Capítulo 5: A noite dos Nobres

O grande salão do castelo estava repleto de luzes cintilantes e murmúrios excitados enquanto os nobres se alinhavam para se apresentar à família real. Melina, sentada entre seus pais e cercada pelos irmãos, observava tudo com um misto de curiosidade e apreensão. Embora tivesse passado a maior parte de sua vida na simplicidade da gruta de sua tia, agora estava no centro da atenção do reino.

Os primeiros nobres que se aproximaram eram da Casa de Tritonis, uma das mais antigas e respeitadas de Atlântida. Lorde Aquilan, o patriarca, apresentou-se com uma reverência profunda, seguido por sua esposa, Lady Mirabelle, e seu filho, Triton Caden.

"Majestades, princesa Melina," disse Lorde Aquilan, sua voz reverente. "É uma honra estar na presença da princesa perdida. Em nome de minha casa, trago este presente." Ele entregou um delicado colar de pérolas raras, que reluziam com um brilho suave.

Lady Mirabelle sorriu para Melina, seus olhos avaliando-a. "E este é nosso filho, Caden," disse ela, lançando um olhar sugestivo para o jovem tritão ao seu lado. "Ele seria mais que honrado em mostrar a princesa os encantos de Atlântida."

Melina sorriu educadamente e agradeceu, mas sentiu o peso do olhar de Caden sobre ela. Ele era um tritão atraente, com cabelos escuros e olhos verdes, mas algo em sua postura a deixou desconfortável.

"Obrigado, Lorde e Lady Tritonis. Agradeço o presente e a gentileza," respondeu Melina, tentando não parecer intimidada.

Em seguida, outra família nobre se apresentou. O Duque e a Duquesa de Coralis vieram com uma oferta de uma coroa de corais rosados e trouxeram consigo sua filha, Marina, e seu filho, Triton Leo. Os dois jovens eram bem-apessoados, e a Duquesa não disfarçava seu desejo de ver uma aliança entre as casas. As apresentações continuaram, uma após a outra, com cada família trazendo presentes e, discretamente, tentando oferecer seus filhos como possíveis parceiros para a princesa.

Melina mantinha um sorriso educado, mas internamente sentia-se um pouco sufocada com tantas expectativas não ditas. Mesmo os príncipes de reinos vizinhos, cada um trazendo presentes e sorrisos encantadores, pareciam seguir o mesmo padrão. Eles a cumprimentavam com reverências formais e olhares de interesse, mas Melina sentia que estava sendo avaliada como um prêmio a ser conquistado.

Enquanto isso, Dion permanecia do outro lado do salão, seus olhos dourados fixos em Melina. Ele segurava uma taça de vinho nas mãos, girando o líquido de forma quase distraída, mas não conseguia desviar o olhar da princesa. Dion a observava com uma mistura de fascínio e determinação. Para ele, Melina não era apenas uma princesa perdida, mas uma sereia extraordinária, cuja presença irradiava uma luz que ofuscava a todos ao seu redor.

Jack, por outro lado, estava num canto oposto, também observando Melina. Seus sentimentos eram conflitantes; ele se preocupava profundamente com ela e não podia negar o ciúme crescente que sentia ao vê-la cercada por tantos nobres e príncipes. Mas, acima de tudo, havia um nome que o irritava mais que todos os outros — Dion. Algo no jeito arrogante e seguro do duque o incomodava profundamente.

A música no salão mudou, anunciando o início da primeira dança da noite. Todos os presentes começaram a procurar seus pares. Jack sentiu o coração acelerar. Ele queria chamar Melina para dançar, mas o nervosismo o paralisava. Enquanto tentava reunir coragem, Dion foi mais rápido.

Com uma confiança inabalável, Dion se aproximou de Melina e fez uma reverência elegante. "Princesa Melina, me concederia a honra desta dança?"

Melina piscou, surpresa, e corou levemente. "Eu... eu nunca aprendi a dançar."

Dion sorriu, seus olhos dourados brilhando de forma encorajadora. "Não se preocupe, princesa. Apenas siga os movimentos da minha cauda. Prometo guiá-la."

Melina hesitou por um momento, mas a segurança e gentileza na voz de Dion a tranquilizaram. "Está bem. Confio em você."

Dion ofereceu a mão para Melina, que a aceitou, e juntos eles deslizaram até o centro do salão. A música suave preenchia o ambiente enquanto todos os olhares se voltavam para o casal. As sereias e tritões presentes cochichavam entre si, comentando sobre a cena.

"Eu nunca vi o Duque Dion dançar com ninguém," sussurrou uma jovem sereia para sua amiga. "A princesa é realmente sortuda."

Melina, tentando se concentrar nos movimentos, não percebeu os cochichos ao seu redor, mas estava ciente dos olhares que os seguiam. Dion guiou-a com habilidade, movendo-se graciosamente pela pista de dança, suas caudas entrelaçadas em harmonia. Melina começou a relaxar, permitindo que Dion a conduzisse com segurança.

Quando a dança terminou, Dion sorriu para Melina e, se inclinando ligeiramente, sussurrou em seu ouvido: "Seria um prazer dançar com você novamente, princesa, em algum outro momento."

Melina corou, seus olhos roxos brilhando de emoção. "Eu... agradeceria muito, Duque Dion."

Dion se afastou, mas não sem antes lançar um olhar de triunfo em direção a Jack, que observava de longe, claramente irritado e enciumado. O duque sorriu de forma quase imperceptível, como se quisesse mostrar que tinha vencido aquela rodada.

Para Jack, aquela troca silenciosa foi o suficiente para despertar um ressentimento profundo. Desde aquele momento, uma rivalidade começava a se formar entre os dois. Dion, com sua postura confiante, via Jack apenas como um pequeno obstáculo no caminho, enquanto Jack, por sua vez, o via como uma ameaça que precisava ser eliminada.

A noite seguiu tranquilamente, mas com Melina sendo o foco de muitos tritões e príncipes que se aproximavam, cada um tentando conquistar a princesa de sua maneira. Porém, cada vez que alguém a convidava para dançar, Melina recusava educadamente e voltava ao seu lugar ao lado dos pais. Ela estava sobrecarregada com tanta atenção, mas continuava sorrindo, mantendo a compostura que se esperava de uma princesa.

O brilho da noite, as conversas sutis, e as tensões não ditas, tudo se misturava numa dança complexa de interesses, desejos e rivalidades. Para Melina, era o começo de uma nova vida cheia de desafios e descobertas, onde cada passo, cada gesto, carregava um peso que ela começava a perceber, mas ainda não compreendia totalmente.

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