Aurora Menezes não conseguia tirar Matt Hernandez da cabeça. Mesmo depois da festa, seus pensamentos continuavam girando em torno daquele sorriso arrogante, do jeito como ele a olhara, como se pudesse ver além de todas as suas máscaras. A sensação era nova, excitante, e ao mesmo tempo desconfortável. Pela primeira vez em sua vida, Aurora estava atraída por algo que não podia controlar, por alguém que não fazia parte do seu mundo brilhante e perfeito.
Ela balançou a cabeça, tentando se concentrar. Estava sentada na varanda do quarto, a brisa leve brincando com os fios de seu cabelo loiro. O amanhecer pintava o céu com tons de rosa e laranja, mas Aurora mal notava a beleza ao seu redor. Seu celular vibrava sobre a mesa, notificações de mensagens, chamadas perdidas, todas ignoradas. A única coisa que importava agora era a sensação avassaladora de que, de alguma forma, sua vida estava prestes a mudar.
Enquanto isso, Matt Hernandez estava em um local completamente diferente. O subúrbio sujo e sombrio onde ele vivia contrastava fortemente com o mundo de luxo de Aurora. As ruas eram estreitas, as casas simples e desgastadas, mas Matt se sentia em casa ali. O perigo e a violência eram constantes companheiros, mas ele sabia como navegar por aquele mundo. Ele tinha sobrevivido à base de sua inteligência afiada e de sua habilidade de manipular situações a seu favor.
Matt estava no bar de sempre, o “Inferno”, um lugar que parecia refletir sua própria natureza: escuro, cheio de segredos, e perigosamente viciante. Ele estava encostado no balcão, observando os frequentadores do local com uma calma que não combinava com o caos ao seu redor.
— Você está perdido em pensamentos, cara. — A voz de Pedro, seu amigo de longa data, o trouxe de volta à realidade.
— Só pensando em negócios, — Matt respondeu, seu tom casual, mas seus olhos estreitos.
Pedro soltou uma risada curta.
— Sei. Negócios com cabelos loiros e olhos penetrantes, talvez?
Matt deu um gole na bebida, ignorando o comentário. Pedro sempre tinha o dom de irritá-lo, mas naquela noite ele não se importava. Aurora Menezes havia mexido com ele de uma maneira que ele não esperava. Havia algo naqueles olhos desafiadores que o deixava inquieto, como se ela fosse um enigma que ele precisava decifrar.
— Aquela garota não é para o seu tipo, Matt. Ela é alta sociedade, intocável. Você sabe disso, não sabe? — Pedro continuou, tentando, sem sucesso, dissuadi-lo.
— Talvez seja isso que a torne mais interessante, — Matt murmurou, com um sorriso malicioso surgindo no canto dos lábios.
Pedro balançou a cabeça, resignado.
— Você sabe o que está fazendo, eu só espero que não esteja subestimando o quão diferente o mundo dela é do nosso.
Matt sabia muito bem das diferenças. Ele havia crescido nas ruas, sobrevivido de forma que Aurora nunca precisaria entender. Ela era inocente em muitos sentidos, mas isso não significava que ele ia recuar. Se algo, a ideia de tocá-la e destruir aquela bolha perfeita em que ela vivia o atraía ainda mais.
Do outro lado da cidade, Aurora tentou se concentrar na sua rotina habitual, tentando ignorar o turbilhão de pensamentos que Matt havia desencadeado. Mas o som de uma mensagem chegando ao seu celular a fez parar. Ela o pegou, esperando que fosse Marcela ou alguém do seu círculo social. Mas ao abrir a tela, seu coração disparou.
Número desconhecido: "Espero que você tenha aproveitado a festa. Mas acho que nos divertimos mais na varanda. — M."
Aurora piscou, incrédula. Matt. Como ele conseguira seu número? E mais importante, por que ele estava entrando em contato?
Ela pensou em ignorar, mas a curiosidade era forte demais. Antes que pudesse se impedir, seus dedos já estavam digitando uma resposta.
Aurora: "Como conseguiu meu número?"
A resposta veio quase instantaneamente.
Matt: "Digamos que sou bom em descobrir o que quero."
Aurora sentiu uma onda de excitação percorrer seu corpo. Havia algo profundamente perigoso naquilo, mas ela não conseguia se afastar. Era como se, pela primeira vez, ela estivesse tocando algo real, algo que não era moldado pelas expectativas de sua família ou da sociedade em que vivia.
Ela respirou fundo, tentando manter o controle.
Aurora: "Talvez você devesse ter mais cuidado com o que deseja."
O silêncio do outro lado durou mais do que ela esperava. Aurora olhou para a tela, sentindo a antecipação crescer. Quando finalmente a resposta chegou, suas mãos tremeram levemente ao ler.
Matt: "Eu sempre sou cuidadoso, princesa. A questão é se você está pronta para o que vem depois."
Aurora fechou os olhos, tentando entender o que estava fazendo. Ela sabia que Matt era perigoso, que ele representava tudo o que ela sempre foi ensinada a evitar. Mas, ao mesmo tempo, ele era exatamente o tipo de caos que ela desejava em sua vida perfeita e tediosa.
De repente, seu celular tocou. Aurora quase o deixou cair, seu coração disparando ao ver o nome de seu pai na tela. Ela respirou fundo antes de atender.
— Pai, oi.
— Aurora, onde você está? — A voz grave de seu pai parecia carregada de impaciência.
— Estou em casa. Por quê?
— Precisamos conversar. Tenho algumas questões sobre o evento de caridade da próxima semana. Você sabe que sua presença é essencial.
Aurora suspirou. Mais um compromisso que ela não tinha interesse em participar. Mas, como sempre, não tinha escolha. Era o esperado dela. Era sua função.
— Claro, pai. Podemos falar sobre isso depois do jantar?
— Ótimo. Espero que esteja pronta para contribuir de maneira significativa este ano, Aurora. Esse evento é importante para nossa família.
Ela concordou, murmurando uma despedida antes de desligar. Seus ombros caíram em derrota. A realidade sempre voltava para puxá-la de volta, lembrando-a de seu papel na sociedade.
Mas então, o celular vibrando novamente trouxe um sorriso aos seus lábios. Ela olhou a mensagem.
Matt: "Você está pronta para entrar no meu mundo, Aurora?"
E naquele momento, algo dentro dela, uma voz suave mas persistente, lhe disse que talvez ela estivesse pronta. Talvez, pela primeira vez, fosse hora de quebrar as regras.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Daniela Gregorio
história muito boa
2024-09-12
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