“Maya observou seu marido dormindo tranquilamente ao seu lado, junto do filho e da enteada que amava tanto como se fosse sua filha; os três dormiam tranquilos embaixo de uma árvore, sobre uma manta, no grande jardim da casa. Era uma visão linda e ela agradecia a Deus por suportar tudo o que passou, para naquele momento estar com sua linda família.”
A jovem de cabelos longos, ondulados e negros, sorriu para mãe que a admirava do grande espelho do quarto da jovem:
— Querida, você está muito linda, tenho certeza que será a formanda mais linda da noite.
— Obrigada, mama, agora vamos indo, assim vocês poderão pegar um bom lugar para me ver pegar o diploma.
— Onde esta a minha primogênita?
As mulheres viram o homem alto, com barba farta e olhos cor de âmbar surgir na porta com um sorriso largo:
— Já estou pronta, baba! — A jovem falou animada.
— Deixe baba olhar você. — O homem se aproximou da filha mais velha e lhe estendeu uma mão.
A jovem se aproximou com um sorriso e segurou a mão do pai, que a olhou admirado:
— Ainda não acredito, Nazir, nossa primeira filha esta se formando na escola e já é uma mulher. — O homem falou emocionado.
— Sim, nossa pequena Maya cresceu, Azib e agora tomará novos caminhos. — A mãe da jovem se juntou a eles.
— Mama, baba, obrigada por permitirem eu ter liberdade de escolha. — A jovem sorriu. — Obrigada por serem bons pais para mim e para os meus irmãozinhos.
Maya olhou com carinho para os pais e os abraçou. A sua família era seu porto seguro. Seus pais haviam saído do país de origem devido aos negócios da família, que se expandiram para os países vizinhos. Seu pai era um conhecido empresário do ramo de tecidos e sua mãe se dedicava integralmente à família e aos cinco filhos, sendo Maya a mais velha.
Ela se sentia muito abençoada por Deus por ter a liberdade e segurança necessárias para ter uma vida confortável, longe das linhas de guerra do país de origem dos pais, que ficava nas zonas de guerra do oriente médio. Quanto à religião muçulmana, nenhum dos seus pais a obrigou a seguir, e ela preferiu apenas adaptar o que achava importante manter, como a alimentação e o mínimo das vestimentas.
Para sua formatura, ela havia escolhido um vestido longo com decote reto, azul-turquesa, com uma capa cobrindo os ombros, com detalhes de pedras feito à mão, criando uma linda faixa nas bordas do tecido; um delineado preto dava destaque aos olhos claros, quase amarelos da jovem, e apenas um gloss nos lábios para finalizar a maquiagem; A beleza herdada de seus pais finalizava a imagem dela.
Maya foi auxiliada pela mãe para seguir até o carro que os levariam até o salão onde ocorreria a colação de grau e a festa de formatura. Apenas dois de seus irmãos mais novos iriam acompanhá-los, os dois mais novos ficariam em casa. O percurso foi rápido, em poucos minutos, a família estava no grande salão onde seria a festa.
O local estava luxuosamente decorado, assim como era o padrão da escola que ela frequentou toda a vida. Os pais dela sempre prezaram por uma educação de qualidade e como tinham boas condições deram a oportunidade a ela para estudar em um colégio onde os filhos da nata da sociedade estavam. Mesmo tendo uma vida confortável e cercada de luxos, Maya nunca permitiu que isso subisse a sua cabeça, e sempre com o apoio dos pais ela sempre doava o tempo livre em atividades filantrópicas, o que lhe deu uma imagem conhecida por se importar com as minorias.
A colação de grau ocorreu bem, e ela aproveitou para tirar fotos com amigos, professores e com a sua família. A jovem estava feliz, mas sabia que o que viria depois seria difícil, já que teria que conversar com o pai sobre a sua escolha de carreira. Maya estava próxima das suas amigas de turma, conversando sobre o futuro, quando se iniciou o baile. Ela observou um burburinho se formar próximo da pista, já que os casais já formados da escola foram para pista; mas o que lhe chamou a atenção, não eram os casais, mas sim um rapaz alto, cabelos castanhos e intensos olhos azuis, usando uma farda de gala branca, que estava do lado oposto a ela.
Os olhares se cruzaram e ela recebeu um leve sorriso dele. A morena cutucou uma amiga e indicou o rapaz:
— Quem é? Não lembro de tê-lo visto na nossa escola. — Maya falou.
— Também não me lembro, mas se está fardado deve ser da família de alguém aqui. - Sua amiga respondeu.
— Deve ser de fora mesmo. — A jovem sorriu e viu seu pai acenar para ela. - Bem, meninas, tenho que ir agora.
— Boa sorte, Maya, e mantenha contato.
Maya abraçou as amigas e seguiu para casa com seus pais e irmãos.
-***-
No dia seguinte, Maya se levantou para conversar com os pais sobre as suas escolhas do futuro. Ela já imaginava que eles já sabiam que ela gostaria de se tornar piloto de aviões, só não imaginavam como ela faria isso. Sua decisão pesou após ela trabalhar como voluntária em um abrigo de refugiados da guerra no país de origem dos pais, que não ficava muito distante.
Em seu coração, ela sentia um forte desejo de ajudar a acabar com aquele conflito, por isso, decidiu se juntar as forças aéreas da aliança mundial, que lutava contra o terrorismo em países dominados por forças autoritaristas. Não que ela tivesse uma opinião totalmente voltada para apenas um lado da força, seu desejo era apenas de cessar os conflitos para salvar vidas inocentes.
Faltava pouco para o horário do almoço e logo seu pai estaria em casa. Sua intenção era conversar com ele e com a mãe após a refeição. Como de costume, ela auxiliou a mãe com os irmãos e as tarefas domésticas; mesmo que eles tivessem empregadas, era importante na cultura da família, as mulheres aprenderem a cuidar da casa e dos filhos, independente do status social.
A refeição ocorreu bem, e após colocar os irmãos mais novos para dormir o sono da tarde, Maya se juntou aos pais na sala de descanso da casa:
— Baba, mama, posso conversar com os senhores? — A jovem se aproximou carregando um envelope branco que havia chegado para ela dias antes.
— Claro, filha, se aproxime. — Azib fez sinal para filha se aproximar.
Maya se aproximou, sentou-se em frente aos pais e entregou o envelope para o pai, que pegou o objeto e reconheceu o logo da aliança mundial:
— Os senhores sabem da minha paixão por máquinas e nunca escondi que sempre quis ser piloto de aviões e, porque também quero ajudar as pessoas nas zonas de conflito.
— Sim, querida, nós sempre soubemos e sempre te apoiamos em suas escolhas. — Nazir falou carinhosa.
— Maya… — O homem de olhos dourados encarou a filha. - Tem certeza? Você sabe que se aliar a um exército não é fácil, mesmo que estamos em uma zona neutra, você terá que fazer missões e isso pode custar a sua vida.
— Eu sei, baba, mas não consigo ficar apenas observando os nossos irmãos sofrendo nas zonas de guerra. O senhor mais do que ninguém sabe o que é perder quem amamos nesses conflitos e se eu posso fazer um mínimo de diferença para proteger o nosso povo, eu gostaria que permitisse que eu fizesse isso.
— Não filha, você não pode fazer isso… - Nazir falou desesperada, sentindo as lágrimas embaçar as suas vistas.
— Nazir, nós prometemos sempre respeitar as escolhas dos nossos filhos e se esse é o desejo de Maya, vamos apoiá-la. - Azib suspirou. - Como pai, eu não gostaria que fosse, mas se esse é o chamado Allah para você, eu não vou te impedir e acredito que você será capaz de grandes feitos.
— Obrigada, baba!
Maya se aproximou dos pais e os abraçou com carinho. Sua família era um dos motivos para ela querer proteger a paz no mundo.
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Atualizado até capítulo 95
Comments
Maria Socorro Netos
comecei ler agora parece boa
2024-08-13
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