Capítulo 5: O Beijo Proibido

Capítulo 5: O Beijo Proibido

A lua cheia pairava no céu, sua luz prateada iluminando os jardins do palacete da família Duval. As lanternas de papel penduradas nas árvores balançavam suavemente com a brisa, iluminando os caminhos de seixos que serpenteavam entre as fontes e os canteiros floridos. A música suave que vinha do salão ecoava até o jardim, mas ali, sob as sombras das árvores, longe das luzes e olhares indiscretos, algo mais intenso estava prestes a acontecer.

Lucian, o Conde traidor, caminhava pelos corredores sombreados do jardim com um sorriso confiante nos lábios. Ele acreditava que estava prestes a se encontrar com Anabete, sua cúmplice e amante, para um momento íntimo e secreto. Mal sabia ele que Agatha, com sua inteligência afiada, havia arquitetado uma armadilha perfeita, uma que começaria a ruir seu mundo.

A noite começou como qualquer outra grande festa da nobreza: risos, conversas sobre alianças e danças envolventes. Mas enquanto os convidados se distraíam com o brilho do salão, Agatha agia nos bastidores, orquestrando cada movimento.

Ela sabia que Lucian não resistiria à ideia de um encontro clandestino com Anabete. Ele sempre fora imprudente, confiante demais em sua posição para imaginar que poderia ser vítima de um golpe. E naquela noite, ele estava prestes a cair.

Com passos confiantes, Lucian se afastava do salão, guiado pela falsa promessa de um encontro. O som de seus passos sobre os seixos era abafado pela brisa da noite, e ele se aproximava cada vez mais de uma pequena fonte iluminada por luzes suaves. Lá, uma figura feminina esperava, sua silhueta delicada destacando-se à beira da água. O vestido de seda clara refletia o brilho da lua, e seus cabelos caíam suavemente sobre os ombros.

Lucian, convencido de que era Anabete, sorriu enquanto se aproximava, sua voz baixa e sedutora.

— Minha querida, impaciente como sempre... — disse ele, aproximando-se mais.

A mulher permaneceu em silêncio, virando-se lentamente, permitindo que a luz da lua ocultasse suas feições nas sombras. Lucian, cego pela expectativa, deixou-se guiar pelo desejo. A tensão no ar parecia aumentar a cada passo que ele dava em direção a ela, e, sem hesitar, passou os dedos levemente pela face dela, acariciando-a com um toque confiante, seguro de que dominava a situação.

Ele inclinou-se lentamente, seus lábios buscando os dela. O beijo começou de forma suave, quase inocente, como se estivesse testando o terreno. Mas rapidamente se intensificou, um reflexo da certeza arrogante de Lucian. Ele acreditava que tinha Anabete em suas mãos, e a mulher respondeu ao beijo, inicialmente com uma suavidade calculada, mas mantendo uma leve distância, o que só fez aumentar o desejo de Lucian.

Ele aprofundou o beijo, seus braços a puxando com mais força, em um gesto possessivo, enquanto seus lábios pressionavam os dela com mais urgência. Havia uma fome crescente na maneira como ele a segurava, como se estivesse saboreando cada segundo daquele momento secreto. O beijo parecia roubar-lhe o ar, sua mente completamente absorta naquele contato intenso, dominado por uma mistura de desejo e conquista.

Mas, assim como Agatha previra, esse momento de triunfo seria breve.

O som suave de passos e risadas ecoou pelo jardim, interrompendo o êxtase de Lucian. Ele parou abruptamente, mas não rápido o suficiente. Dois nobres que passeavam pelo caminho próximo pararam de repente ao ver a cena. Um deles deixou escapar um leve engasgo de surpresa, e o outro rapidamente puxou o companheiro pelo braço. Ambos estavam chocados, seus olhares fixos no beijo proibido que testemunharam.

— É Lucian... com... — balbuciou um deles, incapaz de completar a frase de tanto choque.

Os dois nobres, ainda atônitos, se afastaram rapidamente, mas não antes de trocarem olhares de espanto e descrença. A cena que haviam testemunhado estava prestes a se espalhar pela corte como fogo em pólvora. Agatha, observando de longe, escondida nas sombras, sorriu com satisfação. Seu plano havia funcionado perfeitamente.

Lucian, alheio à armadilha, recuou lentamente, um sorriso satisfeito curvando seus lábios. Ainda dominado pela sensação do beijo, ele sussurrou:

— Precisamos ser cuidadosos... Não podemos ser vistos juntos.

A mulher à sua frente não respondeu de imediato. Ela deu um pequeno passo para trás, seus olhos ocultos nas sombras, mas sua presença carregava uma aura de mistério e poder. Lucian franziu a testa, esperando por uma resposta que nunca veio.

E então, finalmente, ela falou — mas a voz não era a de Anabete. Era uma voz suave, gélida e repleta de uma satisfação cruel.

— Não se preocupe, Lucian... já foste visto.

Lucian ficou paralisado. O choque começou a tomar conta de seu corpo, sua mente se recusando a processar o que acabara de ouvir. Ele deu um passo para trás, seu coração disparando enquanto olhava mais de perto. A luz da lua finalmente revelou o suficiente da mulher à sua frente para que ele percebesse o erro fatal que cometera.

— O... o que...? — Ele balbuciou, sua voz tremendo.

Antes que ele pudesse reagir, a mulher, uma das cúmplices de Agatha, deu-lhe um último olhar de triunfo e desapareceu nas sombras do jardim. Lucian ficou ali, atordoado, seu corpo enrijecido pela compreensão tardia do desastre iminente.

No salão, os primeiros murmúrios sobre o beijo começaram a se espalhar. Cochichos discretos cresciam em intensidade, ecoando pelos corredores do palacete. Lucian, ainda em choque, tentou retornar ao salão, mas seu semblante denunciava sua perturbação. Ele tentava se recompor, mas já era tarde. O veneno de Agatha já começara a se espalhar, corroendo lentamente sua reputação.

Agatha, do outro lado do salão, observava com calma, um sorriso discreto dançando em seus lábios. O primeiro golpe havia sido desferido, e em poucas horas, Lucian seria o homem mais falado da corte — mas não por sua glória, e sim pelo beijo proibido.

Francis, que também observava de longe, aproximou-se de Agatha, seus olhos brilhando com admiração.

— Milady, isso foi... impecável. Lucian não faz ideia do que o atingiu.

Agatha ergueu sua taça de vinho, brindando silenciosamente.

— Foi apenas o primeiro movimento, Francis. Ainda temos muito mais a fazer.

E assim, o beijo que deveria ser secreto transformou-se em um escândalo que destruiria Lucian, tudo cuidadosamente orquestrado por Agatha. O conde ainda não sabia, mas sua ruína estava apenas começando.

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