16 - Gabriel

Gabriel estava deitado em algo molhado e macio, bem macio e com um forte odor de podridão. O arcanjo sentia o seu corpo todo doendo.

- Onde....onde eu estou? – Disse Gabriel com dificuldades.

Olhando em volta o arcanjo percebeu que estava em um lugar escuro, graças a sua visão aguçada Gabriel achou que estava em uma espécie de gruta. Ele sentia uma brisa atingindo o seu corpo constantemente vinda do Norte.

Olhando melhor a sua situação Gabriel percebeu o seu estado. Sua armadura estava completamente danificada revestindo apenas as suas pernas, e sua mão direita parecendo uma luva dourada. Sua espada estava caída a sua frente sobre o seu colo e Gabriel percebeu também que estava sobre um local aonde água passava pelo corpo.

- Água, pelo menos tenho água para me recuperar mesmo que seja bem lentamente. – Com dificuldades o arcanjo aproximou a mão direita sobre a água a enchendo a fazendo de concha. Gabriel poderia usar os seus poderes paranormais e fazer com que a água viesse em sua direção, mas estava tão cansado e a dor o incomodava tanto que logo desistiu dessa ideia. Ao conseguir erguer o braço o arcanjo virou o rosto o aproximando de sua mão quando algo atraiu a sua atenção. – Que cheiro é esse? Essa água é poluída?

Deixando a água cair de suas mãos Gabriel com dificuldades segurou o cabo de sua espada e a desembainhou. O Flagelo de Fogo queimava intensamente iluminando tudo ao seu redor. Quando Gabriel percebeu melhor onde estava seu coração quase saiu de sua boca e agora o arcanjo lembrou de tudo o que havia acontecido.

- Eu estou dentro do corpo de uma dessas criaturas! Ele realmente me engoliu e essa água que parece ser poluída. – O arcanjo aproximou sua espada em direção a água e avistou um liquido verde percorrendo lentamente como a correnteza calma de um rio. – Esse é sangue dele e ainda bem que eu não bebi.

Guardando sua espada o arcanjo apoiou o seu corpo sobre a bainha e com dificuldades conseguiu ficar em pé. Seu corpo doía principalmente suas pernas e o arcanjo sofria mais com a dor.

- Tenho que sair daqui...e agora! – O arcanjo tentou abrir suas asas e caiu de joelho apoiando mais em sua espada. – O que será que dói mais? Minhas pernas ou minhas asas? – Novamente com dificuldades Gabriel ficou em pé apoiando o corpo todo em sua espada. Ele olhou para frente tentando procurar uma saída. – A corrente de ar vem pelos dois lados, então qual lado eu devo seguir? – Gabriel pensou por mais uns segundos e como estava agora de frente para um dos locais onde conseguia seguir o vento decidiu seguir por aquele caminho. – Se não for esse é só dar a volta!

Apoiado completamente em sua espada o arcanjo caminhava lentamente e com dificuldades. Os pés de Gabriel gritavam para que o arcanjo parasse de andar, mas ele não poderia parar não agora.

- Como seria bom poder voar agora.

Gabriel continuou andando até que parou de repente. O odor só aumentava e o arcanjo foi obrigado a cobrir o nariz com uma das mãos. O arcanjo estava diante de um grande buraco. Do local o vento fazia o odor parecer mais forte e nauseante e também o calor. A frente Gabriel pode avistar a continuação do caminho, percebeu que o vento vinha mais forte de lá, mas o arcanjo como estava fraco não iria conseguir voar até lá ou simplesmente saltar. Algo tocou o pé direito de Gabriel e ele olhou em sua direção. Era um grande pedaço de massa de cor negra, erguendo o pé a massa foi levada pela correnteza e caiu no buraco. O arcanjo esperou para poder ouvir a massa se chocando no final do buraco para ter uma noção de sua profundidade.

- E ainda é bem fundo. – Suspirando Gabriel continuou olhando em volta tentando encontrar uma solução, quando um som de um ensurdecedor atraiu a sua atenção até o buraco. Desembainhando novamente sua espada Gabriel olhou com atenção para o buraco e percebeu que o tecido em volta era mais grosso e um grande vapor vinha do fundo aumentava o odor nauseante.

- Então aqui é o estômago dele? – Embainhando novamente sua espada Gabriel a fincou no chão e começou a andar na direção oposta. – Então mais à frente é a boca dele, é por lá que eu vou sair!                                                                                        ***

Gabriel estava mais exausto do que no início, parecia estar andando por horas e nunca chegava em direção a boca e isso o estava deixando irritado.

O odor havia diminuído bastante e agora ele apoiava as suas mãos sobre a espada enquanto andava. Gabriel estava quase desistindo novamente até que começou a perceber que as paredes em sua volta mexendo para frente e para trás como um grande balão de ar se enchendo e esvaziando.

- Então aqui deve ser o sistema respiratório dele. Realmente essa criatura é muito grande, mas o lado bom é que estou no lugar certo.

Continuando a andar o arcanjo começou a pensar no que havia acontecido antes. Sua missão de proteger a terra descobrindo o que estava matando os anjos.

- Tehom...estou passando por tudo isso por sua causa, tenho que avisar isso aos meus irmãos e principalmente ao meu pai!

Gabriel se lembrava perfeitamente de Tehom. Era uma criatura horrível. Seu pai havia lhe ensinado que Tehom representava tudo que era negativo e ruim. Explicou como era a verdadeira face do mal e tudo o que ele podia fazer.

- Mas ela está diferente da outra vez. Muito diferente. – O arcanjo se lembrou que na primeira vez viu Tehom. Ela era tão poderosa como hoje, mas naquela ocasião ela era uma fera descontrolada incapaz de raciocinar direito e ainda mais falar. O único que compreendia perfeitamente os planos de Tehom e servia como o seu mediador era Beremorth, outra criatura do caos que também deu problemas aos anjos. – Ela planejou tudo isso, controlou Metatron e se comunica conosco sem Beremorth. Se da primeira vez foi um difícil derrota-la nem quero imaginar como será dessa vez.

Gabriel continuou andando perdido em pensamentos, ele se lembrava de cada detalhe da guerra contra Tehom nas batalhas primervas quando se chocou contra uma parede o trazendo de volta a realidade.

- Uma parede de ossos? – Olhando com atenção ele percebeu que os ossos formavam uma grande fileira e que pequenas fissuras formando várias pirâmides irregulares. – Não são ossos sãos os dentes dele, finalmente cheguei na boca dessa criatura.

Desembainhando novamente sua espada Gabriel pode ver melhor onde estava. Os dentre da criatura possuíam um tom cinza escuro semelhante ao de pedras.

- Com dor ou sem dor eu tenho que sair logo daqui! – Gabriel correu em direção aos dentes ignorando completamente a dor em seus pés e o atacou quebrando uma parte de seus dentes. A criatura emitiu um som ensurdecedor que em qualquer língua entenderiam que era o som de dor. – A não. – Gabriel ficou a espada em chamas no chão e tudo em volta começou a balançar violentamente. Olhando melhor Gabriel percebeu que havia ficando sua espada na língua da criatura. Sua língua era escamosa e preta. – Já sei como sair daqui. Vai ser horrível, mas o jeito é esse ser me cuspir para fora!

Gabriel aumentou a intensidade das chamas e a criatura se debatia mais e mais além de gritar cada vez mais alto. Gabriel também começou a gritar de dor. Sua cabeça parecia que iria explodir. O arcanjo sentia a mesma sensação de quando estava em ambiente cheio de pessoas e não conseguia parar de escutar os seus pensamentos. Mesmo sofrendo com a dor Gabriel continuava aumentando a intensidade das chamas. Sangue começava a escorrer de suas orelhas e agora o arcanjo não escutava mais nada.

- Maravilha o som cessou, mas o ruim é que ele acabou com os meus tímpanos, mas agora posso me concentrar ainda mais em sair daqui.

Fechando os olhos Gabriel se concentrou mais ainda nas chamas. Mesmo a criatura se debatendo com mais violência o arcanjo permanecia concentrado e inabalado.

A criatura abriu a boca e uma lufada de ar forte veio de seu interior. O vento foi tão forte que que conseguiu jogar Gabriel para fora. Segurando firme em sua espada o arcanjo abriu os olhos e sentiu o seu corpo sendo arremessando.

- Consegui. – Disse Gabriel satisfeito. – A não... – A criatura o olhava com fúria e partia em sua direção. Gabriel ainda estava em pleno ar e não conseguia abrir suas asas. Se concentrando novamente as chamas de sua espada aumentaram ele encarava a criatura. – Se vou morrer aqui, vou morrer lutando até o fim!

Gabriel partiu em direção a criatura e segurando firme o cabo de sua espada entrou novamente dentro da criatura. Ele fincou a espada na lateral dentro da boca da criatura e começou a correr. A dor em seus pés aumentava, mas Gabriel não dava mais importância para ela e continuou a correr. Como antes as chamas de sua espada aumentavam deixando um rastro de fogo por onde Gabriel havia passado. A criatura voltou a se debater e a gritar. O arcanjo não ouvia gritos pelo fato de seus tímpanos terem sido perfurados pelos gritos anteriores. Ele continuava correndo e avistou o buraco, aumentando a intensidade da corrida Gabriel saltou e aterrissou do outro lado e continuou a correr. A criatura parou de se debater e gritar. O corpo do ser explodiu e Gabriel foi jogando novamente pelos ares.

- Eu...eu disse que se fosse morrer...eu iria morrer lutando!

Gabriel estava completamente sem sua armadura agora, parte de seu corpo estava queimado, o arcanjo foi jogado pelo ar com a explosão. Ele sentiu o seu corpo parar de subir e agora começava a cair.

- Não sinto mais o corpo...acho que agora chegou o meu fim.

O Arcanjo Gabriel perdeu completamente os sentidos e agora o seu corpo desabava pelos ares caindo tão rápido pelo longo abismo daquela realidade.

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