mas sabia que, em algum momento, ele teria que conviver com seu chefe a ponto de senti-lo e sentir sua lua despertar de novo, reclamando seu destinado. E era exatamente assim, Daniel sentia aquela sensação estranha ao olhar para o rapaz que evitava seus olhos e desviava o olhar de vez em quando. Era divertido ver um rapaz corar? Já tinha sido antes? Para Daniel era novo, ele jamais tinha se interessado por alguém por uma bobagem como umas bochechas vermelhas, muito menos por um homem, algo que Daniel detestava… Mas este rapaz era diferente, só porque ele não conseguia sentir o cheiro dele, mas Daniel teria jurado que aquele era o Ômega que o deixou “descomposto” naquela noite.

Em um minuto em que seus olhares se cruzaram, Daniel pôde ver a cor pêssego de seus olhos enigmáticos naquele rapaz e sentiu aquela faísca que não podia explicar com palavras, no entanto o queria, o desejava, desejava a proximidade do menor à sua frente, olhou para seus lábios e a cor rosada e ficou com água na boca, por que ansiava tanto prová-los? Mathew só estava trabalhando ali há um mês e meio, como podia sentir aquela atração por alguém que mal conhecia?

- Senhor Luján… você… é muito bonito, sabia?

- Co… como disse, CEO Lombardo?

- Seus traços (disse roçando suas bochechas) são delicados demais, seu rosto, e sua pele é… linda…

Mathew sentiu o roçar daqueles dedos sobre suas bochechas e fechou os olhos, podia jurar que o lugar em que Daniel tocava estava quente, respirou fundo e olhou para o Alfa atônito à sua frente, Daniel olhou nos olhos do rapaz e depois para seus lábios ao mesmo tempo em que baixava o olhar para eles.

- Sua boca também é… também perfeita…

- Se… senhor… (nervoso)

Tarde, Daniel se aproximou pouco a pouco até roçá-los, Mathew não resistiu, apenas suspirou e fechou os olhos, sentiu o hálito com cheiro de menta fresca do Alfa à sua frente e começou a sentir o aroma daquela feromona, sua lua se agitou de prazer. Daniel roçou aqueles lábios com os seus e abriu um pouco a boca para buscar mais contato e então aconteceu.

- Toc, toc, toc…

Bateram na porta e Daniel se sobressaltou, Mathew se deu conta do que estava acontecendo e, envergonhado, se afastou imediatamente. Daniel o olhou com dúvida enquanto o rapaz sentia o calor em seu rosto e suas bochechas arderem. Pela porta entrava Marc, o secretário de Daniel, com um sorriso e duas pastas de documentos. A notícia que o rapaz recebeu junto ao seu chefe o deixou imóvel.

“CEO Lombardo, o negócio com as empresas de manufatura de Los Angeles foi fechado com sucesso graças ao senhor Luján… Deve viajar amanhã mesmo para assinar o contrato, senhor, já reservei a pista para o voo dentro de uma hora, e os quartos estão para ser confirmados no hotel… Parabéns”.

Mathew ficou imóvel e, com um sorriso nervoso e inocente, perguntou:

- Desculpe, viajarão hoje? Secretário Marc, preciso ajudar em algo?

O secretário riu sem dó:

- Hahahahahaha Mathew, do que você está falando? Você fechou o contrato, é óbvio que viajarão você e o CEO juntos. A estadia é durante todo o fim de semana (sorriso).

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