Azul Escuro

...Chamada, Lipe...

- Oi Gus, cadê você?

- Estou indo. Diz Gus com a voz falhando.

- Okay. Está bem? Está com a voz estranha.

- Estou sim, deve ser porque eu acordei agora.

- Dorminhoco como sempre em meu garoto.

- Huu vou desligar, em 10 minutos eu desço.

- Até já.

Gus se levanta e vai ao banheiro tomar um banho quente rápido. Veste uma calça cinza com alguns rasguinhos na altura da coxa e coloca uma camisa amarela. Descendo pelas escadas da varanda não queria encontrar seu pai ou sua mãe pelo caminho.

- Oi, Lipe. Diz Gus entrando no carro.

- Oi, Guzinho. Vamos?

- Sim, e porque você está dirigindo se ainda não tem 18 anos?

- Confia. Diz Lipe abrindo um sorriso largo e dando a partida no carro.

- E a Mary? Cadê?

- Ela disse que ia esperar na entrada do shopping.

Assim os dois garotos seguiram em silêncio, o que Gus gostou, se tinha uma coisa que ele ama é o silêncio. Chegando no local combinado Mary estava lá com uma blusa leve cinza, uma calça jeans preta e uma bolsa também preta.

- Porque não me avisaram que iriam vir produzidos? Tinha colocado algo melhor. Diz Mary cobrindo o rosto com as palmas da não.

- Ai, tu sempre dramática. Fala Lipe virando os olhos e soltando um suspiro.

- Amado. Olha você vestido com essa camisa de manga curta vermelha, calça preta, até cinto está usando, parece que você vai a um encontro e não comprar roupas. E Gus também todo arrumadinho, e nem me avisou que vinha. Estou como um peixe fora d'água. Fala a garota com uma cara emburrada.

- Eu não vinha, Lipe que insistiu, ele não disse a você? Fala Gus.

- Não disse não, nunca me diz nada.

- Meu Deus, quanto melodrama, vamos logo ou iremos passar o dia falando aqui? Diz Lipe com um tom um pouco irritado.

- Ok, tem algumas lojas no primeiro andar interessantes. - Me sigam rapazes. Mary passa seu braço por dentro do de Lipe.

O trio sai andando para as lojas. Gus age como uma criança que estava vendo aquilo tudo pela primeira vez, com um olhar curioso olhava em todas as direções vendo aquele fluxo de pessoas, mesmo que ainda fosse um dia de semana, o local tinha bastante gente, algumas sem nada nas mãos e outras carregadas de sacolas com nomes de diversas lojas, de certa forma aquilo é fascinante para o garoto, depois de tanto tempo sem ver uma cena dessas, acordando do seu transe ver a cena da sua amiga grudada em Lipe e acha um pouco estranha, já que nunca tinha visto nada parecido.

- Essa aqui é a minha favorita, talvez nem precisaremos ir em outra, mas vamos primeiro escolher um terno para os dois. Fala Mary entrando na loja repleta de roupas para festas.

A garota pega um terno preto e entrega a Lipe.

- Vai, entrar no provador e não demora. Diz a garota sorrindo para o outro.

- Nossa, quer mais mandona que isso?

- Vai Lipe rápido.... Gus, não quer dar uma olhada para ver se gosta de algum?

- Ok, eu vou dar uma volta aqui na loja.

Gus estava um pouco surpreso, não tinha visto esse lado da amiga ainda, apenas o que se mostrar na escola, mas é assim, todo mundo tem vários lados, pensou o garoto. Seguindo pela loja, ver um homem vindo em sua direção. Estava começando a achar que fez algo errado, até que o homem se apresenta.

- Olá, eu sou o Ben e trabalho aqui. Procurando algo em específico? Diz o rapaz com um sorriso radiante.

- Olá, me chamo Gustavo, na verdade estou procurando um terno para hoje, mas não sei como ou o que escolher.

- Vamos ver. Temos o básico, que é o preto, até mais trabalhados com diversos detalhes.

- Acho que prefiro um básico mesmo. Nada para chamar a atenção e que custe caro. Guz abre um sorrisinho de canto.

- Okay, me siga por favor.

Gus segue o rapaz, para ele era curioso uma pessoa jovem trabalhando ali, esperava alguém nas faixas dos 40 ou 50 anos, já o homem não devia ter mais de 20 anos, seus cabelos eram loiros, raspados na lateral em degradê e formava um topete pequeno no topo da cabeça, sua boca chamava a atenção pela tonalidade rosada e seu olho era verde, tinha um corpo não muito malhado, porém já era visível alguma definição.

Parando em frente a vários ternos, Gus se sente mais perdido ainda, não fazia a mínima ideia de como começar aquilo, Ben vendo a confusão no rosto decide ajudá-lo mais. Escolhe três ternos que estavam perto.

- Olha Gustavo, esse três aqui, porque não começa por eles? Tem problema com esse azul escuro?

- Não.

- Ótimo, ali é uma cabine, vai lá provar, vou esperar aqui para ajudar a escolher.

Gus pega as vestimentas da mão do rapaz e vai em direção ao provador, veste o primeiro e o segundo terno, ambos preto, mas não se sente confortável neles pega o terceiro, o azul escuro, veste, se sentiu confortável, mas não confiante, e se ficasse parecendo um pateta com aquele ali. Resolveu sair do provador para saber a opinião de Ben.

- Então, o que você achou desse? Disse Gus tentando disfarçar o nervosismo.

- Está ótimo. Você se sente bem nele?

- Ok, acho que sim... pelo ao menos mais que nos outros.

- Então vai ser esse mesmo?

- É, vai ser.

Gus dá meia volta e entra novamente no provador, tira tudo e quando estava terminando de vestir sua calça jeans de volta acaba escorregando no chão liso por conta da sua meia e vai ao chão batendo contra a parte de trás da cabine de madeira causando um barulho alto no local.

- Está tudo bem? Pergunta o vendedor encostado na entrada no provador.

- Está sim, só desequilibrei e caí.

Gus faz uma careta levantando e passa a mão na cabeça no local que passou e sua mão sai um pouco suja de sangue, fica preocupado, pois pode ter cortado feio a cabeça, não teria outra opção a não ser pedir para Ben olhar. Se preparando mentalmente para chamar o rapaz ele fala.

- Ben você poderia olhar se minha cabeça está cortada?

- Claro. Diz o rapaz entrando no provador.

Ao olhar constata que não foi um corte de se preocupar, estava apenas sangrando localmente e bem pouco, mal se via.

- Está tudo bem, não é nada demais. Na loja temos um kit de primeiros socorros, eu posso limpar isso. Eu vou só vestir sua camiseta, ok? Sua mão está suja de sangue.

- Tudo bem.

Ben veste a camisa em Gus e pega o terno que o rapaz tinha escolhido.

- Vamos lá no fundo, o kit está lá.

Os dois seguiram para o fundos da loja, Gus ainda não tinha percebido o quão longo era aquele lugar cheio de ternos e vestidos de todo estilo e forma. Poderia muito bem trabalhar ali, pensou, tudo era tão lindo e esplêndido. Acorda de mais uma das suas divagações com Ben chamando.

- Ei Gustavo senta ali.

- Tá bem, e pode me chamar de Gus.

O vendedor vai até uma sala que fica ali perto, voltando com uma maleta, tira o que precisava de dentro, pega uma cadeira e se posiciona atrás do rapaz mais novo. Gus estremece um pouco com a aproximação do mais velho, porém estava mais calmo por saber que não tinha nada demais na cabeça, o rapaz tem seu nariz invadido pela fragrância do perfume suave que Ben usava, nesse momento sentia suas bochechas queimarem e não conteve o sorrisinho com aquela situação e sensação.

- Terminei aqui. Mas você sujou sua mão e pelo visto o pescoço também.

Ben pega a cadeira e se posiciona na frente de Gus, pega a mão do rapaz e passa de maneira suave um pano molhado limpando, em seguida passa no seu pescoço, Gus estava totalmente hipnotizado pela face concentrada que Ben tinha, como alguém pode se dedicar tanto a algo tão simples como isso, pensou, mas, com vergonha desvia o olhar do rapaz a sua frente.

- Você tem um cheiro tão bom e é tão delicado que parece que vai quebrar a qualquer momento Gus.

O garoto envergonhado volta a olhar para a frente e encontra um Ben compenetrado e bem próximo do seu rosto, podia sentir a respiração do loiro bater na sua face, surpreso prende a sua respiração, seus olhos estão completamente vidrados um no outro. Gus olha para a boca incrivelmente rosada do rapaz...

- Gus! porque você veio para essa parte da loja, sabe o quanto eu já te procurei? Diz Lipe passando no meio de uma fileira de ternos que estava ali.

Os dois que estavam em transe até alguns segundos atrás, despertam e voltam a sua posição normal. Ben se levanta com a maleta em mãos e vai a sala deixar tudo, Gus repete o gesto e também se levanta indo para próximo do amigo.

- Eu acabei caindo e soltando um pouco de sangue pela cabeça, aí o Ben me ajudou, e por isso estou aqui, não foi nada demais. Fala Gus explicando a situação ao amigo.

- Huuu. Resmunga Lipe olhando para a sala que o vendedor vinha saindo.

- Vamos lá para a parte da frente, irei embalar seu terno. Disse Ben olhando para Gus.

- Certo, vamos Lipe. Já escolheu o seu?

- Ainda não.

- Não, ele não escolheu por que não pode passar um minuto longe de você Gus. Diz Mary saindo pela mesma fileira de terno que Lipe tinha saído há algum tempo.

Os quatro seguem para a parte da frente da loja, Ben entrega o embrulho com o terno de Gus.

- Olha nos bolsos quando abrir. Diz Ben baixo o suficiente só para Gus ouvir e se vai entre as roupas de festa que ali tinha.

Gus se vira e vai em direção aos amigos.

- Vamos escolher logo ou você quer colocar uma coleira no Gus também Lipe? Pergunta Mary em um tom irritado.

- Okay, mas eu já tenho o meu favorito, é aquele vermelho que às vezes parece que tá brilhando quando se move.

- Ele brilha?... Pergunta Gus sorrindo.

- Não é que ele realmente brilha, só parece. Explica Lipe.

- Tá bem Lipe, entra na cabine, e tira a roupa, para provar, eu vou pegar ele para você. Fala Mary saindo do local.

Lipe vai em direção a cabine e Gus se senta em um banco que estava ali esperando, Mary vinha com o terno em mãos e entra dentro da cabine, se eles andando de braços dados já estava estranho, aquilo deixou Gus mais confuso ainda, será que eles estavam em uma relação e não contou a ele por pena, pensou o rapaz confuso em seu banco.

- Porque você entrou aqui Maryyy! Lipe falou alto suficiente para metade da loja ouvir aquilo.

- Logo depois Mary sai de dentro com uma cara de desapontada e irritada, indo em direção a Gus se sentando no banco.

- Lipe tem momentos muito estourados. Disse a garota

- Mas porque você entrou lá? Pergunta Gus.

- Porque eu ia entregar o terno a ele. Fala a garota fazendo pouco caso.

- Mas poderia ter colocado o braço para dentro da cabine com o terno.

- Affs até você Gus. Diz Mary em tom ríspido.

- Okay, não sabia que você é tão estressada fazendo compras.

- Não sou, eu só quero ser prestativa, mas parece que não se importam. Fala de maneira desanimada a garota.

- Claro que nos importamos. Mas, pode ser menos prestativa. Diz Gus pegando na mão dela.

- Tudo bem, você sempre sendo um bom amigo.

Lipe sai de dentro do provador e todos ficam olhando o quanto perfeito ficou, por assim dizer, o rapaz com traços norueguês dentro daquele terno.

- Está bom?

- Está ótimo. tanto Mary quanto Gus disseram.

- Então vai ser esse.

A escolha de Mary foi bem mais rápida do que se esperava, escolheu um vestido vermelho com detalhes de rosas em tom preto, que ia até a altura dos tornozelos, vindo acompanhados de saltos também vermelho. Após isso foram embora da loja com suas compras, almoçando ali mesmo no shopping e seguindo para casa, Mary se despediu na entrada do local, já que sua casa ficava ali perto. Lipe e Gus fizeram a viajem de volta no corro.

- Chegamos. Disse Lipe parando em frente a casa de Gus.

- Obrigado.

- Você devia tomar mais cuidado com as pessoas quando sair.

- Mas eu tomo, e que conversa estranha é essa Lipe?

- Digo porque você estava muito perto do carinha da loja lá.

- Óbvio, ele estava limpando meu ferimento e meu pescoço sujo de sangue.

- Então você deixou ele pegar em seu pescoço também, nunca mais deixo você sozinho. Lipe diz em tom irritado.

- Meu Deus, que surto, eu posso ter contato com outras pessoas também, não vou ficar apenas com você e a Mary para sempre. Diz Gus que começava a se irritar com os excessos de cuidado do amigo.

- Huu. resmungou Lipe.

- Venha me pegar às 19:30. Falou o garoto saindo do carro.

- Okay.

Lipe deu a partida no carro e voltou para casa. Gus entra em sua casa e vê que já não tinha mais ninguém lá, isso o deixava aliviado, subiu para seu quarto para tirar um cochilo antes da noite, não queria ficar com sono enquanto estivesse no baile.

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