Dentro da cabana, o ambiente era escuro e sufocante. Um homem de aparência rude, cabelos grisalhos e barba mal cuidadada, segurava uma vara improvisada de bambu, chicoteando com força uma jovem amarrada. A mulher, seminua, estava presa a uma armação feita de bambu e palhas, com os braços e pernas amarrados, e a boca coberta por uma mordaça, o que a impedia de gritar. Cada golpe fazia com que ela gemesse de dor, mas o homem parecia imerso em sua própria fúria para se importar.
— Sua família mentiu para mim! — vociferava ele, levantando a vara mais uma vez. — Prometeram um lar no distrito de Whuxolk se eu fizesse o serviço sujo! E agora olha para mim! Preso nessa maldita cabana, vivendo do que eu posso caçar!
A vara desceu com força, atingindo a perna da mulher. A dor estava clara em seu rosto, mas ela não tinha como reagir.
— Safados, todos vocês! E é por isso que você tem que pagar também! — disse ele, prestes a desferir outro golpe.
Antes que pudesse continuar, uma sombra apareceu na entrada da cabana. O homem parou, confuso, enquanto Sokjhan, com uma expressão séria, permanecia imóvel na porta. O velho franziu o cenho, seu rosto mostrando clara irritação.
— Quem diabos é você? — grunhiu o homem. — Vai se lascar e sai daqui! Não é problema seu!
Sokjhan suspirou, os olhos fixos no homem, enquanto sua voz, baixa e controlada, cortava o ar.
— Você é mais sujo do que aqueles que mentiram para você.
O homem se enfureceu instantaneamente. Seu rosto ficou vermelho de raiva, e ele apertou com força a vara de bambu.
— O quê? — rugiu ele, os olhos arregalados de ódio. — Se você não sair daqui agora, vai acabar morto, moleque!
Sokjhan, com calma, fechou os olhos por um momento, como se ponderasse o próximo movimento. Quando voltou a falar, sua voz estava repleta de uma convicção fria.
— Pelo que ouvi, você matou pessoas por ganância, e agora está descontando sua raiva em uma jovem indefesa. Você é quem deveria pagar por todas as vidas que tirou.
A fúria do homem explodiu de vez. Ele avançou rapidamente em direção a Sokjhan, brandindo a vara de bambu como uma arma. No entanto, Sokjhan foi mais rápido. Com um movimento rápido e preciso, ele desferiu um chute na mão do homem, fazendo a vara voar no ar. Antes que caísse, Sokjhan a agarrou com destreza, girando-a brevemente entre as mãos.
— Filho da...! — o homem murmurou, furioso, assumindo uma postura de luta.
Ele avançou com velocidade surpreendente para alguém de sua idade, desferindo um golpe com a palma da mão contra o abdômen de Sokjhan, que recuou um passo para trás com o impacto. Mesmo assim, seus olhos nunca deixaram o homem. Eles continuavam fixos, calmos, analisando cada movimento.
O homem não perdeu tempo e avançou novamente. Suas palmas firmes se moviam rapidamente em direção a Sokjhan, que bloqueava os golpes com os braços e as mãos. O som de palmas se chocando ecoava pela cabana, enquanto ambos trocavam golpes em alta velocidade. O homem mostrava habilidade, mas Sokjhan estava sempre um passo à frente, defendendo e desarmando os ataques do homem com agilidade.
Após uma breve sequência de golpes, Sokjhan recuou alguns passos para ganhar espaço. Ele então deu um salto ágil e desferiu um chute com o pé direito. O homem conseguiu defender com o braço esquerdo, usando uma técnica de arte marcial. Ambos estavam em um impasse.
Foi então que o homem bateu as palmas das mãos com força, e pequenas chamas apareceram nas pontas de seus dedos. O calor era perceptível, e Sokjhan observou com atenção, seus pensamentos rápidos analisando a situação.
— Um domínio ancestral, do tipo fogo — pensou ele.
O homem sorriu, com o rosto distorcido pelo ódio.
— Você não vai durar muito tempo, garoto. Eu vou queimar você e essa maldita garota até as cinzas!
O homem, furioso e impaciente, não perdeu tempo. Ele avançou contra Sokjhan novamente, as chamas em suas mãos dançando no ar enquanto desferia golpes rápidos com as palmas em chamas. Sokjhan, no entanto, agora esquivava-se com uma fluidez quase instintiva, movendo-se de forma graciosa e calculada. As palmas do homem cortavam o ar, mas nunca encontravam seu alvo.
Por um breve momento, parecia que o homem finalmente acertaria Sokjhan, quando sua mão foi direcionada com força contra o rosto do jovem. Mas, no último instante, Sokjhan saltou, fazendo a palma atingir um dos bambus do bambuzal. Toda a energia das pequenas chamas concentradas em seus dedos explodiu na madeira, que quebrou e incendiou.
"Entendi", pensou Sokjhan, observando o efeito da técnica enquanto aterrissava à direita, numa distância segura do adversário.
O homem, furioso, bateu as palmas mais uma vez, reativando as chamas nas pontas dos dedos, pronto para continuar o ataque. Mas Sokjhan, atento, já começava a decifrar a técnica do inimigo. Sem perder tempo, ele avançou para o confronto. O homem, ao vê-lo se aproximar, armou mais um golpe, mas Sokjhan, com agilidade, deslizou por baixo de suas pernas e pegou o pedaço de bambu caído no chão.
Levantando-se rapidamente, Sokjhan começou a girar o bambu entre as mãos, como se fosse usá-lo como arma, mas então posicionou o pedaço de madeira atrás do próprio braço. A atitude confiante de Sokjhan desafiou o homem, que se virou, insultando o jovem.
— Bastardo intrometido! — gritou o homem. — Por que não se deixa ser acertado e morre de uma vez?
Sokjhan suspirou, ainda sério.
— Talvez o seu verdadeiro pecado seja a ganância — disse ele, com a voz firme. — Você deveria reconhecer isso e aceitar a punição.
— Por que você não volta de onde veio! — rosnou o homem. — Jovens tolos como você não entendem as leis do mundo
Sokjhan então continuou, sua voz serena, mas carregada de convicção.
— Às vezes, os mais tolos são os mais certos. Seus conceitos são ignorados pelos que pensam ser mais sábios que aqueles que criaram as leis. E é esse orgulho que afunda o mundo. Os homens que acreditam serem donos da verdade deveriam sofrer as consequências de suas próprias ações.
O homem avançou novamente, com as mãos em chamas. Sokjhan, com calma, apenas se virou, fazendo o ataque passar direto. Num movimento rápido, acertou o braço do homem com o bambu, fazendo-o recuar por um instante. O homem tentou ferir Sokjhan com a outra mão, mas Sokjhan abaixou-se e desferiu um golpe nas pernas do oponente, fazendo-o inclinar-se de dor.
Aproveitando a posição vulnerável do adversário, Sokjhan desferiu um golpe de baixo para cima, atingindo os braços do homem e levantando-os. Num movimento fluido, Sokjhan se levantou rapidamente e, com um chute certeiro, acertou o abdômen do homem, empurrando-o alguns metros para trás.
Tremendo de dor, o homem grunhia, tentando se recompor. Mas, quando abriu a boca para gritar mais insultos, Sokjhan, girando o bambu no chão, levantou uma nuvem de poeira, jogando terra nos olhos e na boca do oponente. O homem recuou, gritando em desespero, tentando limpar a terra que havia atingido seu rosto.
No meio da poeira, Sokjhan aproveitou a abertura e acertou um golpe certeiro com o bambu nas costas do homem, que caiu no chão com um grito estridente de dor.
— Maldito! — berrou o homem, contorcendo-se no chão.
Sokjhan, impassível, olhou para ele uma última vez.
— Malditos são aqueles que acreditam que seus próprios conceitos estão acima da moral e da ética — disse ele, calmamente.
Então, sem mais palavras, Sokjhan jogou o bambu de lado e se afastou, deixando o homem ali, caído e grunhindo de dor, sozinho em sua miséria.
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Atualizado até capítulo 23
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