Verdade ou mentira?

Melissa estava em frente a um grande lago, cercado por montanhas altas onde dava para ver os cumes brancos de neve. Atrás dela surgir uma floresta densa, onde os troncos das árvores eram largos. Uma paz e uma saudade apertou seu coração. Estava confusa, pois não sabia de onde vinham os sentimentos.

De repente ouve um barulho, do meio das árvores um grande lobo cinza caminha tranquilamente, ela não sente medo, sente que conhece o animal e que não precisa temê-lo. Ele para rente à água e começa a beber. Uma linda águia dá um rasante na superfície do lago, circula Melissa e depois pousa em um galho de uma árvore muito próxima à mulher. O lobo termina de saciar a sua sede e senta ao lado dela. No lago dois peixes-dourados nadam, fazendo acrobacias, entrando e saindo da água. Mas Melissa sente que está faltando algo ou alguém.

“Draco precisa de ajuda”, o lobo disse.

A mulher olhou espantada, pois não viu a boca do animal se mexendo.

— Quem disse isso? — Perguntou em voz alta.

“Eu sou Lupus, o elemental da terra”, o lobo baixou a cabeça em saudação. “Terra e o fogo, estão intimamente entrelaçados. Devido a isso eu tenho facilidade em falar com você telepaticamente”.

“Entendi. Você sabe onde está Draco? Não consigo falar com ele. Toda a vez que tento me dói a cabeça e me sinto estranha”, respondeu Melissa mentalmente.

“Há algo ou alguém interferindo entre vocês.”

“Como isso é possível?”.

“Magia negra. Você sabe onde está?”.

“Eu estou com o mago do fogo, chamado Nicolas, na casa dele. A casa dele fica em um alto prédio que dá vista para toda São Paulo”.

“Os magos do fogo, foram extintos há muito tempo, tivemos notícias de um único e quase morremos para achá-lo”.

“Não entendo”.

“Pense menina. Quando foi que parou de falar com Draco?”.

Melissa parou para pensar, desde que acordou no quarto com Nicolas, não conseguia falar com Draco, se sentia muito cansada e sonolenta como se sua energia estivesse sendo drenada.

“Desde que acordei onde estou”.

“Como foi que você acordou?”.

Ela levou a mão no pescoço para o pingente que ganhou, nervosa. “Eu acordei em uma cama estranha, vestindo roupas estranhas e com o cara estranho. Mas anteriormente eu tinha acordo nua em um necrotério com uma estranha voz na minha cabeça, então me dá um desconto”.

“Temos que ir”, o lobo levantou. “Pense Melissa, algo está interferindo em sua comunicação com Draco. A menina Clara foi levada também. Temos um inimigo e não sabemos quem é. Não confie em ninguém, somente em você”.

“As outras estão bem? O que aconteceu com Clara?”.

“Fomos emboscado e um corpo-seco a levou. Acreditamos que o homem que levou você é o mesmo que levou Clara. Não confie em ninguém”.

O lobo correu de volta para a floresta. A águia levantou voo e o seguiu. Os peixes sumiram de vista e a paisagem mergulhou em um silêncio mortal. No horizonte, surgiu alguém caminhando, conforme ele chegava mais perto, Melissa reconheceu Nicolas. Ela levantou de onde estava e foi de encontro a ele.

— Vim te buscar. — Nicolas pegou sua mão e a puxou para si. — Estive te procurando por todo o dia. Você precisa voltar.

— Eu não entendo. Voltar para onde?

— Voltar para mim. Aqui não é seu lugar. Precisa acordar Melissa. E voltar para mim.

Ela balançou a cabeça afirmativamente. Estava confusa e com medo. Deu dois passos para trás e olhou bem o homem a sua frente. Uma sombra negra o envolvia, como fumaça. Dela saiu um corvo negro com três olhos. Todos eles olhando para ela. Melissa gritou aterrorizada.

***

— Três dias. Três putos dias e não temos nada. — Gritou Adam, para ninguém específico.

Depois da emboscada dos corpos-secos e da batida da polícia à casa do Bixiga, Adam levou todos para uma casa, um outro lugar na zona sul. A casa era pequena, com três quartos sala, cozinha e garagem. Todos estavam confinados dentro dela naqueles dias. Derek o mago do fogo estava bastante machucado, devido às garras dos Jinns, sendo assim não poderiam realizar o feitiço de rastreamento para achar Melissa.

— Calma Adam. — Karen tocou o braço dele.

“Karen avisa a ele que conseguiu um contato breve com Melissa” — Lupus disse a Karen em sua mente.

“Você conseguiu? Como?”

“Terra e fogo são interligados, mas infelizmente o contato foi breve, pois a força maligna que está por trás de tudo isso estava à espreita da mente dela. Ela disse que está na casa do mago de fogo e que tem vista de toda a cidade de São Paulo”.

Karen repetiu todas as palavras ditas por Lupus a todos os presentes.

— Nossa ajudou muito. — Falou sarcasticamente Adam. — Em uma cidade como São Paulo, onde é uma selva de pedra vai ser facilzinho achar um prédio.

— Na verdade, é fácil. — Retrucou Liz. — Se não estou enganada, São Paulo tem cinco ou seis prédios altos o suficiente para ver toda a São Paulo.

— O edifício Itália, é um deles. — Lucas sentado no sofá da sala ao lado de Liz disse. — Mas nós Silfos gostamos mais do que é chamado Banespão. Devido ao mirante.

— Este prédio é comercial. Eles não vão estar lá. — Adam parou de andar de um lado para outro e sentou no braço do sofá onde Karen estava.

— Me empresta seu celular. — Pediu Karen para Adam. Ele retirou o celular do bolso e entregou desbloqueado para ela. — São sete prédios: Mirante do Vale. Edifício Itália. Edifício Altino Arantes. Jabuticabeiras. Edifício Magnólias. Zínias. Ipês.

— Sete lugares diferentes. Podemos nos dividir.

— Não Liz. — Adam interrompeu a menina. — Enquanto não descobrimos o que está acontecendo, não vamos nos dividir. Não podemos simplesmente perder mais uma de vocês.

— Adam tem razão. Temos poucos braços para lutar. Cinco Silfos e três lobos...

— E duas elementais. Não vai nos deixar fora desta. — Karen cruzou os braços e desafiou o loiro.

— Vocês precisam ficar em segurança...

— Besteira. — Karen se levantou do sofá e olhou primeiro para Adam e depois para Lucas. — Escuta os dois, não vamos ficar em uma bolha de plástico para nossa proteção. Iremos lutar com vocês, temos poderes e não somos frágeiszinhas. Tire o cavalinho da chuva, se acha que vamos ficar fora dessa. — Todos sentiram um leve tremor no chão quando ela terminou de falar.

— Karen... — Adam começou.

— O plano é o seguinte. — Karen o ignorou. — Vamos esperar a noite, quando tem menos humanos. Iremos em cada um dos prédios investigar até achar o certo. Independente se ele é comercial ou não.

Adam quis protestar contra o plano, mas sabia que seria inútil. Deixaria a ruiva ganhar por hora, mas na primeira oportunidade pediria a Lucas para colocá-las para dormir e as levar a um lugar seguro. Ele estava convicto que algo ou alguém estava passando informações sobre os passos do grupo, pois a batida policial não foi ao acaso.

***

— Melissa! — Nicolas segurou as duas mãos da garota, antes que ela batesse nele. Os dois estavam no seu quarto novamente. — Ei pequena, sou eu.

Melissa estava ofegante, com os olhos arregalados e trêmula. Os resquícios do sono ainda invadindo sua mente. Deixou-se ser abraçada pelo homem, enquanto tentava fazer seu coração voltar a batida normal.

— Você voltou para mim.

— Eu... — Ela engoliu em seco. Sua garganta raspando. — Água por favor.

— Claro. Um minuto. — Nicolas levantou e foi pegar uma garrafa de água do frigobar no canto do quarto. Voltou para cama, abriu e a ajudou a tomar. — Devagar pequena.

— O que houve comigo? — Perguntou ao limpar a boca com o dorso da mão.

— Você caiu no sono após o jantar e dormiu por três dias seguidos. Tentei te acordar, várias e várias vezes e não consegui. Usando de magia, entrei em seus sonhos e a trouxe de volta.

— Você pode entrar na minha mente? — Perguntou assustada.

— Não. Só em seus sonhos. — Levantou o braço e acariciou seu rosto.

Melissa afastou-se do contato e levantou da cama. — Preciso ir ao banheiro. — Se desculpou, e correu para lá, fechando a porta atrás de si, foi até o espelho se olhar.

Seus cabelos pretos formavam cachos soltos e iam até o meio das costas. Seu rosto estava magro, com olheiras e pálido. Pensou em Draco e sentiu uma leve tontura que fez com que se segurasse na pia. Olhou para o seu reflexo e viu o coração cintilar. Aquilo a deixou intrigada. Lembrava que quando viu ao pingente pela primeira vez, a cor do mesmo era um rosa pálido. Agora estava um vermelho rubi.

— Melissa. — Chamou Nicolas do lado de fora. — Está tudo bem?

Ela respirou fundo e lembrou da conversa com o elemental. Precisava disfarçar e saber o que exatamente estava ocorrendo. — Não. Pode me ajudar?

Ele entrou no banheiro e parou atrás dela colocando as mãos em sua cintura. — O que foi pequena?

— Minha cabeça dói. Dói tanto que não consigo pensar direito.

Ele a abraçou, e ela deitou a cabeça no ombro dele. No espelho mostrava um lindo casal. Melissa era alta, um metro e oitenta de altura enquanto Nicolas tinha um e noventa. Ambos morenos, só que ele com a pele dourada e ela com um tom de chocolate.

— Você usa lentes de contato? — Melissa perguntou olhando os olhos negros dele através do espelho.

— Não.

— Eu jurava que seus olhos eram verdes escuros.

Nicolas deu um beijo e sua bochecha e sorriu. — Já foram um dia. Mocinha deve voltar para cama e descansar.

— Preciso de um remédio. Você tem algum?

— Eu devo ter Dipirona em algum lugar...

— Sou alérgica. Único remédio que posso é o ibuprofeno. — Sorriu desanimada.

— Tudo bem. Vou até a farmácia buscar para você.

— Não quero te dar trabalho...

— Não é trabalho nenhum. Quero você bem. — Nicolas virou seu rosto e a beijou. O beijo começou casto, evoluiu para algo quente. Ele mergulhou suas mãos nas curvas dela. Sentiu ela levar as mãos em seu cabelo e puxá-los para ela, virando seu corpo para ele. Aproveitou e apertou a bunda dela trazendo seu corpo para ele

Melissa soltou os lábios e deu um profundo gemido apreciativo. Estava completamente sem fôlego. Nicolas foi descendo os beijos pelo queixo e pescoço, indo e vindo, enquanto que com uma mão trouxe uma de suas pernas para cintura dele. Ultrapassou a barreira da camisola vermelha que ela usava novamente e mergulhou os dedos por entre seus cachos.

— Você está molhada. — Nicolas sussurrou em seu pescoço e em seguida mordeu o vão entre o ombro.

— Ni...

— Eu esperei muito por você. Tantos anos solitários. Preciso de você agora. — Rosnou as palavras enquanto a colocava a outra perna dela em sua cintura e a abraçava. Caminhou com ela até a cama a depositando com extrema delicadeza. — Não diga não, por favor. — Pairou em cima dela e aguardou sua resposta.

Melissa estava muito confusa com tudo. Seus instintos diziam para correr, em sua mente a conversa com Lupus voltava e em seu coração dizia para agarrá-lo e se perder naquele olhar negro. Ele a beijou novamente e ela cedeu o abraçando e desfrutando daquele calor.

“Por favor, não me traia”, foi seu último pensamento antes de se entregar ao ato de amor.

***

Nicolas saiu do elevador assobiando. Pela primeira vez em muitos anos estava em paz. Parecia que todo o peso do mundo tinha saído de suas costas. Se sentia leve. Cumprimentou o vigia noturno. Ao olhar para o relógio de pulso, se surpreendeu com a hora avançada. O céu estava colorido, os tons claros do dia dando lugar para os escuros da noite. Respirou fundo e quando ia entrar em seu carro estacionado na frente do prédio com o chofer o aguardando, um homem o barrou.

— Vejo que está aproveitando dos prazeres da elemental do fogo. — Sua voz em um tom de cascalho, feria os ouvidos de quem escutava. — Quem brinca com fogo, será queimado.

— Zeniti. O que você quer? — Nicolas perguntou, olhando para o homem albino em sua frente. Os olhos de translúcidos o inquietava. Zeniti era um humano transformado por Leviatã. Um ser obscuro com quem ele fez um acordo para trazer sua amada Alicia de volta.

Quando Leviatã, possuía um humano, este perdia toda a cor. Transformando em um humanoide de extrema força. Quem perdia totalmente a sua humanidade, emoções, senso do certo e errado etc.

— Meu mestre, mandou dizer que seu tempo está acabando.

— Eu sei. Tenho duas das quatro elementais e irei conseguir tudo o que é preciso, como foi prometido. E espero que ele cumpra sua parte.

— Meu mestre sempre cumpre seus acordos.

— Eu assim espero. — Dando as costas para a criatura, caminhou para o carro. O vento frio do início da noite, trouxe um jornal voando que grudou em sua perna. Pegando distraído jogou na lixeira mais próxima. O que ele não viu foi a manchete de primeira página.

“Vandalismo no cemitério da vila formosa.

Na manhã de hoje, Sebastião Venâncio, coveiro do cemitério da Vila Formosa se deparou com uma situação estranha. Um túmulo recente, foi revirado. Ao investigar, foi constatado que o corpo foi levado pelos vândalos. Este é o quinto caso de sumiço de corpos neste mês. E por coincidência, este desaparecimento também foi de uma jovem.

Em entrevista com o senhor Venâncio, o mesmo afirmar categoricamente que o caixão por dentro continha marcas de arranhões, trazendo mais estranheza para o caso”.

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