Perspectiva de Richard Steele
O café com Emma foi diferente do que eu esperava. Eu estava acostumado a diálogos que, no fundo, giravam em torno de quem eu era — o CEO, o magnata, o homem poderoso que todos queriam agradar. Mas, com ela, as conversas pareciam ser sobre outra coisa. Havia uma barreira ali, e não era apenas a resistência habitual que encontrei em outras mulheres. Ela não era inacessível por causa de algum capricho; era mais profundo que isso.
Algo na sua postura me desafiava de um jeito que eu não estava preparado. Era irritante, no mínimo, mas ao mesmo tempo instigante. Eu sabia que, se fosse qualquer outra pessoa, eu já teria perdido o interesse. Com Emma, porém, essa indiferença era como uma chama que só fazia crescer.
Ela não se deixou levar por minhas palavras ou pelos cenários que criei. O escritório de milhões de dólares, o café caro, as sugestões sutis de que, fora dali, eu poderia lhe oferecer um mundo de privilégios... Nada parecia importar para ela.
Eu a observei atentamente durante aquela conversa, tentando decifrar cada movimento, cada olhar. Ela tinha uma calma inquietante, uma autossuficiência que eu raramente via em alguém que estivesse tão perto do meu poder. E talvez fosse isso que me incomodava: a ideia de que eu não poderia controlá-la, de que, pela primeira vez, poderia ter encontrado alguém que não estava à venda.
“Talvez eu tenha me enganado sobre você,” eu disse, já perto do fim da nossa conversa. Ela ergueu uma sobrancelha, uma leve surpresa em seus olhos.
“Por que diz isso?” ela perguntou, sua voz suave, mas firme.
“Porque você é diferente. Não consigo te enquadrar em nenhuma das categorias que normalmente faço.” Minha voz soava mais reflexiva do que eu pretendia. Normalmente, eu seria mais frio, mais calculista. Mas havia algo em Emma que me fazia baixar a guarda, mesmo que só por um instante.
Ela sorriu, mas foi um sorriso controlado, quase como se soubesse exatamente o que eu estava tentando fazer. “Talvez porque eu não seja uma categoria a ser enquadrada.”
A resposta foi direta, e eu tive que rir, mesmo que de forma contida. Ela sabia como jogar o jogo, e isso só aumentava minha vontade de vencer. Mas vencer o quê? Essa era a parte confusa. Eu queria conquistá-la, claro, mas havia algo mais. Algo que ainda não conseguia colocar em palavras.
No entanto, eu sabia que essa obsessão por Emma poderia começar a interferir nos meus outros objetivos. Steele Enterprises não estava em sua melhor fase. Eu estava lidando com uma série de problemas internos — desde questões com acionistas, até uma possível falha em um contrato vital com uma grande empresa asiática. Esses eram os problemas reais que eu deveria estar resolvendo, mas, de alguma forma, Emma se infiltrou na minha mente, desviando meu foco. Isso nunca aconteceu antes. Nunca.
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Perspectiva de Emma Hart
Quando aceitei a proposta para o café, sabia que Richard tinha uma agenda oculta. Ele não é o tipo de homem que faz algo sem um objetivo claro. O problema é que eu não sou a pessoa que ele está acostumado a lidar. Eu sabia disso desde o início, e essa é minha vantagem.
No entanto, o café foi uma experiência desconcertante. A maneira como Richard falou comigo, o jeito como ele me olhou, tudo parecia ser um jogo para ele, mas ao mesmo tempo, havia algo que eu não conseguia identificar. Será que ele estava tentando me manipular como fazia com todos os outros, ou havia algo genuíno em suas palavras?
Fosse o que fosse, eu precisava manter meu foco. Trabalhar na Steele Enterprises já era um desafio em si. O ambiente era altamente competitivo, e havia muitas pessoas prontas para me ver falhar. Eu tinha ouvido os rumores de que Richard estava lidando com problemas maiores na empresa, e, sinceramente, isso não me surpreendia. Ele pode ser brilhante em muitos aspectos, mas sua autoconfiança exagerada sempre me pareceu uma faca de dois gumes.
Eu não estava aqui para ser mais uma de suas conquistas ou para me perder nesse jogo de poder que ele gostava de jogar. Eu vim para trabalhar, crescer e, eventualmente, seguir em frente para algo maior. Essa empresa era apenas uma etapa. O que Richard não percebia é que eu tinha meus próprios planos, e nenhum deles envolvia ser parte do seu círculo de mulheres fáceis.
Claro, ele estava começando a ser um problema. Um CEO obcecado por você não é o tipo de coisa que facilita seu trabalho, mas eu sabia que poderia lidar com isso. Já lidei com homens assim antes, e eles sempre têm um ponto fraco. Richard era poderoso, mas isso não o tornava imune a falhas.
O desafio real era manter as coisas sob controle enquanto ele tentava me seduzir. O que Richard não sabia — ou talvez não quisesse admitir — é que ele estava lidando com alguém que não tinha absolutamente nenhum interesse em ser moldada por ele. Se ele queria um jogo, eu jogaria, mas com as minhas próprias regras.
Quando voltei para minha mesa, as coisas no escritório estavam ainda mais caóticas do que de costume. Eu ouvi murmúrios sobre o contrato asiático e como ele estava prestes a desmoronar. Se isso acontecesse, Steele Enterprises sofreria um golpe severo. Era o tipo de crise que faria qualquer CEO perder o sono, mas Richard parecia mais interessado em me decifrar do que em resolver os problemas reais da empresa.
E isso era perigoso. Para ele, para a empresa, e para mim.
Eu sabia que, eventualmente, teria que tomar uma decisão sobre como lidar com Richard. Ele poderia se tornar um obstáculo no meu crescimento profissional, e eu não tinha chegado tão longe para ser derrubada por um jogo de poder e sedução. Eu teria que jogar com cuidado, mas sempre lembrando que, no final, o verdadeiro poder não estava em quem controlava a riqueza. Estava em quem controlava as decisões.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Anatalice Rodrigues
Estou gostando muito dessa história. Interessante
2024-09-17
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