Capítulo 3 – O Herdeiro da Promessa
O livro em mãos de Erick era pesado, mais do que o couro e o papel explicariam. Cada página rangia como se chorasse memórias de séculos esquecidos. As letras estavam escritas em uma mistura de latim e uma língua que Agnes não reconhecia.
Ela se aproximou, lendo as palavras junto dele.
— "Ecclesia Silens Benedicti… Ordem Silenciosa de Bento." — murmurou.
— Ordem? Isso é alguma seita?
— Parece uma ordem cristã que foi silenciada pela própria Igreja. Provavelmente por lidar com o que eles chamavam de “heresia santa”. Usavam símbolos proibidos… e acreditavam que alguns homens podiam falar diretamente com os anjos, sem precisar de padres ou templos.
Erick virou a página. Um desenho chamava atenção: era o rosto do avô dele — mais jovem, vestindo um manto branco com uma cruz negra no peito e uma espada fincada no chão, rodeado por outros com vestes similares.
— Isso é impossível — sussurrou Erick. — Meu avô era um velho pacífico... nunca pegou em armas. Isso deve ser alguém parecido.
— Não. Olha o nome: Benedictus Ervaldi. É ele.
— Então... ele era um membro dessa ordem?
— Mais do que isso. Talvez ele fosse o último.
Agnes se afastou, preocupada. A presença naquela caverna começava a ficar opressiva. O ar parecia pesar. De repente, a tocha apagou sozinha. O breu tomou conta.
Erick sentiu algo gelado encostar em sua nuca.
— Benedictus… o tempo chegou. — disse a voz, agora firme, masculina, como um eco antigo.
A chama se reacendeu sozinha. E diante deles, no fundo da câmara, um homem surgiu. Vestia a mesma túnica branca do livro, o rosto coberto por um capuz. Mas a luz da tocha não o tocava. Ele parecia existir entre este mundo e outro.
— Quem é você? — gritou Agnes, puxando a adaga.
— Sou Dominus Elion, cavaleiro da Ordem Silenciosa. Guardião da profecia.
Erick ficou imóvel.
— Meu avô me disse que meu nome foi inspirado em São Bento… mas agora isso faz sentido. Meu avô me chamava de "promessa". Era isso?
— Sim, garoto — disse o espírito. — Você é o último descendente da linhagem sagrada. E com sua vinda, os selos começam a cair. O Inimigo já sabe quem você é.
Erick sentiu a respiração falhar.
— Eu não quero isso. Eu só queria respostas. Por que eu?
— Porque a fé verdadeira não escolhe os fortes. Ela escolhe os dispostos.
Agnes segurou a mão de Erick.
— Estamos com você. Seja o que for.
Dominus apontou para o altar de pedra. Um brilho surgiu, revelando um manto branco, idêntico ao dos cavaleiros da pintura. Ao lado, uma espada antiga envolta em couro e ouro apagado.
— O tempo da escuridão chegou. Mas também, o tempo de erguer-se.
Erick tocou o manto. E no mesmo instante, sentiu o sangue ferver — como se a memória de todos os que vieram antes dele pulsasse por suas veias.
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Atualizado até capítulo 33
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