O Comportamento Suspeito

Nos dias que se seguiram, a sensação de desconfiança que havia dominado naquela manhã só cresceu. Eu sabia que havia algo errado, e a foto que encontrei apenas confirmou meus piores medos. Daniel não sabia que eu já estava ciente da traição iminente, e eu aproveitaria isso. Ele ainda acreditava que estava jogando em segredo, mas mal sabia que as cartas estavam agora em minhas mãos.

Eu observo cada movimento dele com mais atenção. Cada pequena alteração no tom de voz, cada olhar desviado ou sorriso solicitado era anotado mentalmente. Ele não era mais o homem com quem eu havia ficado noiva. A mudança era sutil, mas inegável. Daniel sempre foi charmoso, persuasivo, o tipo de homem que conseguia convencer qualquer um de qualquer coisa. No entanto, nos últimos meses, a sua confiança excessiva começou a dar lugar a uma leve inquietação, como se ele estivesse constantemente tentando esconder algo — e, claro, ele estava.

Naquela manhã específica, ele entrou em casa sem avisar, o que me pegou de surpresa. Eu estava na cozinha, arrumando as coisas, quando ouvi a porta da frente se abrir. Normalmente, ele me mandava uma mensagem ou ligava antes de chegar. Mas, dessa vez, ele apareceu do nada, como se quisesse que eu pegasse desprevenida. Sorri por dentro ao pensar que eu estava dois passos à frente dele. Mantive a compostura e o cumprimentei com o mesmo sorriso de sempre, o que pareceu relaxá-lo por um breve momento.

— Chegou mais cedo hoje? — querendo casualmente, fingindo surpresa.

Ele hesitou por um segundo antes de responder, quase imperceptível, mas o suficiente para eu notar.

— Sim, a reunião foi cancelada — respondeu, tirando o casaco e jogando-o no sofá. — Pensei em passar o resto do dia aqui, com você.

Eu sabia que era mentira. Havia uma leve hesitação em sua voz, algo que ele não conseguiria esconder de mim. Mas não demonstrei nada. Em vez disso, forcei um sorriso e me aproximei, tentando manter o clima leve, enquanto, por dentro, o nó na minha garganta se apertava ainda mais.

— Que bom, faz tempo que não houve o dia juntos — comentei, entregando-lhe uma xícara de café. Era uma declaração inocente, mas acusações de verdade. Ele estava cada vez mais distante, e essa tentativa repentina de proximidade parecia mais uma fachada do que qualquer outra coisa.

Sentamo-nos na sala, e ele começou a falar sobre o trabalho, como sempre fazia. Era uma distração. Uma maneira de desviar qualquer possibilidade de abordagem do que realmente estava acontecendo. Enquanto ele falava, eu o observava. Seus olhos evitavam os meus mais do que de costume. Ele parecia agitado, mesmo tentando manter uma aparência tranquila.

— E como você anda sua semana? — Disse, em uma tentativa evidente de mudar o foco.

— Normal, só trabalho e algumas coisas aqui em casa — respondi, mantendo o tom casual. — E você? Tem passado muito tempo fora.

Ele manifestou as sobrancelhas, como se não esperasse a pergunta, mas rapidamente recuperou o controle.

— Sim, o trabalho é uma loucura. Muitas reuniões e... compromissos inesperados.

Lá estava de novo, uma hesitação. “Compromissos inesperados”. Eu sabia exatamente o que isso tinha. Eram as escapadas para encontrá -la . A mulher que ele dizia estar no passado, mas que agora estava mais presente do que nunca. Internamente, eu sentia uma mistura de raiva e determinação crescendo. Mas, naquele momento, mantenha a calma. Não era hora de confrontá-lo ainda. Eu preciso de mais provas, mais certezas, e, acima de tudo, preciso garantir que quando o confronto viesse, eu estivesse no controle.

Mais tarde, naquela mesma noite, ele disse que precisaria sair novamente. "Um jantar de negócios", disse ele, evitando meus olhos. Eu apenas assenti, fingindo acreditar em cada palavra que saiu de sua boca. Assim que ele saiu, peguei meu telefone e, com dedos rápidos, entrei no perfil da mulher que eu sabia que estava com ele. Uma ex-namorada, um tal "fantasma do passado". Suas postagens recentes continham cheias de indiretas sutis, quase como se ela quisesse que eu soubesse. Fotos de jantares em restaurantes caros, flores enviadas por um "admirador secreto", tudo meticulosamente planejado para provocar uma ocorrência.

Era claro que ela sabia do nosso noivo, e era ainda mais claro que ela estava jogando seu próprio jogo. Mas, diferente do que ela imaginava, eu não ia ceder. Eu não era o tipo de mulher que simplesmente desistiria e permitiria que eles destruíssem tudo o que eu construí. Na verdade, eu ia deixar que continuassem acreditando que estavam no controle... até o momento certo.

Na manhã seguinte, Daniel saiu para o “trabalho” cedo. Eu sabia que ele estava indo encontrá -la , e, enquanto ele acreditava estar dois passos à frente, mal sabia que eu já estava antecipando seu próximo movimento. O jogo tinha começado. Mas eu não estava jogando para me vingar — estava jogando para vencer.

Olhai novamente para a foto que eu havia recebido e a guardei em um lugar seguro. Isso seria apenas uma das provas que eu usaria no momento certo. Eu não sabia como essa história terminaria, mas uma coisa era certa: eu não sairia dessa como a perdedora.

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Comments

Francisca Carvalho

Francisca Carvalho

tô amando essa não é de ficar chorando ou se entregando pro primeiro que aparecer

2025-01-22

1

Sirlene Campos

Sirlene Campos

começando a ler hoje 27/10/24.

já gostando muito da atitude da noiva.👏👏

2024-10-27

0

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