O dia do evento na mansão chegou, e Clara sentia uma mistura de nervosismo e esperança. A atmosfera estava carregada de expectativa. Com os preparativos finalizados, a mansão parecia mais vibrante do que nunca. As flores coloridas adornavam os corredores, enquanto uma melodia suave preenchia o ar, criando um cenário acolhedor que convidava todos a entrar.
À medida que os primeiros visitantes chegavam, Clara circulava entre eles, cumprimentando amigos e vizinhos. A energia era contagiante; as pessoas conversavam animadamente, compartilhando suas próprias memórias da mansão. Cada risada e cada história parecia reforçar a importância daquele espaço.
— Clara! — Lúcia gritou, se aproximando com um sorriso radiante. — Olha quantas pessoas estão aqui! Você realmente conseguiu mobilizar a comunidade!
— É maravilhoso! — Clara sorriu, aliviada ao ver o apoio. — Espero que todos se sintam tão conectados a este lugar quanto eu.
Entretanto, enquanto observava a animação ao seu redor, um frio na barriga a acometeu ao avistar Samuel adentrar a mansão. Ele estava acompanhado por alguns de seus colaboradores, a expressão de desdém que Clara conhecia tão bem estampada no rosto. Parecia um intruso no meio da celebração, e a visão dele a fez hesitar.
— Ele não deveria estar aqui! — Lúcia murmurou, percebendo a mudança na expressão de Clara.
— Precisamos manter a calma. Ele não pode nos intimidar — Clara respondeu, tentando se recompor.
Samuel se aproximou do grupo que admirava as fotos antigas expostas na parede, exibindo seu charme habitual. Clara viu como ele falava com confiança, gesticulando e sorrindo, tentando conquistar os moradores com sua retórica persuasiva. Aquilo a incomodava profundamente.
— Olha como ele tenta se fazer de amigo — Clara comentou, seu tom carregado de desdém.
— Não se deixe afetar por isso, Clara. Você está no controle aqui — Lúcia disse, colocando a mão no ombro dela, como se tentasse transmitir força.
Clara respirou fundo e decidiu que não poderia deixá-lo roubar o foco do evento. Ela se dirigiu ao centro da sala, onde havia montado um pequeno palco para Dona Rita. Quando a mulher idosa começou a falar, as pessoas se reuniram em torno dela, atentas.
— Esta mansão é mais do que um prédio — começou Dona Rita, sua voz cheia de emoção. — É o coração desta comunidade. Aqui, muitas histórias se entrelaçam, e cada canto traz consigo memórias preciosas.
Clara observou a reação da multidão. As palavras de Dona Rita tocavam fundo nos corações presentes, e isso a encorajou. Ela estava determinada a fazer a luta valer a pena, independentemente de Samuel.
No entanto, Samuel não estava disposto a deixar a situação passar em branco. Quando a plateia começou a aplaudir, ele se levantou e, com uma voz clara, interrompeu a fala.
— Peço licença! — disse ele, seu sorriso sincero iluminando o ambiente. — É importante lembrar que o que estamos vendo aqui é uma parte do passado, e precisamos olhar para o futuro. A mansão precisa de investimento, e eu sou a pessoa certa para isso.
A sala mergulhou em silêncio, e a tensão tornou-se palpável. Clara sentiu seu estômago revirar. Como ele ousava interromper aquele momento tão especial?
— Samuel! — Clara exclamou, sua voz firme e desafiadora. — O que precisamos é preservar nossa história, não a destruir em nome do progresso. Este lugar é parte de quem somos.
— Clara, eu entendo suas intenções, mas precisamos ser realistas. O mundo está mudando, e a mansão, como está, não pode sobreviver sem adaptação — insistiu ele, sua arrogância evidente.
A discussão rapidamente tomou um rumo mais intenso. A plateia começou a se dividir, alguns ouvindo Samuel com curiosidade, enquanto outros se uniam em apoio a Clara.
— Você fala de progresso, mas a verdadeira evolução acontece quando respeitamos nosso passado! — Clara rebateu, desafiando-o. — O calor da indignação subia por seu corpo, mas também uma adrenalina a fazia se sentir viva.
Samuel deu um passo à frente, o olhar fixo nos olhos dela.
— E você acha que se opor a mim vai trazer a mudança que todos esperam? Você pode estar lutando por um ideal, mas o mundo real não funciona assim.
Clara sentiu seu coração acelerar. Havia uma intensidade no olhar dele que a desafiava, mas também a atraía. Era uma luta de vontades, e o desejo de confrontá-lo e, ao mesmo tempo, se sentir atraída por ele criava um clima elétrico.
Nesse momento, Dona Rita, percebendo a tensão crescente, decidiu intervir. Ela se aproximou com um semblante sereno, segurando a mão de Clara.
— Pessoal, vamos lembrar que este evento é uma celebração da nossa história — disse Dona Rita, sua voz suave, mas firme. — Não podemos permitir que a divisão nos afaste do que realmente importa.
A presença dela trouxe um pouco de calma à situação. Clara respirou fundo, sentindo-se grata pela sabedoria da mulher mais velha. Ela sabia que aquela batalha não era apenas sobre a mansão, mas sobre o que a comunidade significava.
Samuel, percebendo a mudança na dinâmica, forçou um sorriso.
— Claro, Dona Rita. Respeito muito suas histórias, mas precisamos também pensar no futuro. Não podemos nos apegar ao que está obsoleto.
Clara não ia deixar passar.
— Obsoleto para quem? — retorquiu, sentindo a determinação crescer. — Nossa história não é um fardo. É a base que nos sustenta.
A plateia começou a murmurar, alguns concordando com Clara, outros ainda indecisos. Era uma batalha de narrativas, e ela sabia que precisava ganhar o coração das pessoas.
— O que está em jogo aqui não é apenas uma construção, mas um legado — continuou Clara, seus olhos brilhando com paixão. — Essa mansão simboliza nossa cultura, nossas tradições. É o lugar onde nossas famílias cresceram e onde nossas memórias foram criadas.
Samuel, percebendo que a maré estava mudando, tentou recuperar o controle.
— Eu não estou negando a importância da história, Clara, mas a adaptação é inevitável. Precisamos evoluir!
— Evoluir não significa esquecer! — Clara exclamou, sua voz ecoando na sala. — Significa aprender com o passado e construir sobre ele, não demolir tudo em nome de um progresso vazio!
A multidão começou a aplaudir, e Clara sentiu uma onda de encorajamento. Samuel, agora claramente incomodado, observou com raiva a reação do público.
— Você pode ter seus apoiadores, mas o fato é que o mundo está mudando, Clara. Você pode não perceber, mas está lutando uma batalha que já foi decidida — ele retrucou, sua confiança começando a vacilar.
— E você pode achar que está certo, mas a verdade é que o coração da comunidade nunca vai aceitar a destruição do que amamos — Clara respondeu, sentindo que a batalha estava se tornando pessoal.
Nesse instante, algo mudou no olhar de Samuel. Era como se ele estivesse vendo Clara sob uma nova luz, como se a força dela o atraísse e o desafiasse ao mesmo tempo. Havia um brilho nos olhos dela que o intrigava, e ele não conseguia ignorar.
O ambiente estava eletrificado. Os moradores estavam divididos, mas a energia era palpável. Clara sabia que aquele confronto era mais do que uma disputa sobre a mansão; era uma batalha de ideais, de identidade, e, de alguma forma, também sobre a dinâmica entre ela e Samuel.
Ele se aproximou novamente, olhando fixo em Clara.
— Você é teimosa, Clara. Isso pode te levar a lugares perigosos.
— E você é arrogante, Samuel. Mas isso não me impedirá de lutar pelo que é certo — ela não se intimidou, sentindo-se mais forte do que nunca.
As palavras pairaram no ar, carregadas de tensão e emoção. Clara sabia que aquele momento marcaria a trajetória da luta pela mansão e, talvez, a conexão complexa entre ela e Samuel.
À medida que o evento prosseguia, a discussão se transformou em um diálogo mais amplo sobre identidade e patrimônio, e Clara percebeu que sua luta havia se tornado uma representação maior do que esperava. Com a comunidade ao seu lado, ela estava disposta a enfrentar qualquer desafio que pudesse surgir.
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Atualizado até capítulo 22
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Bea
Aiai
2024-10-08
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