A casa parecia morta sem seus irmãos e pais por ali. Como só estava ela em casa, os empregados também foram liberados para ter uma folga. Maya sentou no sofá da sala de descanso com uma caneca com café nas mãos e olhou para a paisagem através da janela, onde os brinquedos dos irmãos repousavam silenciosamente.
Já tinha dois dias que sua família havia viajado, Luma chegaria em algumas horas para elas irem até o alojamento para esvaziar o quarto e levar as coisas para o apartamento. De repente o interfone do portão passou a soar, o que ela achou estranho, já que não recebeu nenhum aviso dos pais que alguém iria comparecer ali.
Receosa, ela caminhou até o corredor onde poderia verificar a câmera do interfone e se surpreendeu ao ver Theron parado em frente ao portão social com um ar de ansiedade. Desconfiada, ela atendeu pelo interfone:
— Oi?
— Maya, é urgente, você tem que voltar para o quartel, agora!
— O que houve? Por que não ligaram? - Maya perguntou preocupada, mas visto o estado de Theron, ela decidiu deixar ele entrar. - Entre.
Em alguns segundos o major estava na frente da porta da casa, a qual ela abriu e notou o olhar aflito dele:
— Primeiro, preciso que vista o uniforme e pegue seus documentos. - Theron tinha um tom estranho na voz.
— Theron, você esta me assustando. O que houve?
— Um atentado em um parque temático. Somos o quartel mais próximo, vamos de helicóptero prestar apoio, parece que houve vítimas e bem… era o parque onde o meu irmão e a sua família estavam.
Maya sentiu o chão sob seus pés desaparecer e ela cambaleou, sendo amparada por Theron:
— Preciso saber como a minha família está…
— Sim, vamos até lá, já pedi para nos colocarmos no voo. Vamos rápido!
Maya se trocou rapidamente e pegou seus documentos assim como Theron havia indicado. Ela seguiu Theron até o carro dele, que era um esportivo azul de uma marca de luxo. Antes de sair do condomínio, eles encontraram Luma andando na direção da casa da família de Maya, que pediu a Theron para pegar a amiga também:
— O que esta acontecendo? Por que estão fechando as estradas? - Luma perguntou assim que sentou no banco traseiro.
— Um atendado. - Theron respondeu enquanto acelerava na direção do complexo.
— Onde?
— No parque temático que fica na capital. Temos que ir rápido, dar apoio as vítimas.
— Teve muitas vítimas?
— Vamos ter que chegar lá para saber.
— Maya, esse não é o local onde sua família está? - A jovem de cabelos avelã estava preocupada.
— Sim. - Maya respondeu em choque.
— Que não tenha acontecido nada grave.
— Luma, quando chegarmos, se troque e se junte a nós na pista de pouso, vamos dar apoio no local. - Theron avisou.
Como Theron correu muito, em pouco tempo o trio estava no complexo, onde Maya foi praticamente arrastada por Theron até a pista de pouso, onde um helicóptero os aguardava. Maya embarcou no veículo, enquanto Theron assumiu o posto ao lado do piloto:
— Tem certeza que vai pilotar, cara? - O homem de pele clara e cabelos pretos perguntou preocupado.
— Mesmo sabendo que meu irmão pode estar entre as vítimas, eu tenho que cumprir o meu papel como major. - Theron respondeu enquanto colocava os equipamentos.
— E essa? É a moça que vai entrar na sua equipe?
— Sim, essa é a Maya. A Luma já está a caminho. E os demais?
— Já foram no primeiro helicóptero.
— Ótimo.
Em poucos minutos, Luma se juntou ao grupo e puderam decolar para o destino. Ao se aproximar do local, puderam ver a paisagem desoladora. Ao pousar, eles foram recebidos por policiais e bombeiros que trabalhavam no resgate. A informação é que bombas foram instaladas em diversos locais do parque, incluindo o hotel, restaurante e brinquedos que eram amplamente frequentados; as bombas foram detonadas ao mesmo tempo, causando a morte de centenas de pessoas de uma só vez.
Luma logo se prontificou a ajudar as vítimas feridas, enquanto Scar, o piloto, Theron e Maya foram encaminhados para o local onde as vítimas estavam sendo identificadas. Para Maya e Theron era a esperança de encontrar seus entes queridos vivos. Logo a noite chegou e com a escuridão, a esperança se esvaiu.
Theron observou Scar se aproximar com um semblante apagado:
— Senhor, identifiquei seu irmão entre as vítimas falecidas. Sinto muito senhor.
O major abaixou a cabeça e cerrou os punhos. Mais distante, Maya observou Theron, foi então que ela viu um grupo de bombeiros passar com algumas macas cobertas por plástico preto, sua visão focou no braço pequeno que tinha um relógio em forma de sapo, o relógio que ela havia dado para o seu irmãozinho.
Sem pensar muito, a oficial correu em direção à maca e levantou o plástico, assustando os bombeiros. O líder do grupo de bombeiros se aproximou dela assim que percebeu que ela estava ligada ao grupo de pessoas que havia sido retirada do hotel em chamas:
— A senhorita reconhece esse menino?
— Sim. - Maya começava a chorar.
— Sinto muito.
— Tinha mais pessoas com ele?
— Sim. Todos acabaram falecendo por inalação de fumaça. - O bombeiro enlaçou o ombro dela e a guiou até onde os seis corpos foram enfileirados lado a lado. - Sinto muito.
Maya sentiu seus joelhos fraquejarem e gritou colocando para fora toda a dor que sentia. A sua família amada não existia mais. O que eles haviam feito para merecer tamanha maldade? Por que eles tinham que morrer daquela forma? E por que ela não os impediu de sair naquele dia?
Ela abraçou os corpos sem vida dos pais. Seu mundo havia acabado ali. O que seria dela sem seus pais, sem seus irmãozinhos? Para onde ela voltaria? O corpo dela foi envolvido por Theron em uma tentativa de acalmá-la, mesmo sabendo que seria em vão. Maya o abraçou com força, deixando as lágrimas mancharem o rosto e molharem o uniforme do major, que chorava com ela.
A cena era tão comovente que várias pessoas pararam para observar o casal que compartilhavam a sua dor.
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Atualizado até capítulo 95
Comments
Aparecida Fabrin
nossa que triste 😞😞
2024-12-02
0
Maria Socorro Netos
que triste 😢 ela perdeu toda família de uma vez
2024-08-13
1