°•Capítulo 4•°

...RHIVIA SALLES NARRANDO...

Volto para minha mesa e encaro a pilha de documentos que me esperam. Sempre que acho que o dia vai ser tranquilo, alguma coisa aparece para me provar o contrário.

Abro meu laptop e começo a revisar os e-mails. Entre notificações sem importância, relatórios para análise e lembretes de reuniões, vejo uma mensagem marcada como urgente.

RHIVIA (PENSANDO): — Ótimo. Nada como uma crise logo pela manhã.

Abro o e-mail, e é um pedido de última hora para alterar alguns detalhes no material que será apresentado na reunião com os acionistas.

RHIVIA: — Claro, porque ninguém pensa em avisar isso antes.

Reviso os documentos rapidamente e faço as alterações necessárias, enquanto organizo os slides para a apresentação. Depois de alguns minutos, tudo está pronto.

RHIVIA (PENSANDO): — Primeira batalha do dia concluída.

Alguns colegas passam por minha mesa, murmurando cumprimentos, mas é Silvia quem me chama atenção. Ela passa com um sorriso falso, equilibrando uma pilha de papéis como se fosse a pessoa mais ocupada do escritório.

RHIVIA (PENSANDO): — Silvia e sua eterna competição imaginária. É como se ela vivesse para provar algo que ninguém está interessado em disputar.

Ignoro sua presença e volto ao trabalho. Pouco depois, o telefone na minha mesa toca.

RHIVIA: — Senhorita Salles falando.

LUÍS JOHNSON (PELO TELEFONE): — Senhorita Salles, pode vir até minha sala?

RHIVIA: — Claro, senhor. Estou indo.

Levanto-me imediatamente, ajusto meu blazer e caminho até a sala dele. Ao entrar, ele está analisando alguns papéis com a mesma expressão séria de sempre.

LUÍS JOHNSON: — Sente-se, por favor.

Me sento, tentando disfarçar a tensão.

LUÍS JOHNSON: — Estive analisando o trabalho que você tem feito recentemente, e preciso dizer que estou impressionado com sua organização e eficiência.

Fico surpresa, mas mantenho a postura profissional.

RHIVIA: — Obrigada, senhor Johnson. Fico feliz em saber que meu trabalho tem atendido às suas expectativas.

LUÍS JOHNSON: — Mais do que isso. Por isso, gostaria de saber se você estaria interessada em assumir um projeto especial. Será algo desafiador, mas acredito que você está mais do que pronta para isso.

Meus olhos se arregalam levemente. Um projeto especial? Isso não é algo que ele delega com facilidade.

RHIVIA: — Estou à disposição, senhor. Pode contar comigo.

LUÍS JOHNSON: — Excelente. Vou lhe passar os detalhes no final do dia. Por enquanto, continue com a agenda normal.

RHIVIA: — Sim, senhor. Obrigada pela confiança.

Saio da sala com uma mistura de ansiedade e entusiasmo.

RHIVIA (PENSANDO): — Um projeto especial... Isso pode ser a oportunidade que eu estava esperando.

De volta à minha mesa, tento me concentrar no resto do trabalho, mas minha mente não para de pensar no que está por vir.

RHIVIA (PENSANDO): — Desafios nunca me assustaram, mas isso... isso parece maior. Vamos ver o que o destino reservou.

Volto para minha mesa, tentando controlar a enxurrada de pensamentos. A oportunidade de liderar um projeto especial pode ser um divisor de águas na minha carreira, mas também sinto o peso da responsabilidade.

Pego a agenda do dia e sigo com as tarefas. A manhã passa em um piscar de olhos, entre e-mails, ligações e os inevitáveis pedidos de última hora.

Por volta das 11:30, Silvia aparece na minha mesa com aquele sorriso que nunca chega aos olhos.

SILVIA: — Rhivia, ouvi dizer que o senhor Johnson está confiando em você para um projeto importante. Parabéns!

RHIVIA (PENSANDO): — Lá vem. Sempre com aquela falsa gentileza.

RHIVIA: — Obrigada, Silvia. Ainda não sei muitos detalhes, mas vou dar o meu melhor.

SILVIA: — Ah, tenho certeza de que vai. Só espero que consiga lidar com a pressão. Projetos assim podem ser... complicados.

Ela lança um olhar que parece mais um aviso disfarçado de preocupação.

RHIVIA (SORRINDO): — Obrigada pelo conselho, Silvia. Mas acho que estou pronta para qualquer coisa.

Ela dá de ombros e se afasta, enquanto eu suspiro aliviada por aquele momento desconfortável ter passado.

RHIVIA (PENSANDO): — Silvia nunca perde a chance de tentar me desestabilizar. Mas hoje, ela não vai conseguir.

Pouco depois, o relógio marca 12:30. É hora do almoço com o senhor Oliveira. Organizo os documentos necessários e sigo para a sala do senhor Johnson, onde ele já está à minha espera.

LUÍS JOHNSON: — Pronta, senhorita Salles?

RHIVIA: — Sim, senhor. Aqui estão os documentos e as propostas que serão discutidas.

LUÍS JOHNSON: — Perfeito. Vamos.

O almoço acontece em um restaurante sofisticado, com um ambiente que exala luxo e formalidade. Durante a reunião, mantenho-me atenta, tomando notas e intervindo apenas quando necessário.

RHIVIA (PENSANDO): — Não importa o quanto eu me prepare, ainda fico nervosa em situações assim. Mas meu trabalho é garantir que tudo corra bem.

Quando a reunião termina, o senhor Oliveira parece satisfeito, e o senhor Johnson me dá um aceno discreto, indicando que tudo saiu conforme o planejado.

De volta ao escritório, sinto o cansaço começar a pesar, mas ainda tenho muito a fazer.

RHIVIA (PENSANDO): — Dias como hoje me lembram por que amo o que faço. Apesar de tudo, cada pequeno desafio é uma chance de provar meu valor.

No final da tarde, Luís Johnson me chama novamente à sua sala.

LUÍS JOHNSON: — Aqui estão os detalhes do projeto especial. Quero que você revise tudo e, amanhã cedo, me apresente um plano inicial.

Ele entrega um envelope com documentos confidenciais.

RHIVIA: — Entendido, senhor. Não vou decepcioná-lo.

LUÍS JOHNSON: — Sei que não vai, senhorita Salles.

Saio da sala com o envelope em mãos, sentindo

uma mistura de ansiedade e determinação.

RHIVIA (PENSANDO): — Este é o momento que eu estava esperando. Não importa o quão difícil seja, vou mostrar que sou capaz.

Ao chegar em casa naquela noite, sento-me no sofá com os documentos e começo a estudar cada detalhe.

RHIVIA (PENSANDO): — A partir de agora, não há espaço para erros. É tudo ou nada.