Criei essa história baseado no filme do motoqueiro fantasma.
Espero que vocês gostem!!
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A cidade de Santo Agostinho, com suas ruas estreitas e casas amontoadas, era um reflexo das vidas que ali habitavam: confinadas e repletas de dificuldades. Lucas Costa, com seus 17 anos, vivia ali desde sempre. Seu rosto magro e olhos cansados espelhavam uma juventude marcada por desafios. Estudante do terceiro ano do ensino médio, Lucas enfrentava diariamente a brutalidade de uma realidade que parecia não ter fim.
A escola, para ele, era um campo de batalha. Os corredores eram um labirinto onde cada esquina escondia novos perigos. Seus colegas de turma, em vez de amigos, eram predadores prontos para atacar qualquer sinal de fraqueza. Lucas nunca foi o garoto popular, nem sequer aquele de quem se lembrariam ao folhear o álbum de formatura. Ele era o alvo fácil das piadas, o jovem solitário que se sentava no fundo da sala, tentando ser invisível.
Em casa, a situação não era melhor. Seu pai, Henrique, um homem rígido e de poucas palavras, trabalhava longas horas na fábrica de autopeças da cidade. O peso do cansaço e da frustração parecia ter transformado seu rosto em uma máscara permanente de descontentamento. Lucas sempre sentia que, para seu pai, ele era um constante desapontamento. Sua mãe, Maria, tentava manter a paz na casa, mas estava sempre esgotada pelas responsabilidades domésticas e pela preocupação com o futuro do filho.
As conversas na mesa de jantar eram breves e carregadas de tensão. "Como foi a escola?" Henrique perguntava mais por hábito do que por interesse genuíno. Lucas respondia com monossílabos, sabendo que qualquer detalhe poderia desencadear um sermão sobre como ele precisava ser mais forte, mais responsável, mais... tudo.
O único momento em que Lucas se sentia realmente livre era quando estava em sua moto, uma velha Yamaha RD350 que ele havia comprado com o dinheiro economizado de pequenos trabalhos. O vento no rosto, o som do motor e a sensação de velocidade proporcionavam uma fuga temporária da opressão constante de sua vida. Naquela moto, ele podia ser qualquer coisa – ou ninguém.
Certa noite, após uma discussão acalorada com seu pai, Lucas decidiu sair para uma volta. Precisava esfriar a cabeça, sentir a adrenalina correr nas veias. As ruas estavam desertas, e a lua cheia iluminava o asfalto com uma luz fria e prateada. Ele acelerou, cortando o vento com uma ferocidade que refletia seu estado de espírito. Mas aquela noite estava destinada a ser diferente.
Enquanto atravessava uma das avenidas principais, um grupo de jovens da escola, conhecidos por serem encrenqueiros, apareceu em um carro. Reconheceram Lucas imediatamente e começaram a persegui-lo, rindo e gritando insultos. Lucas tentou ignorá-los, mas a provocação só aumentava. Em um momento de desespero, ele acelerou para se distanciar, mas a perseguição se intensificou.
Os segundos se transformaram em um borrão de adrenalina e medo. Em uma tentativa desesperada de despistá-los, Lucas fez uma curva fechada em alta velocidade. O som dos pneus cantando no asfalto ecoou pela rua, mas o controle foi perdido. A moto derrapou, lançando Lucas para o alto. Tudo aconteceu em câmera lenta – a sensação de estar voando, a visão do céu estrelado e, finalmente, o impacto brutal contra o chão.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Lucas sentiu uma dor aguda e paralisante espalhar-se por todo o corpo. O mundo ao seu redor começou a escurecer, os sons tornando-se distantes e abafados. Enquanto sua consciência desvanecia, a última imagem que viu foi o grupo de jovens fugindo em seu carro, deixando-o sozinho na escuridão.
Lucas estava à beira da morte. Naquele momento de suspensão entre a vida e a morte, um frio intenso tomou conta de seu ser. Ele sentiu uma presença, algo antigo e poderoso, aproximando-se. E então, uma voz, sombria e sedutora, sussurrou em sua mente: "Está disposto a pagar qualquer preço para viver, Lucas?"
Sem entender completamente o que estava acontecendo, mas desesperado para se agarrar à vida, Lucas tentou responder, mas não conseguiu emitir som algum. Ele apenas pensou, com todas as suas forças, que queria viver. Queria uma segunda chance.
A voz respondeu: "Então, nosso pacto está selado."
Com essas palavras, o mundo de Lucas se apagou completamente, deixando para trás o jovem que ele era e despertando algo muito mais sombrio e poderoso em seu lugar.
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Atualizado até capítulo 36
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