Prólogo

A música alta vibrava no ambiente, misturando-se às risadas e conversas abafadas pelas paredes de mármore do luxuoso clube privado. Aurora Menezes estava sentada em um dos sofás de couro branco, seus olhos passeando pela multidão enquanto tentava ignorar a sensação de sufocamento que a vida de festas e aparências sempre lhe causava. Ela havia nascido para estar ali — era o que todos lhe diziam. Mas, naquela noite, Aurora sentia que algo estava errado. Um desconforto crescente se aglomerava em seu peito, uma sensação que ela não conseguia nomear, mas que a fazia querer fugir.

— Está tudo bem, querida? — sua amiga Marcela perguntou, cutucando-a com um sorriso malicioso nos lábios perfeitamente pintados de vermelho. — Parece distante.

Aurora forçou um sorriso, mas não respondeu. Seus olhos se fixaram na porta de entrada, onde um homem acabara de entrar. Ele não parecia pertencer àquele lugar. Na verdade, ele parecia ser o tipo de homem que seria expulso antes mesmo de passar pelos seguranças. Alto, ombros largos, cabelos negros bagunçados. As tatuagens espreitavam sob a gola de sua jaqueta de couro, como serpentes prontas para atacar. Havia algo nele que gritava perigo, algo que deveria tê-la feito desviar o olhar. Mas, em vez disso, ela se viu presa, incapaz de olhar para outro lugar.

E foi então que ele a viu.

Matt Hernandez cruzou o salão como se fosse dono do lugar. As pessoas se afastavam de seu caminho sem que ele precisasse pedir. Havia uma aura de comando em cada movimento, uma confiança que parecia quase animal. Ele estava ali por um motivo, e festas de luxo definitivamente não eram seu estilo. Ele não estava à caça de mulheres ricas ou do brilho da alta sociedade. Matt estava ali para resolver um negócio, algo que o submundo exigia que ele fizesse pessoalmente. Mas, assim que seus olhos encontraram os de Aurora Menezes, algo em sua mente estalou.

Ela não era como as outras que ele tinha visto naquela noite. Mesmo à distância, ele podia ver que havia algo nos olhos dela que gritava rebeldia, algo que o atraía como o canto de uma sereia. Ele tentou ignorá-la, mas não conseguia. Aquela garota de vestido caro e maquiagem impecável olhava para ele como se o desafiasse. E ele não recusava desafios.

— Quem é ele? — Aurora sussurrou para Marcela, tentando disfarçar a súbita aceleração de seu coração.

— Não faço ideia, mas definitivamente ele não devia estar aqui. — Marcela riu, mas havia um tom de desconforto em sua voz. — Fique longe desse tipo, Aurora. Confie em mim, você não quer se meter com caras assim.

Aurora sabia que devia ouvir o conselho de sua amiga, mas algo em seu corpo parecia movê-la na direção oposta. Contra o bom senso, ela se levantou, sentindo um impulso irresistível de se aproximar daquele homem que exalava perigo. Seu coração batia mais rápido, e ela não conseguia entender o porquê. Não fazia sentido, e talvez fosse exatamente isso que a intrigava.

Matt percebeu quando ela começou a andar em sua direção. Seus olhos predadores acompanharam cada passo dela, estudando-a. Ela era exatamente o tipo de garota com quem ele jamais deveria se envolver. Rica, mimada, provavelmente acostumada a ter tudo o que queria. Mas, ao mesmo tempo, ele sentia que havia mais ali do que o que os olhos captavam. Ele viu determinação na forma como ela caminhava, mesmo que claramente não soubesse o que estava fazendo.

Quando Aurora finalmente parou a poucos centímetros de distância dele, um sorriso contido tocou os lábios de Matt. Seus olhos escuros a devoraram, e ele se inclinou ligeiramente para mais perto, como se estivesse esperando para ver o que ela faria.

— Você não parece alguém que pertence a este lugar, — Aurora disse, a voz firme apesar do nervosismo que percorria seu corpo.

Matt ergueu uma sobrancelha, surpreso pela audácia dela. Ele sorriu, um sorriso torto, carregado de uma ameaça silenciosa.

— E você parece alguém que definitivamente não deveria estar falando comigo, — ele respondeu, sua voz baixa e rouca.

Aurora sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas não recuou. Ela não sabia de onde vinha aquela coragem repentina, mas algo dentro dela a empurrava para a frente.

— Talvez eu goste de desafios, — ela murmurou, cruzando os braços, tentando se manter firme.

Matt soltou uma risada curta, escura, como se estivesse se divertindo com a bravata dela. Ele deu um passo à frente, invadindo o espaço pessoal de Aurora, tão perto que ela pôde sentir o calor que emanava de seu corpo.

— E eu gosto de garotas que sabem quando estão brincando com fogo, — ele murmurou contra o ouvido dela, sua voz como uma carícia perigosa.

Aurora sentiu o calor subir pelo seu corpo, sua respiração se tornando irregular. Ela deveria sair dali. Correr. Mas, em vez disso, ela encontrou-se mais perto de Matt do que jamais deveria estar.

— E o que acontece quando o fogo queima? — ela perguntou, encarando-o de frente, recusando-se a mostrar medo.

Matt a olhou por um longo momento, seus olhos brilhando com uma mistura de curiosidade e algo mais profundo, mais sombrio.

— Depende, — ele sussurrou. — Você está pronta para se queimar, princesa?

Aurora sabia que, naquele momento, havia cruzado uma linha. Ela não fazia ideia do que estava se metendo, mas algo dentro dela gritava que valia o risco. Mesmo que o perigo fosse inevitável. Mesmo que esse encontro a levasse para um caminho sem volta.

E foi ali, no meio de uma festa que já não importava, que Aurora percebeu: sua vida nunca mais seria a mesma. Ela acabara de dar o primeiro passo em direção ao caos que Matt representava, e nada, absolutamente nada, seria capaz de detê-la.

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Comments

Jucelia Oliveira

Jucelia Oliveira

colocar fotos deles autora fica mais interessante

2024-09-13

1

Daniela Gregorio

Daniela Gregorio

amando a história

2024-09-12

1

Ver todos

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