6. De volta ao lar

Luciana

Meu celular não parava de tocar, desde manhã, mas não quis atender, estava querendo ficar na minha, então deixei no quarto e só depois de vários filmes resolvi ir ver quem era. E tinham 9 chamadas perdidas do meu pai. Achei estranho tantas chamadas e acabei me preocupando então retornei.

Humberto: Aleluia apareceu né.

- Onde você tava que não me atendia?

Luciana: Tava assistindo filme com a Renata e o celular tava no quarto.

É verdade, ele só não precisa saber que eu ouvi o celular tocar.

Luciana: Tá, mas aconteceu algo pai?

Humberto: Seu tio já chegou, e gostaria que você voltasse pra casa.

Luciana: Achei que eu teria mais uma semana.

Humberto: Poisé, mas ele resolveu adiantar tudo então precisamos de você aqui.

Luciana: Aff.

Humberto: Consegue vir o quanto antes?

- Depois peço pra buscarem suas coisas.

Luciana: Tá bem pai.

Humberto: Obrigado filha. Te amo.

Luciana: Também te amo.

Humberto ⬇️

Desliguei e fui ajeitar minhas coisas e logo voltei a sala com uma pequena mala em mãos.

Renata: Oxi, tu saiu daqui pra atender o telefone e voltou pronta pra viajar?

Luciana: Meu pai ligou. Meu tio voltou antes e ele me quer em casa ainda hoje.

Renata: Sério?

Luciana: Acho que é até bom, assim penso menos no Thiago.

Renata: Caraca amiga, mas e as suas coisas?

Luciana: Papai falou que manda alguém buscar.

- Você vem comigo?

Renata: A não amiga, você sabe que tenho uma entrevista essa semana, e pra eu voltar depois é cansativo.

Luciana: Beleza então, se cuida, e qualquer coisa me liga.

Renata: Te amo.

Luciana: Também te amo amiga.

Falei já saindo pela porta.

Em outro momento eu odiaria viajar assim do nada, mas hoje tô sentindo que vai ser bom pra mim. Essa noite que passou mexeu muito comigo, sinto que meu pequeno ato de rebeldia foi um erro no final. Ao mesmo tempo que sinto que foi tão perfeito que tinha que ser assim. Não sei explicar todos esses sentimentos dentro de mim.

Thiago

Cheguei em casa e meu irmão correu me receber. Ele parecia extremamente feliz em me ter em casa de novo depois de tantos anos. E mamãe nem se fala, estava radiante de me ver bem e de volta pra ficar perto dela.

Depois de muito conversar e contar sobre tudo que passei nesses anos subi pro quarto que Humberto separou pra mim e fui tomar um banho, precisava relaxar.

Durante o banho me peguei pensando na baixinha. O garota que mexeu mesmo comigo. Mesmo com aquele jeito meigo e envergonhado dela eu sentia tanta convicção e decisão nas atitudes dela. As vezes eu penso que devia ter ficado e ido atrás dela, mas eu não sei nem seu sobrenome, não sei se a encontraria de novo.

Em 35 anos de vida nenhuma mulher tinha mexido comigo pra agora eu ficar pensando em uma menina que deve ter seila, uns 20 anos.

Sai do banho e me joguei na cama de cueca e acabei dormindo pra descansar um pouco.

Humberto fez questão de ligar pra filha pra que ela viesse pra casa pra me receber. Insisti que era ridículo e não precisava, mas ele fez questão.

"Luciana tem que estar aqui pra receber o tio depois de tantos anos" ele disse. Luciana, o mesmo nome da pequena, puta que pariu, aquela garota colocou algum feitiço na minha bebida não é possível.

Acordei já era noite, então me levantei lavei o rosto e resolvi descer pra ver melhor a casa e me acostumar com essa nova vida.

Assim que cheguei ao pé da escada meu mundo desabou.

Era ela. Não podia ser. Era a Luciana, a minha princesa da noite passada. Ela estava na sala conversando com Humberto.

Assim que Humberto me viu e pediu pra que eu descesse pra ele nos apresentar ela virou sorridente, mas seu sorriso se foi no segundo em que ela me viu. Ela parecia tão chocada quanto eu.

Desci as escadas de vagar, eu só podia estar sonhando, não é possível.

Paramos um em frente ao outro e nenhum dos dois se pronunciou por alguns segundos que mais pareceram séculos.

Luciana: Oi tio, tudo bem? Prazer em rever você.

Ela tentava ser educada e disfarçar a situação, fingindo que não nos conhecíamos. Mas não pude deixar de notar o duplo sentido do "prazer em rever você".

Droga, sai dessa Thiago que é B.O..

Thiago: Olá. É Luciana seu nome né?

Vi tristeza em seus olhos com a minha pergunta, espero que ela não ache que essa pergunta foi séria.

Luciana: Sim.

Respondeu ainda tristonha e logo Humberto interrompeu as apresentações pra anunciar que o jantar estava pronto.

Graças a Deus.

Porém, na mesa de jantar o clima tenso ainda era palpável. Não posso acreditar que eu tranzei com a porra da minha sobrinha. Eu sou um fodido de merda. Que porra eu fui fazer.

Conversamos pouco, eu apenas respondia o necessário, estava ainda muito perplexo com a situação. Precisava pensar, e nós precisávamos conversar.

Luciana: Estou satisfeita. Se me derem licença vou pro meu quarto.

Humberto: Não vai esperar pela sobremesa filha?

Luciana: Não pai obrigada, mas não estou muito pra doce hoje.

- Boa noite.

Deu lhe um beijo na bochecha e sumiu pelo corredor.

Humberto: Vamos tomar uma dose de Wisky e conversar irmão?

Thiago: Fazemos isso amanhã, hoje estou muito cansado, vou subir pro meu quarto. Boa noite.

Humberto: Ok, boa noite.

Sai dali e fui rumo ao corredor dos quartos. Não sabia qual era o dela então fui abrindo as portas um a um. Achei até o quarto da minha mãe, ainda bem que ela não está em casa, porque com certeza ela perceberia que algo estava errado. Humberto me avisou no jantar que mamãe foi para um retiro de idosos, que ela já havia marcado a muito tempo e não esperava que eu fosse chegar hoje. Ela até tentou desmarcar mas não conseguiu, então ela só volta dentro de 3 semanas e meia.

Meu quarto era o mais afastado de todos e eu abri 6 portas, 2 eram o quarto do meu irmão e da minha mãe e 4 quartos de hospedes. A única porta que restou foi a ao lado da do meu quarto.

É sério que o quarto dela é ao lado do meu, porra.

Fui até a porta e nem bati, entrei direto, eu estava eufórico para conversar. Mas assim que entrei me arrependi no mesmo instante.

Lá estava ela, nua, indo tomar banho. Parando e me encarando assim que entrei em seu quarto feito doido.

Tentei me conter e não olhar pro seu corpo.

Mesmo sabendo agora quem ela é, a porra do meu corpo insiste em reagir a ela, mas que porra.

Luciana: Oque tá fazendo aqui seu doido.

Falou cobrindo o corpo com a toalha.

Thiago: A gente precisa conversar.

Luciana: Se quisesse conversar comigo teria ficado e acordado ao meu lado.

Thiago: Me perdoa por isso. Mas temos assuntos mais importantes agora.

Luciana: Tipo oque?

É sério que ela me perguntou isso?

Thiago: Tipo o fato de você ser a porra da minha sobrinha caralho.

Luciana: Você acha que não fiquei chocada também?

Thiago: Isso não podia ter acontecido, merda.

Luciana: Tá arrependido é?

Thiago: Porra, eu fui seu primeiro caralho, você tem noção do peso que isso tem? Não foi só uma tranza qualquer, foi a sua primeira tranza e a melho....

Parei no meio da frase antes que a merda toda saísse. Porra eu ia mesmo falar isso?

Luciana: A oque?

Thiago: Esquece Luciana, só esquece oque aconteceu.

Luciana: Você consegue?

Thiago: Oque?

Luciana: Esquecer.

Respirei fundo, e ponderei bastante a minha resposta. Não sabia oque dizer, tipo, agora que eu sei quem ela é eu diria que me arrependo e que vou esquecer, mas não é verdade, foi uma tranza incrível e diferente de tudo que eu já provei.

Thiago: Eu te carreguei nos braços, troquei fraldas suas, pra agora tá aqui tendo essa conversa, porra.

Luciana: Você não me respondeu tio.

Diaba.

Thiago: Não, eu não consigo esquecer. Mas deveria, porque foi a coisa mais errada que já fiz, e que não devia ter feito de forma alguma.

Luciana: Eu gelei ao te ver, não imaginava te ver nunca mais em minha vida. Mas por outro lado confesso que gostei, queria te ver uma última vez mesmo.

Ela foi se aproximando.

Luciana: Te sentir perto de mim.

Passou a mão no meu peito.

Thiago: Tá maluca Luciana? O que pensa que tá fazendo garota?

Falei enquanto segurava sua mão para afastar ela de mim.

Ela ali de toalha na minha frente se insinuando, quase fraquejei.

Thiago: Vou pro meu quarto, esfriar a cabeça.

- Sugiro que faça o mesmo.

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