Cap. 5

Sofia sorriu sozinha após encerrar a chamada de vídeo com os pais. Embora tivesse falado em tom de brincadeira, o encontro com Guilherme naquele dia não saía da sua mente. Ele realmente parecia uma muralha de gelo, tão sério e fechado, mas ao mesmo tempo, algo no olhar dele indicava que havia mais por trás daquela fachada inabalável.

_ Será? Se perguntou indo para a cozinha.

Enquanto tomava um chá, sua mente voltou ao hospital. O grupo de voluntários havia feito um excelente trabalho com as crianças, e isso aquecia seu coração. Mas Guilherme, o médico sério e focado, que não conseguia esboçar um sorriso, a desafiava. Havia algo nele, algo que ela ainda não conseguia decifrar, e isso a deixava intrigada.

Sofia se deitou no sofá, lembrando do momento em que segurou o nariz de palhaço e tentou colocá-lo em Guilherme. Ele a segurou pelo pulso, sem usar força, e ela notou o calor da mão dele, apesar do olhar frio. Havia uma tensão ali, algo que ela não esperava sentir em uma simples interação. Ela fechou os olhos, rindo de si mesma.

_Você realmente não tem jeito, Sofia... tentando fazer um iceberg derrete... Falou para si mesma enquanto tentava pensar em outra coisa.

Enquanto isso, Guilherme finalmente estava saindo do hospital. Mas, naquele inicio de noite, a imagem de Sofia, com sua personalidade colorida e provocadora, continuava a invadir seus pensamentos. Ele sempre se orgulhou de manter o foco em seu trabalho, mas algo nela havia mexido com ele.

Guilherme estava irritado, não com Sofia em si, mas com o que ela o fez sentir. A ideia de ser chamado de “frio e sem coração” não deveria tê-lo afetado tanto. Afinal, ele estava prestes a se tornar um neurocirurgião. Sua prioridade era salvar vidas, e ele fazia isso com maestria. Não tinha tempo para brincadeiras e sorrisos forçados. Mas, de alguma forma, a presença de Sofia parecia desafiá-lo a reconsiderar sua maneira de enxergar o que fazia.

_Besteira... Resmungou, balançando a cabeça negativamente. Ao mesmo tempo, ele sabia que havia algo de verdadeiro naquela provocação. Talvez, em algum nível, ele soubesse que estava se fechando demais, isolando-se do que não podia controlar. E pessoas como Sofia o faziam sentir que o controle que tanto prezava não era absoluto.

Com um suspiro profundo, ele decidiu que precisava descansar a mente.  Ele participaria da equipe de cirurgia, e haveria uma cirurgia complexas no dia seguinte, e ele não podia se distrair. Parado no sinal, ele fechou os olhos por um instante, e uma imagem surgiu em sua mente: Sofia, com aquele nariz de palhaço, olhando para ele de forma desafiadora.

_ Aqueles olhos... so me faltava essa. Disse seguindo para o apartamento do irmão.

Guilherme entrou no apartamento de Caio, jogando a mochila em um canto. Ele estava claramente exausto, e Caio, que já estava à vontade no sofá, percebeu a expressão pesada do irmão.

_ Pensei que você ia dormir no hospital hoje. Brincou Caio, observando Guilherme com um sorriso provocador.

_ Quase isso. Tive que ficar até mais tarde, temos uma cirurgia importante amanha. Disse Guilherme, sentando-se no sofá e passando as mãos pelo rosto, tentando aliviar o cansaço.

Caio arqueou as sobrancelhas, notando a irritação no irmão.

_ Que cara é essa? Parece que alguém te tirou do sério hoje.

Guilherme balançou a cabeça, lembrando do que havia acontecido mais cedo no hospital. As memórias da mulher vestida de princesa com o rosto pintado de cores vivas e a forma como ela o provocou começaram a voltar, e ele sentiu a irritação aumentar novamente.

_ Uma pessoa... Começou ele, o tom carregado de frustração. _ Ela encheu minha paciência hoje... Tinha um grupo de voluntários no hospital, vestidos de personagens infantis fazendo brincadeiras com as crianças que estão internada. eentre eles tinha uma mulher… Ela estava vestida de princesa e com o rosto pintado... Ela teve coragem de me chamar de frio e sem coração, e ainda tentou colocar um nariz de palhaço em mim, acredita?

Caio começou a rir, sem conseguir conter a diversão ao imaginar a cena.

_ Espera, você está falando sério? Um nariz de palhaço? Ah, eu queria ter visto isso! Caio gargalhou, claramente se divertindo com a situação.

_ Isso não é engraçado, Caio. Guilherme cruzando os braços, visivelmente incomodado. _ Ela me chamou de médico frio e sem coração, você escutou o que eu disse?  Achei que ela  estava lá para alegrar as crianças, mas passou o tempo inteiro tentando me provocar.

Caio, ainda rindo, se ajeitou no sofá e olhou para Guilherme com curiosidade.

_ Talvez ela tenha te provocado porque sentiu que precisava quebrar todo o gelo que tem em você. Disse Caio apontando para o irmão, tentando entender a situação. _ E aí, o que você fez?

_ Nada! Apenas disse a ela que estava lá para salvar vidas, não para brincar.

Caio balançou a cabeça, ainda sorrindo, mas com uma expressão mais séria.

_ Guilherme, às vezes você realmente é meio fechado. Não que isso seja ruim, mas as vezes um sorriso pode fazer diferença, principalmente para as criancas.

Guilherme olhou para o irmão, considerando as palavras dele. Mesmo não querendo admitir, o que Sofia disse e fez naquele dia estava mexendo com ele. Ele sabia que sua vida girava em torno do trabalho, mas agora começava a se questionar se estava se fechando demais, a ponto de perder pequenas oportunidades de conexão com as pessoas ao redor.

_ Talvez...  Guilherme disse mais para si mesmo do que para Caio.

Caio deu um tapinha nas costas de Guilherme, ainda rindo.

_ Quem sabe na próxima vez você não entra no clima e coloca o nariz de palhaço, hein? Vai que combina com você.

Guilherme deu um leve sorriso, algo raro de ver, e balançou a cabeça.

_ Isso nunca vai acontecer, Caio. Pode esquecer.

_ Veremos! Provocou Caio, enquanto pegava o controle remoto para procurar algo na TV.

_ E você, como foi o seu primeiro  dia no trabalho? Guilherme perguntou, mudando de assunto.

Caio deu uma risadinha ao lembrar do ocorrido mais cedo.

_ Tirando o encontro com o Kaka, o meu sia foi tranquilo.

_ Kaka? Quem é esse tal de Kaka? Guilherme perguntou, franzindo a testa.

Caio riu mais alto, já esperando que o irmão não fosse entender.

_ Kaka é um cachorro, um Golden Retriever enorme que quase me derrubou na entrada do edifício onde trabalho.

Guilherme olhou para Caio, surpreso.

_ Um cachorro ?  Ele tentou segurar o riso, mas não conseguiu. _ E você estava rindo do meu dia?

Caio deu de ombros, rindo junto com Guilherme.

_ É, foi um jeito inusitado de começar o primeiro dia na empresa. Mas olha, o cachorro é simpático, a dona não sei. Ela deixou ele solto e  ele me sujou todo, e o pior é que eu não vi. Foi o meu chefe que mostrou, e eu tive que voltar em casa para me trocar. Contou fazendo Guilherme rir.

_ Para aprender a ser mais esperto.

_ Sei… Se eu ver a dona dele, vou faze-la pagar pela minhas roupas.

_ Deixa de ser mesquinho, o seu guarda roupas está lotado de roupa novas.

_ Mas ele estragou a minha camisa favorita, o cachorro comeu um dos botões. Caio disse, exagerando um pouco.

_ Pelo menos foi o cachorro e não a dona. Guilherme provocou, se levantando. _ O que você fez para o jantar.

_ Eu nao sei cozinhar, esqueceu? Posso pedir algo para nós, se quiser.

_ Está bem, vou tomar banho, estou morrendo de fome. Guilherme foi em direção ao quarto, precisa de um banho quente e descansar.

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Comments

Leidiane Lopes

Leidiane Lopes

Guilherme vc não vai só colocar o nariz de 🤡 como vai todo de 🤡😂😂

2025-03-24

0

Maria Aparecida Nascimento

Maria Aparecida Nascimento

Os dois estarão com os quatros pneus arriados pelas meninas

2025-02-17

1

Eliene Lopes

Eliene Lopes

como Guilherme um homem sem alegria desse ainda fica com os sobrinhos? logo os sobrinhos dele que são crianças adoráveis esses sobrinhos deveriam querer distancia do mau humor dele isso sim

2025-01-22

1

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