Acordo cedo como de costume, foram anos acordando de madrugada para preparar o café da manhã impecável antes do seu Paulo e a dona Marisa saírem para trabalhar.
Fico pensando se não seria muito invasivo entrar na cozinha e preparar o café da manhã para a família do seu João, mas prefiro arriscar e deixo uma mesa bem bonita esperando por eles.
A casa estava limpa, mesmo assim fiz o que faltava ser feito e sempre tomando cuidado para não acordar ninguém. Quando estava tudo pronto o seu João e a dona Glória desceram.
Glória: Cheiro de café…
João: Bom dia Júlia.
Júlia: Bom dia seu João, bom dia dona Glória… eu fiz um café da manhã simples, espero que não se incomode por eu usar sua cozinha, mas garanto que deixei tudo limpinho.
Eles se olham.
João: Júlia, eu nem sei o que dizer… Não ficamos incomodados por você usar a cozinha, mas você não precisava ter feito isso menina…
Dona Glória não respondeu nada, apenas foi até a cozinha. Vamos atrás dela e ela estava parada olhando a mesa.
Júlia: Me desculpe dona Glória, eu só queria retribuir a ajuda que me deram de alguma forma.
Ela me olha com um meio sorriso.
Glória: Não estou chateada com você menina, só estava planejando acordar e preparar o café da manhã para você, não encontrar a mesa já pronta.
João: Júlia, sei que é acostumada a fazer isso todos os dias, mas na nossa casa você não precisa fazer isso.
Glória: Isso mesmo, Júlia, você deveria estar dormindo uma hora dessa, eu só vim preparar o café do meu marido e estou voltando para cama.
Rimos.
Júlia: Prometo não fazer mais isso, mas vou deixar claro, eu não sou do tipo de pessoa que aguenta ficar quieta, então enquanto estiver aqui vou ajudar no necessário.
Glória: Tudo bem menina, também tenho que admitir que essa cozinha está muito cheirosa e essa mesa apetitosa, não vou negar sua ajuda.
João: Isso é verdade!
Eles sentam.
Júlia: Eu vou coar esse café e já me junto a vocês.
Enquanto passo o café, Virgínia chega e se junta na mesa. Foi uma manhã totalmente diferente das que eu costumava ter.
Júlia: Dona Glória, com o que a Virgínia trabalha?
Glória: Ela trabalha de doméstica na casa de uma madame, você pensa em ficar na mesma área?
Júlia: É o que sei fazer dona Glória, cozinhar e limpar.
Ela sorriu.
Glória: Ainda bem que você tem um tempo antes de começar a procurar emprego, aproveite para descansar um pouco e guarde o seu dinheiro.
Júlia: Como assim dona Glória? Eu quero conseguir um emprego o mais rápido possível, só não saí hoje porque tenho imunidade baixa e com essa chuva vou acabar pegando uma gripe, mas de amanhã não passa! Se estiver chovendo, a senhora me empresta um guarda-chuva?
Sorri para ela.
Glória: Calma menina, para que tanta pressa? Com os anos de trabalho que tem naquela casa, vai pegar um bom dinheirinho… pode até juntar durante o tempo que passar aqui em casa, despesas na minha casa você não terá.
Eu continuo sem entender.
Júlia: De que dinheiro a senhora tá falando dona Glória? Eu não tinha um trocado para pagar a passagem de ontem… morri de vergonha quando o seu João disse que ia pagar.
Glória: Espera menina, não te pagaram nada? E o tempo trabalhado? Você não fazia duas funções?
Júlia: Todo fim de mês a dona Marisa colocava na ponta do lápis todos os meus gastos com comida, moradia e algumas coisas que eu precisava comprar, como absorventes, óleo para o cabelo…
Glória: Espere um pouco, Júlia, você pagava para trabalhar!? É isso mesmo que estou ouvindo?
Júlia: É que eu morava lá também…
Glória: Era obrigação deles menina! Para de falar como se aquela família prestasse, você não está vendo que te usaram esses anos todos?
Ela fala bem alto.
Júlia: Eu sei que a dona Marisa e o seu Paulo são um pouco difíceis, mas eu devo a minha vida a eles dona Glória, a minha vida…
Ela balança a cabeça e põe a mão na testa.
Glória: Bem que o meu marido disse, você não gira bem menina.
Júlia: Mas é claro que eu giro bem, olha só.
Levanto e dou um giro, ela começa a rir e eu também.
Glória: Júlia, você é muito engraçada.
...Virgínia…...
Saio de casa com o papai e no ponto de ônibus sou surpreendida pelo irmão da minha patroa.
Kaique: Virgínia?
Ainda bem que o meu pai já havia ido, o seu Kaique vive se atirando para mim desde que voltou dos Estados Unidos, pior que ele é bonito e eu não sou boba nem nada para dispensar um pedaço de mal caminho desse.
Virgínia: Senhor Kaique, oi… o senhor por aqui?
Kaique: Pois é, coincidência não? Tô indo para casa, entre aí que eu te levo.
Virgínia: Senhor Kaique, o meu ônibus está vindo e eu não estou atrasada.
Kaique: Com essa chuva você vai dispensar a minha carona?
Ele sorri para mim e eu não resisto.
Virgínia: Tá bom, o senhor me convenceu.
Ele abre a porta do carro e eu entro de pressa.
Virgínia: Obrigada viu, com essa chuva a cidade pode ficar engarrafada.
Kaique: Fica tranquila vi, você é quase da família já.
Ele põe a mão na minha coxa e eu sorrio um pouco trêmula. Seguimos o caminho todo em silêncio, mas por vezes ele me olhava e eu sorria sem jeito.
Kaique: Vi, eu vou ter que passar na empresa para resolver algo urgente, você pode subir a pé? Me desculpe.
Virgínia: Que nada, senhor Kaique, vai lá e resolve o seu problema, me ajudou muito.
Ele sorriu e eu saio do carro.
Ele me deixou na entrada do condomínio, eu teria que andar de qualquer forma se tivesse ido de ônibus.
Virgínia: Bom dia.
Dou bom dia aos porteiros e sigo para a casa da dona Emily.
A dona Emily é irmã mais velha do Kaique e minha patroa, ela vivia apenas com a filha dela (Lua), separou do marido faz quase um ano, e agora o irmão veio morar com elas, mas eu nem sei o motivo, ele sempre gostou tanto dos Estados Unidos.
Chego na mansão, falo os seguranças e vou para dentro.
Virgínia: Bom dia dona Emily, bom dia Lua linda.
Lua: Bom dia giginia.
Emily: Bom dia, Virgínia! Eu queria te pedir uma coisa.
Virgínia: Pode falar patroa.
Emily: Começa pelo meu escritório hoje? Vou receber um amigo hoje.
Virgínia: É o vizinho bonitão?
Emily: Virgínia…
Pisco para ela e vou para a cozinha. Falo com as minhas colegas e vou direto para o banheiro colocar a minha farda.
Após arrumar o escritório da dona Emily eu saio e me deparo com o vizinho bonitão na sala, a Lua deve tá com a babá e a dona Emily com certeza que vai desfrutar do tempinho livre com o vizinho bonitão.
Passo por eles que vão para o escritório em seguida. Vou para a cozinha beber água e acabo entrando no assunto da Júlia com as meninas.
Virgínia: Olha, eu juro que se aqui tivesse um lugar sobrando pediria para a dona Emily colocar a garota, ela é tão boazinha.
Emily: De quem está falando Virgínia?
Virgínia: Ai que susto dona Emily… eu só estava falando com as meninas que tem uma moça lá em casa precisando de emprego, que se aqui tivesse precisando eu falaria com a senhora… dona Emily, a mulher tem mãos de fada, cozinha como ninguém.
Emily: Entendi.
Virgínia: Mas e o vizinho? Ele já foi embora tão rápido?
Emily: É, recebeu uma ligação importante.
Virgínia: Ah, entendi…
Por cima do ombro dela vejo o Kaique passar.
Virgínia: Por falar em ligação importante…
Digo sussurrando.
Emily: O que disse?
Virgínia: Não, nada… deixa eu voltar para o meu serviço.
Pego a vassoura e vou em direção à sala.
...Fotos dos personagens apresentados…...
Kaique…
Emily…
Lua…
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Quase cinquentona🥴🥺😔😩
Coitada, era escrava e não sabia 🥴
2024-07-31
162
Helena Ribeiro
É isso mesmo não ganhava nada, só um material pra estudar cadernos de matemática e português e ciências canetas e um lápis 📝✏️ e uma borracha
2024-12-16
0
Erika Batista
KKKKKKKKKKKKKKK, a mentalidade da criatura. Tá parecendo Mari mar ou Maria do bairro (quem assistiu sabe como a personagem era inocente no início)
2024-10-04
7