A brisa suave da manhã acariciava as árvores ao redor, enquanto o sol aparecia lentamente, tingindo o céu com tons azulados. À porta do cartório, Alicia chega, com os olhos marejados de emoção, estendeu os braços para envolver Tamara em um abraço caloroso. E Tamara, determinada, segurava firme a mão de Cíntia, que parecia hesitante e nervosa.
No ar, uma mistura de ansiedade e expectativa pairava enquanto o trio se reunia diante da imponente fachada do cartório. Do outro lado da rua, a praça estava repleta de vida, com crianças brincando e casais passeando de mãos dadas, criando um cenário de serenidade contrastante com a agitação interior do grupo.
Alicia, com a voz embargada pela emoção, dirigiu-se a Cíntia com compreensão.
"Cindy, eu sei que isso é difícil para você. Se quiser desistir, agora é o momento. Não vamos te forçar a nada." Cindy era o apelido que todos usavam carinhosamente para Cíntia.
Enquanto isso, Tamara buscava transmitir calma e determinação a Cíntia, incentivando-a a não ceder ao medo.
"Cindy estamos desafiando um sistema que nos oprime. Não estamos fazendo nada de errado. Estamos usando o sistema contra ele mesmo. Ninguém vai te julgar por estarem juntas. E lembre-se, isso não é um casamento convencional. É algo só de vocês, algo que apenas nós três vamos saber."
Nesse momento crucial, envolvidas pela energia da manhã e pelo apoio mútuo, Alicia, Tamara e Cíntia se preparavam para dar o primeiro passo em direção a uma união que desafiaria convenções e fortaleceria os laços de amor e companheirismo entre elas?
Cíntia sentia o coração acelerar enquanto ponderava sobre as possíveis consequências de suas ações.
'E se eu acabar sendo presa por isso?', pensava ela, com um misto de ansiedade e determinação. A ideia de desafiar as normas estabelecidas a assustava, mas ao mesmo tempo a empurrava para frente, impulsionada pelo desejo de liberdade e autenticidade.
Enquanto observava o casal saindo do cartório, de mãos dadas e sorrisos nos rostos, Cíntia sentiu um aperto no peito ao perceber que seu próprio sonho sempre foi algo tão simples e tradicional. O conflito interno se manifestava claramente em seu olhar, refletindo a batalha entre suas convicções e os o desejos de fazer algo diferente.
Fisicamente, Cíntia era uma mulher de estatura média, com cabelos escuros que caíam em cachos suaves, era ela negra. Seus olhos castanhos expressavam uma mistura de determinação e incerteza.
Apesar de sua tendência em seguir padrões e buscar a ordem, Cíntia também era uma alma inquieta, sempre questionando o status e buscando significado em suas ações. Ela se via dividida entre o desejo de conformidade e a ânsia por autenticidade, lutando para encontrar um equilíbrio entre os dois mundos que habitavam sua mente.
Cíntia sentia- se uma profunda conexão com sua identidade brasileira, uma mistura vibrante de culturas e influências que se refletiam em sua própria existência. Sua tonalidade de pele era uma paleta de tons 'terrosos', que evocava as riquezas da terra e as diversas origens étnicas que compõem o povo brasileiro.Ela se reconhecia como parte integrante desse mosaico cultural, enxergando-se como uma representação autêntica do que significa ser brasileira. Mesmo que pudesse viajar para além das fronteiras do país, Cíntia sabia que sua aparência seria imediatamente reconhecida e associada à diversidade e à riqueza da nação que ela tanto amava.
...Alicia sentia o coração acelerado enquanto tentava disfarçar o nervosismo, mas sua ansiedade transparecia nas pequenas ações, como morder os lábios repetidamente, deixando marcas leves. Enquanto contemplava a decisão que estava prestes a tomar, uma mistura de emoções a invadia. Recentemente, havia perdido uma amizade, com Cíntia, e agora estava prestes a fazer um compromisso tão sério.
Ela era ruiva de olhos castanhos claros, seus cabelos andualados, faziam um chame, em seu rosto simétrico. sua identificação na sociedade, era como um ser livre que amava está em festas, e sair toda final de semana, as vezes na semana.
Diante das diferentes visões de mundo, Cíntia e Alice se veem imersas em universos distintos, moldados por suas experiências e crenças. Enquanto Cíntia defende fervorosamente sua fé e liberdade de expressão, Alícia, sensível às nuances da vida, busca compreender e ser compreendida, mas não dando chances a diálogos, a quem ela não considerava digna de ser uma ouvida.
Em meio a esse cenário de divergências, mal-entendidos surgem, não por malícia, mas pela complexidade das percepções individuais. Cíntia ao expressar suas convicções, muitas vezes é interpretada de forma equivocada, enquanto Alícia ferida por experiências passadas, encontra dificuldade em compreender as motivações de Cíntia.
Assim, mesmo em seus desentendimentos, ambas compartilham o desejo sincero de respeitar e serem respeitadas. No entanto, o caminho para o entendimento mútuo parece estar envolto em um véu de incertezas, onde as palavras se perdem no eco das próprias convicções e experiências de vida.
Tâmara começou a preparar as meninas, reunindo-as para uma última revisão antes de seguirem para o cartório de notas. O sol, inundava o pequeno escritório, destacando o brilho nos olhos determinados de cada uma.
"Vocês se conheceram na faculdade, há 3 anos atrás, e desde então começaram um namoro", explicou Tâmara, reforçando o roteiro cuidadosamente planejado para evitar qualquer erro.
Cíntia, com uma expressão pensativa, levantou uma questão: "Será que essas fotos nossas comprovam algo? Sempre estamos em grupos, e se eles alegarem algo?"
"Bom, essas fotos são para comprovar que vocês se conhecem há muito tempo, na faculdade. Por sorte, vocês têm duas fotos só de vocês. É uma precaução a menos", respondeu Tâmara, tranquilizando-as.
"Eu nem me lembrava desta foto aqui", comentou Cíntia, examinando uma das imagens.
"Claro que não, essa foto foi tirada espontaneamente, sem você saber. Afinal, você quase não gosta de fotos", brincou Tâmara, lembrando-se das preferências da amiga.
"Então eu falo que moramos juntas neste endereço aqui, mas e se eles forem investigar?", perguntou Alicia, preocupada.
"Fique tranquila, não vão investigar. Além do mais, essa casa é minha, na verdade dos meus avós. É um quintal com várias casas. Se precisar, o pessoal lá pode dizer que vocês já moraram lá antes e se mudaram. Não se preocupe", assegurou Tâmara, mostrando sua habilidade persuasiva.
"Está bem, e como comprovamos apenas com isso que estamos morando juntas?" indagou Alícia, ainda incerta.
"Bom, isso não será problema. Você se lembra quando fizemos uma conta conjunta solidária na faculdade? Era para todos nós, eu, você, Tâmara, Camila, Fábio e Celso. No final, só nós duas fizemos. Podemos usar isso como comprovante, caso seja necessário", sugeriu Cíntia, buscando soluções.
Após respirarem fundo e trocarem olhares de confiança, as duas seguiram em direção ao cartório de notas. Lá, foram recebidas por um funcionário prestativo, que ofereceu café enquanto explicava as opções disponíveis de união estável e mostrava as tabelas de preços. O ambiente tranquilo e acolhedor do cartório contrastava com a ansiedade que borbulhava dentro delas, enquanto se preparavam para dar mais um passo em direção ao seu objetivo comum.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Ivana Soares
Autora esse é o segundo livro seu que leio e estou amando a sensibilidade com que você escreve.
2024-05-23
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