Capítulo 4: Jogos de Poder no Baile

Capítulo 4: Jogos de Poder no Baile

O grande salão do Duque de Belmonte estava mais vibrante do que nunca. Lustres de cristal pendiam do teto, banhando os convidados em uma luz suave e dourada, enquanto a música dos violinos flutuava pelo ar, complementando o ambiente de suntuosidade e intriga. Todos ali sabiam que um baile nunca era apenas um baile; tratava-se de alianças forjadas em sussurros, de traições escondidas sob sorrisos, e de escândalos que poderiam explodir a qualquer momento. E naquela noite, Agatha estava decidida a plantar a semente de um novo escândalo — um que arruinaria Lucian de uma vez por todas.

Enquanto os convidados se moviam pela sala, envoltos em trajes luxuosos e máscaras intrincadamente decoradas, Agatha se destacava. Seu vestido azul-escuro contrastava perfeitamente com sua pele alva, e sua máscara adornada com plumas dava-lhe um ar de mistério perigoso. Ela passeava pelos grupos de nobres, conversando casualmente, mas com uma intenção clara por trás de cada palavra.

Em seus passos calculados, Agatha aproximou-se de Anabete, que, como sempre, estava cercada por um grupo de damas que riam e conversavam com ela como se fossem melhores amigas — uma farsa completa. Anabete, com seu vestido de seda cor de creme e sua máscara delicada que escondia o olhar de víbora, aparentava uma pureza encantadora, algo que a corte adorava. Mas Agatha conhecia a verdade.

Com um sorriso afiado e carregado de intenção, Agatha se aproximou, entrando na conversa com naturalidade. As damas ao redor de Anabete fizeram uma pequena reverência, reconhecendo a presença da marquesa, mas logo retomaram suas discussões sobre vestidos, bailes e futuros casamentos.

— Querida Anabete, como estás linda esta noite — comentou Agatha, sua voz suave, mas com um leve tom de deboche, imperceptível para as outras, exceto para Anabete.

— Oh, Agatha! Estás deslumbrante como sempre! — respondeu Anabete com um sorriso angelical, mas seus olhos revelavam uma fagulha de tensão. Ela sabia que Agatha era uma ameaça, mas não podia prever o ataque iminente.

Agatha inclinou a cabeça ligeiramente, fingindo humildade.

— Tão gentil da tua parte, minha querida. Mas, diga-me... como está Lucian? Ele parecia tão... distraído esta noite. Acredito que os negócios o estejam sobrecarregando. Ou talvez sejam outros... assuntos?

O tom inocente de Agatha escondeu a ironia cortante de suas palavras, e por um breve instante, Anabete congelou. Ela sabia que Agatha estava insinuando algo, mas não poderia revidar sem se expor. Ao redor, as damas continuavam suas conversas, alheias à tensão crescente entre as duas.

— Lucian está ótimo, sempre tão atencioso com seus deveres — respondeu Anabete, com um sorriso forçado. — Mas certamente compreendes como é difícil ser um homem de tantas responsabilidades.

— Oh, sim, sei exatamente como ele deve se sentir — disse Agatha, sua voz carregada de um sarcasmo fino. — Afinal, manter aparências deve ser bastante... desgastante.

Anabete estreitou os olhos levemente, captando a mensagem oculta, mas antes que pudesse responder, uma risada estridente de uma das damas ao lado interrompeu a conversa. Agatha aproveitou o momento para se afastar, deixando Anabete com a sensação de que, a qualquer momento, algo muito pior poderia acontecer.

Enquanto Agatha caminhava pelo salão, satisfeita com a pequena vitória que acabara de conquistar, seus pensamentos se voltaram para Lucian. Ele estava no outro extremo do salão, rindo e conversando com outros nobres, alheio à trama que Agatha estava montando para arruinar sua reputação. A marquesa sabia que, para destruir Lucian, precisava fazer com que todos acreditassem que ele já estava em declínio. E isso começaria naquela noite.

Ela se aproximou de um pequeno grupo de nobres, onde se encontrava o Conde de Montbelle, um homem conhecido por sua propensão a fofocas. Após trocar saudações educadas, Agatha começou a plantar as primeiras sementes de sua trama.

— Tenho ouvido rumores... — começou ela, em um tom confidente, como se estivesse revelando um segredo bem guardado. — Lucian tem enfrentado algumas dificuldades, não é? Tão estranho... Sempre o considerei um homem de negócios astuto. Mas as dívidas... as dívidas podem ser um peso terrível, não achas?

O Conde, sempre ávido por um bom escândalo, ergueu as sobrancelhas, claramente intrigado.

— Dívidas, dizes? Não tinha ouvido falar disso...

Agatha fingiu surpresa, levando a mão ao peito.

— Oh, mas claro, são apenas rumores. Certamente não há nada de concreto... Mas sabes como são essas coisas. Às vezes, uma pequena pedra pode iniciar uma avalanche.

O Conde sorriu maliciosamente, já saboreando a ideia de espalhar o boato entre os outros nobres. Era exatamente o que Agatha queria. Ela sabia que, uma vez que o boato começasse a circular, ele ganharia vida própria, crescendo a cada repetição. Logo, a corte começaria a questionar a estabilidade financeira de Lucian, e quando a verdade viesse à tona, seria tarde demais para ele se defender.

Satisfeita com o início do caos, Agatha deu mais alguns passos pelo salão, quando sentiu a presença familiar de Francis ao seu lado. Ele estava vestido de preto, com uma máscara discreta que apenas realçava o mistério ao seu redor. Havia uma tensão palpável entre eles desde o momento em que haviam feito o pacto. Era uma tensão que ia além da aliança, algo que pulsava silenciosamente, uma atração que ambos tentavam ignorar, mas que se tornava mais evidente a cada encontro.

— Vejo que começaste o jogo, milady — disse Francis, a voz baixa, mas carregada de uma certa admiração. — Um toque de mestre, devo dizer.

Agatha sorriu, sem olhar diretamente para ele.

— Tudo começou com sutileza, Francis. O primeiro golpe deve ser sempre suave, imperceptível. E Lucian nem ao menos sabe que já está no meio da armadilha.

— E Anabete? — perguntou ele, com um brilho de curiosidade nos olhos.

— Anabete será destruída aos poucos — respondeu Agatha, com uma frieza que fazia o coração de Francis disparar. — Ela acredita que ainda tem o controle da situação, mas não passa de uma marionete. E eu vou cortar os fios, um a um.

Francis inclinou-se ligeiramente para mais perto de Agatha, o suficiente para que o aroma sutil de seu perfume chegasse até ele. A tensão entre os dois era quase insuportável. Havia algo nos planos friamente calculados de Agatha que o fascinava profundamente. A inteligência afiada, a vingança meticulosa... Ela era diferente de qualquer outra mulher que ele já havia conhecido. E essa diferença o atraía como um ímã.

— És uma mulher perigosa, Agatha — murmurou ele, com um sorriso provocador.

Ela o olhou de soslaio, seus olhos cintilando.

— Só para aqueles que merecem — respondeu ela, sua voz baixa, mas cheia de intensidade.

Francis segurou o olhar dela por um momento, a tensão no ar aumentando. Ele sabia que havia uma linha tênue entre o jogo que jogavam e a atração que crescia entre eles. E sabia que, cedo ou tarde, essa linha seria cruzada. Mas, por enquanto, ambos mantinham o controle.

A música mudou, e o som dos violinos encheu o salão com uma nova melodia, mais lenta e sensual. Francis estendeu a mão para Agatha, seus olhos se encontrando com os dela em um convite que ia além de uma simples dança.

— Danças comigo, milady? — perguntou ele, sabendo que aquele simples convite carregava muito mais do que apenas uma dança.

Agatha hesitou por um breve instante, antes de aceitar a mão dele. Quando seus dedos se tocaram, uma onda de eletricidade percorreu seus corpos. Enquanto se moviam pela pista de dança, seus corpos próximos, mas ainda mantendo uma distância formal, o clima entre eles era quase palpável. Cada movimento era carregado de controle e desejo contido, como se estivessem à beira de algo que ambos temiam, mas ansiavam ao mesmo tempo.

Francis, apesar de sua máscara de indiferença, não podia mais negar a atração crescente que sentia por Agatha. Ela era muito mais do que uma simples marquesa em busca de vingança. Era uma mulher forte, determinada e perigosamente inteligente. E essa combinação o atraía de maneira irresistível.

— O que vais fazer quando Lucian e Anabete estiverem destruídos? — sussurrou Francis, enquanto giravam lentamente.

Agatha olhou para ele, seus olhos penetrantes.

— Ainda não decidi. Talvez, quando tudo acabar, encontre outro jogo para jogar. Ou, quem sabe, talvez termine tudo isso e desapareça da corte. — Sua voz estava calma, mas havia um misto de verdade e incerteza em suas palavras.

Francis sorriu ligeiramente.

— Eu duvido que desapareças, Agatha. Há muito de ti aqui. A corte seria um lugar muito mais tedioso sem a tua presença.

Ela riu suavemente, mas antes que pudesse responder, a música terminou, e os dois se separaram.

A noite continuou, mas Agatha e Francis sabiam que o verdadeiro jogo havia começado. Lucian e Anabete ainda não faziam ideia de que estavam prestes a ser jogados na fogueira da destruição. E enquanto os risos e os cochichos continuavam a encher o salão, Agatha, com o apoio de Francis, estava pronta para acender o pavio.

A queda deles era apenas uma questão de tempo.

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