— Não é apenas que você está perdendo sua vida, você está jogando fora.
— Eu estou vivendo, mãe. A diferença é que decidi viver do meu jeito, sem ninguém me olhando como se eu fosse um coitado. Todos me olham com pena e só sabem lamentar. Estou cansado dessas mensagens dizendo sempre as mesmas coisas. Eu sou paraplégico, e parece que, agora, deixei de existir para todos.
— Você está errado — respondeu Joseph.
— Estou errado? Mas quem decide como vou viver sou eu. Não vou perder meu tempo.
Lorenzo acionou sua cadeira de rodas e saiu. Magnólia tentou segui-lo, mas Joseph a segurou.
— Deixe-o. Ele vai pensar na proposta e vai aceitar. Ele não tem escolha, afinal, ele quer sua vida de volta.
— Como pode ter tanta certeza? Nosso filho está irredutível, tudo é motivo de irritação. Ele não era assim.
— Tenha paciência, ele só precisa de tempo.
Joseph segurou a mão de Magnólia para confortá-la. Ela estava visivelmente angustiada com a situação do filho.
Lorenzo parou em frente à janela do quarto, que dava para a entrada da casa. Após um breve suspiro, passou a mão no rosto e apoiou o cotovelo no braço da cadeira. Nem ele entendia por que se irritava com tanta facilidade. Embora entendesse o ponto de vista de seus pais, ele não queria nutrir falsas esperanças. Estava imerso em um mundo de desilusão, esquecendo-se completamente da vida que tinha fora da cadeira de rodas.
Por não ter nascido nessa condição, ele até poderia acreditar em uma solução, mas, com a mente fechada e o coração aflito, as palavras do médico sobre sua nova realidade ecoavam: ele precisava se aceitar.
Horas depois, na sala de jantar, Lorenzo se juntou aos pais à mesa. O silêncio era absoluto. Magnólia e Joseph o observavam enquanto ele mexia no prato com o garfo.
— O que foi? Vão ficar me olhando assim?
— Filho, não queríamos te chatear nem te dar falsas esperanças. Estamos tentando te ajudar. — Magnólia quase suplicava.
— Eu sei. E vocês estão certos.
— Você decidiu?
— Eu aceitei, mas com uma condição.
— Qualquer que seja, o importante é que você aceite.
— O profissional terá que assinar um contrato.
Quero um prazo para ver se isso realmente vai funcionar.
— Isso não é um problema. Vamos conversar com ela.
— Já sabem quem é?
— Sim, ela é bem recomendada. Está na profissão há quatro anos, e todos que passaram por ela foram gratos. Algumas crianças voltaram a andar após acidentes.
— Você conhece algum desses casos?
— Não pessoalmente, são relatos de outras pessoas.
— Meu filho, estou tão feliz que tenha aceitado.
— Obrigado, pai. Amanhã encaminharei o documento. Agora, podemos jantar?
— Claro!
Magnólia não conseguia conter o sorriso, Joseph estava aliviado, mas Lorenzo permanecia sério. Desde que saíra do hospital, seu senso de humor havia desaparecido, tornando-o uma pessoa fria.
Dois dias depois...
Magnólia ligou para a fisioterapeuta, convidando-a para uma conversa em sua casa. Era fim de tarde quando Maeve Garcia recebeu a ligação, ao entrar em seu apartamento. Para ela, era um motivo de alegria e uma oportunidade, após um evento que a afastara de seu trabalho.
Maeve Garcia era uma fisioterapeuta bastante conhecida em Nova York, conhecida por sua gentileza e profissionalismo. Pouco se sabia sobre sua vida pessoal, já que era bastante reservada. Órfã de mãe, sem laços com o pai biológico, dividia o apartamento com uma amiga, Judith, que era como uma irmã para ela. As duas moravam juntas há cinco anos e compartilhavam tudo. Enquanto Judith namorava, Maeve não demonstrava interesse em relacionamentos desde a última decepção amorosa, quando seu ex-namorado a deixou dizendo que iria participar de um campeonato de basquete na Califórnia, quando, na verdade, estava conhecendo outra pessoa. Maeve ficou arrasada, mas seguiu em frente.
Quando desligou o telefone, Judith estava parada à sua frente, esperando que Maeve dissesse algo.
— Que cara é essa? Quem era?
— Era a senhora Magnólia Torres. — Maeve respondeu, ainda surpresa.
— Uau! Que incrível! E o que ela queria?
— Não sei ao certo. Pelo que aconteceu com o filho dela, Lorenzo, imagino que ela precise do meu trabalho.
— Isso é perfeito, amiga! Imagina você cuidando daquele deus grego! Ele não é qualquer um, e aquela família é muito rica.
— Talvez. Mas não consigo me empolgar tanto. — Maeve respondeu, sentando-se no sofá. Judith se juntou a ela, agora com um semblante sério.
— Eu sei que o que aconteceu te abalou muito, mas não fique assim.
— Ela certamente não sabe do que aconteceu, por isso está me chamando.
— Pense positivo, vai dar tudo certo. Todo mundo comete erros.
— E se eu falhar de novo? E se eu prejudicar outro paciente?
— Confie em você e em Deus. Ele está te dando uma nova chance. Vai em frente!
Maeve abraçou Judith, buscando conforto no apoio da amiga.
— Agora, chega disso. Preparei o jantar e convidei meu namorado. Ele virá com a irmã, Lia. Tudo bem?
— Tudo bem. Vou tomar banho.
Maeve foi para o quarto, sentou-se na cama e pegou o celular. A ligação de Magnólia a fazia refletir. Será que ela seria capaz de ajudar alguém ou arruinaria a vida de outra pessoa? Após o banho, vestiu um vestido floral leve e voltou à sala, onde Judith se preparava para receber os convidados. Maeve os cumprimentou e todos seguiram para o jantar.
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Atualizado até capítulo 126
Comments
Aldenora Tavares
acho que ela fez algum procedimento errado ou armaram pra ela..
2025-05-13
0
Ezanira Rodrigues
Agora fiquei curiosa. O que será.que aconteceu com a Maeve no trabalho?
2024-12-12
1
Débora Oliveira
vai ser difícil esse homem
2024-11-27
1