Capítulo 4

Perspectiva de Richard Steele

Minha cabeça estava a mil. O contrato asiático estava prestes a ruir, e se isso acontecesse, seria um golpe catastrófico para a Steele Enterprises. Havia dias em que o peso de tudo isso parecia insuportável, mas eu não cheguei onde estou ao deixar o medo ditar minhas ações. Tomei uma decisão: resolver esse problema era prioridade absoluta. E, ao mesmo tempo, eu precisava descobrir como Emma conseguia me desequilibrar dessa maneira.

Dei ordens rápidas à equipe jurídica para revisar cada detalhe do contrato, tentando encontrar uma brecha, algo que nos permitisse recuperar a vantagem. O telefone tocava sem parar. Acionistas preocupados, advogados correndo contra o tempo, meus diretores querendo atualizações a cada minuto. Eu sabia que a pressão estava escalando.

Ainda assim, no meio desse caos, meus pensamentos retornavam a Emma. Ela era como uma distração constante, uma força inabalável que me tirava o foco de onde deveria estar. Mas havia algo mais. Não era só desejo — era o mistério de não poder decifrá-la, a frustração de não poder controlá-la. Eu estava acostumado a ser o dono da situação, mas com Emma, era diferente.

“Senhor Steele, precisaremos de sua assinatura no adendo de revisão do contrato com a empresa asiática,” disse Jason, meu assistente, interrompendo meus pensamentos. Peguei os documentos sem pensar, assinei-os rapidamente e os devolvi. Eu sabia que, se não agisse rápido, a Steele Enterprises poderia perder mais do que apenas um contrato. Poderíamos perder nossa reputação, e isso seria fatal.

Quando finalmente consegui algum tempo para mim, no fim do dia, decidi confrontar a questão que vinha me incomodando: Emma. Ela não podia continuar sendo uma distração, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que não podia simplesmente ignorar o que estava acontecendo entre nós. Aquilo não era apenas uma simples obsessão de conquista; era algo mais profundo.

Peguei o telefone e digitei a mensagem: *Precisamos conversar. Passe no meu escritório quando puder.* Não fui muito específico, porque queria ver como ela reagiria. Parte de mim sabia que essa conversa iria acontecer mais cedo ou mais tarde, e, no fundo, eu estava ansioso para ver como ela enfrentaria essa situação.

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Perspectiva de Emma Hart

Quando recebi a mensagem de Richard, não foi uma surpresa. Era apenas uma questão de tempo até ele tentar me abordar de maneira mais direta. No entanto, o momento não podia ser pior. O escritório estava um caos absoluto com o contrato asiático em risco, e todas as equipes estavam sob pressão máxima. Era evidente que a empresa estava à beira de uma grande crise, e eu precisava estar concentrada.

A mensagem de Richard, no entanto, me tirou do eixo. Eu sabia que esse “precisamos conversar” significava muito mais do que ele estava dizendo. Ele estava testando meus limites, empurrando para ver até onde poderia ir antes que eu recuasse. Mas ele ainda não entendia que eu não estava jogando o mesmo jogo que ele.

Fiquei encarando o telefone por alguns minutos, ponderando minha resposta. Eu poderia ignorar a mensagem, o que seria o mais sensato, dadas as circunstâncias. Mas também sabia que, eventualmente, teria que confrontá-lo. Não era apenas uma questão de manter as coisas profissionais; eu precisava deixar claro que ele não iria controlar o meu caminho aqui.

Decidi ir até o escritório dele. Não podia adiar isso para sempre, e quanto mais rápido resolvêssemos essa situação, melhor para mim. Caminhei pelos corredores em direção à sala de Richard, e a atmosfera no escritório estava pesada. O estresse das últimas semanas estava começando a pesar sobre todos, e eu me perguntava como a empresa aguentaria se o contrato fracassasse.

Bati na porta suavemente antes de entrar. Richard estava à mesa, com o olhar fixo em alguns papéis, mas ele levantou os olhos assim que percebeu minha presença. Ele parecia exausto, mais do que de costume. O peso das crises estava claro em seu rosto, mas o que me surpreendeu foi o leve alívio que ele pareceu sentir ao me ver.

“Emma, obrigado por vir,” ele disse, apontando para a cadeira à frente de sua mesa. Sentei-me, mantendo a mesma postura profissional de sempre, enquanto ele continuava. “Precisamos falar sobre... o que está acontecendo.”

Eu me preparei mentalmente para o que viria. Era previsível que ele quisesse transformar isso em uma discussão pessoal, mas eu não estava disposta a ceder. “Eu concordo, Richard. Precisamos manter as coisas claras e profissionais.”

Ele me olhou por um momento, talvez tentando decifrar a minha reação. “Claras e profissionais,” ele repetiu, com um sorriso ligeiramente forçado. “Sim, claro. Mas não podemos negar que algo está acontecendo entre nós. Isso está interferindo em nossas interações, e acho que precisamos ser honestos.”

Essa era a jogada dele, finalmente colocando todas as cartas na mesa. O problema era que ele acreditava que eu estava no mesmo jogo. “Richard, eu entendo que você possa sentir isso, mas para mim, nada mudou. Meu foco aqui é o trabalho, e só o trabalho. O que você está sugerindo... não vai acontecer.”

Ele franziu o cenho, claramente incomodado com a minha resposta. Não era algo que ele ouvia com frequência. “Você não acha que há algo aqui, Emma? Algo que vale a pena explorar?”

Minha paciência estava se esgotando. Eu respirei fundo, mantendo a compostura. “Richard, eu respeito você como CEO e como líder desta empresa. Mas se continuarmos nesse caminho, vai complicar tudo. Não quero ser vista como alguém que está aqui por razões pessoais. Meu trabalho é minha prioridade, e não há espaço para outra coisa.”

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, claramente absorvendo o que eu disse. Finalmente, ele assentiu, mas o olhar em seus olhos me dizia que essa conversa não estava terminada. Talvez ele tivesse aceitado, por ora, mas eu sabia que esse assunto voltaria a surgir. Richard Steele não era o tipo de homem que desistia facilmente.

Eu me levantei e me preparei para sair. “Espero que isso tenha esclarecido as coisas,” eu disse, tentando manter o tom amigável, mas firme. Ele acenou com a cabeça, mas não disse mais nada. Enquanto eu saía da sala, sabia que algo tinha mudado. Talvez não fosse o fim, mas essa era a primeira vitória que eu precisava.

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