Clara respirou fundo enquanto se preparava para o protesto na cafeteria. O aroma do café fresco se misturava ao nervosismo que a dominava. Havia dias que ela se dedicava a reunir apoio da comunidade contra a reforma que Samuel pretendia implementar na mansão da cidade. A cada convidado que entrava, sua determinação aumentava, mas a presença de Samuel a deixava inquieta. Ele sempre foi um rival astuto, e sabia como desestabilizá-la.
— Vamos lá, Clara, você consegue! — Lúcia, sua melhor amiga, sussurrou ao seu lado, segurando seu braço. O olhar de Lúcia transmitia confiança, e Clara se sentiu um pouco mais fortalecida.
— Estamos aqui para proteger o que é nosso! — Clara começou, sua voz firme ecoando pela sala lotada. O ambiente pulsava com a energia dos moradores que compartilhavam suas preocupações sobre o futuro da mansão.
Ela olhou ao redor, vendo rostos conhecidos — amigos, vizinhos e até mesmo algumas pessoas que ela nunca tinha visto, mas que estavam dispostas a lutar por sua herança. Cada um deles trazia histórias que conectavam suas vidas àquela casa, e Clara se sentiu revigorada ao perceber que não estava sozinha.
Conforme falava, os olhos de Samuel a observavam de uma esquina. Ele havia chegado sem avisar, sua presença como um peso na sala. Clara tentava ignorá-lo, mas sabia que a tensão entre eles estava prestes a se intensificar. O jeito que ele cruzava os braços, com um sorriso presunçoso no rosto, a fazia sentir que estava prestes a entrar em uma batalha.
— Clara, você realmente acha que pode parar o progresso? — Samuel interrompeu, sua voz sarcástica ressoando. Ele se aproximou, e o ambiente pareceu mudar. Os murmúrios na sala diminuíram, todos ansiosos para ouvir a troca.
— O que você chama de progresso, Samuel, é uma ameaça à nossa história e identidade! — Clara rebateu, sua frustração evidente. Sabia que precisava se manter firme diante dele.
— Uma casa velha não é uma identidade, Clara. É uma estrutura que precisa ser modernizada. As pessoas querem um lugar onde possam se reunir, e isso não vai acontecer se você ficar presa ao passado. — Samuel estava próximo, sua postura desafiadora fazendo o coração de Clara acelerar de forma confusa.
— E quem decidiu que as memórias não importam? — Clara retrucou, levantando a voz. O clima estava tenso, e a atração entre eles, embora indesejada, pairava no ar como um fio invisível. Os olhares de todos estavam fixos neles.
— Você fala de histórias como se elas fossem mais importantes do que as necessidades atuais. — Samuel cruzou os braços, seu tom desdenhoso. — Eu entendo que você ama essa mansão, mas as pessoas precisam de algo mais do que memórias.
— O que as pessoas realmente querem é preservação, Samuel. Querem que suas histórias sejam contadas, que a memória da nossa cidade continue viva. Você não vê isso? — Clara sentia o apoio da comunidade ao seu redor, seus amigos murmurando palavras de encorajamento.
Ele hesitou, e por um instante, Clara viu uma centelha de compreensão em seu olhar, mas foi rapidamente substituída pela arrogância.
— O que você tem que entender, Clara, é que a vida avança. E enquanto você está aqui se debatendo com o passado, eu estou tentando criar um futuro.
O calor daquelas palavras a atingiu como uma pancada. Clara se sentiu dividida, a luta interna entre a atração que sentia por Samuel e a raiva que sua visão representava a deixava confusa.
— Avançar? — Clara repetiu, com incredulidade. — Isso é uma forma elegante de dizer que você vai destruir tudo que as pessoas aqui amam?
A sala estava em silêncio, e os olhares de apoio se tornaram pesados. Clara percebeu que a batalha não era apenas sobre a mansão, mas sobre algo muito maior: o controle e a identidade da comunidade.
— Não é isso que eu estou tentando fazer! — Samuel se defendeu, mas sua voz estava mais impassível. — A mansão pode ser um centro comunitário, um lugar de eventos, algo que realmente beneficie todos.
— Um centro comunitário que você controla, certo? — Clara disse, seu sarcasmo evidente. — Onde você decide quem entra e quem não entra? Isso não é o que a comunidade precisa.
— Não sou eu quem decido isso — ele respondeu, levantando as mãos em rendição. — Eu estou oferecendo uma oportunidade.
— Uma oportunidade para quem, Samuel? Para você? — Clara retrucou, a raiva borbulhando. Ela sabia que a luta não era apenas sobre a mansão, mas sobre algo muito mais profundo — o que significava ser parte daquela comunidade.
Samuel deu um passo à frente, aproximando-se dela. A intensidade de seu olhar fez o coração de Clara acelerar de forma incontrolável. Havia algo ali que a atraía e a repeliria ao mesmo tempo.
— Você tem uma visão limitada, Clara — Samuel disse, sua voz agora mais baixa, quase persuasiva. — Eu vejo potencial aqui. E você está tão presa às suas emoções que não consegue perceber a grandeza que pode ser alcançada.
— Grandeza? — Clara falou com desdém. — Você acha que transformar nossa casa em uma atração turística é grandeza? Isso não é progresso, Samuel. É destruição disfarçada.
O calor de suas palavras encheu o espaço entre eles. Os murmúrios aumentaram, mas Clara só tinha olhos para Samuel. Havia um entendimento silencioso entre eles, mesmo que contraditório, que tornava tudo mais complicado.
— Eu não vou desistir — Clara declarou, olhando nos olhos dele, a determinação pulsando em sua voz. — Esta é a nossa casa, e eu lutarei por ela, não importa o que aconteça.
— Então, que comece a luta — Samuel respondeu, um sorriso desafiador nos lábios.
A sala se encheu de murmúrios novamente, desta vez de apoio a Clara. Os moradores estavam claramente do lado dela, e a energia mudou. Havia um sentimento de união, um propósito compartilhado que se manifestava em cada palavra que ela proferia.
— Vamos nos reunir novamente, — Clara continuou, agora com mais confiança. — Vamos fazer valer nossas vozes. Cada um de vocês aqui tem uma história que merece ser ouvida!
Enquanto ela falava, Clara percebeu que a luta não era apenas sobre a mansão, mas sobre a identidade da comunidade, sobre o que eles representavam juntos. Samuel, embora fosse um obstáculo, também era uma parte importante dessa dinâmica.
— Não podemos deixar que a ambição de um único homem defina o que somos! — Clara exclamou, sua voz ecoando na cafeteria. Os aplausos começaram a surgir, e a sala se iluminou com entusiasmo.
Samuel, por outro lado, observava tudo com uma expressão que misturava desdém e curiosidade. Clara podia ver que ele estava avaliando o impacto de suas palavras, e isso a deixava ainda mais determinada.
— Você acha que isso é um jogo, Samuel? — ela questionou, sentindo finalmente a força que vinha do apoio da comunidade. — Você pode ter todo o dinheiro do mundo, mas não pode comprar a história de um lugar!
— História é uma coisa, Clara, mas a realidade é outra. O que você está fazendo pode parecer nobre, mas não vai mudar que o tempo não para. — Ele respondeu, mas agora sua voz estava mais suave, quase como se ele estivesse tentando entender seu ponto de vista.
— O tempo pode não parar, mas nós temos o poder de decidir como o futuro se desenrola! — Clara desafiou, seu coração pulsando. As palavras saíam com fervor, e ela sabia que estava atingindo um ponto crucial.
Com um último olhar penetrante, Samuel virou-se e se afastou, deixando Clara à frente da multidão. Ela sabia que a batalha estava apenas começando, mas naquele momento, sentiu-se mais forte do que nunca. E enquanto a energia na sala se elevava, Clara percebeu que sua determinação não era apenas por ela mesma, mas por todos que acreditavam na importância da mansão e na preservação de suas histórias.
Enquanto os murmúrios de apoio continuavam, Clara se virou para Lúcia e Tomás, que estavam ao seu lado.
— Isso foi incrível! — Lúcia exclamou, seus olhos brilhando. — Você conseguiu captar a atenção de todos.
— Mas Samuel ainda é uma ameaça — Tomás disse, seu tom sério. — Precisamos ter um plano.
Clara assentiu, sentindo o peso das palavras dele. Ela sabia que a próxima fase da luta exigiria mais do que apenas paixão; precisaria de estratégia e união.
— Vamos fazer isso juntos — Clara declarou, olhando nos olhos de seus amigos. — Ninguém vai nos impedir.
A batalha estava apenas começando, e Clara estava determinada a lutar com todas as suas forças, não apenas pela mansão, mas por tudo que ela representava. E mesmo que Samuel fosse um adversário formidável, Clara estava pronta para enfrentar qualquer desafio que surgisse à frente.
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Sam
Concordo, para construir o novo não é necessário destruir o antigo
2024-10-09
0
Sam
Vish
2024-10-09
0
Kim
Chegou o cão
2024-10-08
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