Capítulo 11

Raiva....

Ódio....

Uma vontande imensa de acertar um tiro de sal na cara daquele imbecil....

Na verdade devia dar com o rifle mesmo....

Enquanto eu preparo o café eu sinto o peso da discussão da noite anterior ainda em meus ombros

As palavras ficam se repetindo e repetindo em minha cabeça e tudo que eu faço é remoer elas, me fazendo ferver de raiva

Assim que termino de fazer meu prato eu escuto Adrian entrar na cozinha

Eu apenas o ignoro e me sento a mesa.

Ele fica parado me olhando por um tempo mas eu continuo fingindo que ele não está ali....

Ele faz o prato dele, pegando os ovos, a torrada e um copo de suco e quando ele se aproxima da mesa pra sentar, um plano maligno preenche minha mente

Assim que ele vai se sentar na cadeira, eu a chuto por debaixo da mesa, fazendo ele cair no chão com tudo.

O suco que estava em seu copo se espalha por ele, se misturando com a comida de seu prato, que agora estava na sua roupa.

Um instante de silêncio se segue, enquanto eu me mantenho firme, o encarando com um sorriso debochado, mastigando minha comida.

Ele me encara e eu vejo fúria em seu olhar.

Ele se levanta fumaçando, e abre a boca pra falar algo mas desiste, fechando os olhos com força tentando controlar a raiva ao máximo, e então sai da cozinha como um furacão

Escuto seus passos pesados na escada e logo em seguida ele batendo a porta do seu quarto com força.

Eu rio internamente....

Na verdade eu gargalho ao máximo, satisfeita com o que acabei de fazer.

Quando estou terminando o café, escuto seus passos firmes descendo a escada indo direto pra porta da frente e saindo de casa.

É claro , não sem antes bater à porta com tudo.

Me levanto, coloco meu prato na pia e então limpo tudo.

Pena? Nenhuma...

Eu vou infernizar ele, até ele me mandar pra bem longe dele....

Então eu subo pro meu quarto...

Vamos começar com o plano.

Pego meu casaco e vou até o centro, mais especificamente na loja de produtos naturais

" Bom dia" digo com um leve sorriso " Você teria por acaso o extrato da baunilha ou um óleo de baunilha bem concentrado?" Pergunto

" Tenho sim....eu tenho esse aqui...." O atendente diz pegando um frasco e me entregando, ele era mais escuro que o que eu havia comprado " A concentração desse é mais forte, do que o que se usa no corpo" Ele diz

Eu abro a rolha e o cheiro logo impreguina no meu nariz, fazendo um sorriso travesso se formar em meus lábios

" Eu vou levar esse e vou levar mais um pro corpo " Digo

Ele pega os vidros e põe na sacola pra mim

" Qual a forma de pagamento?"

" Pode por no nome do meu querido noivo, Adrian Hayes" Digo com um sorriso falso e o atendente sorri pra mim " Ah! Quase me esqueci Você teria...pimenta? " Pergunto e ele concorda com a cabeça " Qual a mais forte que você tem? "

De lá eu volto pra casa

Ele iria voltar pra hora do almoço, então eu iria começar pelo pior...

Primeiro aproveito que estava cedo e faço alguns biscoitos pra levar pra Anne, como agradecimento por ter me ajudado..

Enquanto preparava o almoço, sentia uma pontada de excitação percorrendo meu corpo.....

Assim que fica pronto eu faço meu prato e coloco no balcão

Então volto pra panela e adiciono a pimenta e mais alguns ingredientes pra mascarar o cheiro dela .

Mexo um pouco e desligo o fogão.

Com um sorriso travesso no rosto, eu pego meu prato e me sento na mesa, sabendo que tava perto dele chegar...

Depois de alguns minutos escuto a porta da frente se abrir e eu começo a comer

Ele entra na cozinha mas não fala nada, apenas faz seu prato em silêncio

Quando ele vai sentar ele senta do outro lado da mesa , bem longe de mim.

Então ele começa a comer me ignorando completamente....

À medida que ele dava as primeiras mordidas, uma expressão de tranquilidade inicial em seu rosto logo se transformou em desconforto.

Seus lábios se contorcem ligeiramente, seus olhos piscam com mais frequência...

Aos poucos ele começa a demonstrar os efeitos....

Ele começa a tossir um pouco, enquanto o suor brota da sua testa...

Aos poucos seu rosto começa a ficar vermelho e seus olhos começam a lacrimejar, enquanto ele tossia descontroladamente

Ele bebe água descontroladamente pra amenizar a sensação, mas isso só agrava

Seus olhos se apertam a cada garfada, e eu podia ver a tensão em seus músculos enquanto ele tentava disfarçar sua agonia. Cada vez que ele tentava engolir, era como se a pimenta estivesse causando uma explosão de calor em sua boca.

Cada tosse, cada gota de suor, era como uma pequena vitória para mim. Cada vez que ele buscava desesperadamente por água, eu me perguntava se ele finalmente aprenderia a lição.

Enquanto ele se debatia com a ardência da pimenta, eu fingia estar completamente alheia à situação, me concentrando em meu próprio prato.

Eu tinha que morder a minha bochecha pra conter o sorriso travesso, o que estava sendo cada vez mais difícil

Sem conseguir mais aguentar, ele se levanta da mesa em uma mistura de desespero e determinação. Seu rosto estava vermelho, seus olhos lacrimejavam, mas havia uma determinação em sua expressão que era quase admirável

Ele corre até a geladeira com pressa e a abre, procurando por qualquer fonte de alívio...

O que é totalmente em vão por que eu tinha tirado qualquer coisa que pudesse cortar o efeito como no caso, o leite.

Sem opções, Adrian agarra a garrafa de vinho e a traz até seus lábios, bebendo grandes goles desesperados.

Cada gole era seguido por uma careta, uma tentativa de disfarçar a dor que ele estava sentindo.

Eu assistia silenciosamente, observando sua luta com uma satisfação enorme....

Depois de secar a garrafa de vinho, ele volta pra mesa se jogando na cadeira, completamente ofegante e suado.

Ele abre alguns botões tentando trazer alivio pro calor que estava sentindo...

Então aos poucos...todo o vinho que ele tomou, começa a fazer efeito

Com um sorriso travesso brincando em meus lábios, observo enquanto Adrian luta com o vinho, que estava deixando ele cada vez mais desajeitado e sonolento

Ele se levanta da mesa com um ar vacilante indo em direção a sala

Seus passos eram descoordenados, e ele mal conseguia manter o equilíbrio enquanto se dirigia ao sofá.

Finalmente, ele chega lá, mas sua vitória foi de curta duração. Com um suspiro resignado, ele cai no sofá...

Pouco tempo depois escuto seu ronco...

Eu ando em direção a sala e dou a volta no sofá

Um sorriso de satisfação brinca em meus lábios enquanto eu o observo adormecer. Ele parecia tão pacífico e vulnerável, uma visão tão diferente da sua fachada de confiança...

" Não se preocupa, noivinho, esse é só o começo " Eu sussuro com um sorriso diabólico

Eu deixo ele dormindo e então vou até meu quarto e pego o vidro com extrato de baunilha e vou até o quarto dele

Eu abro o vidro, e com um pano limpo em mãos, despejo algumas gotas do extrato e começo a percorrer o quarto de Adrian.

Eu passo o pano nas cortinas, nos lençóis da cama e nos travesseiros, garantindo que o cheiro de baunilha se espalhasse por todo o ambiente.

Também faço questão de deixar algumas gotas nos cantos estratégicos do quarto, onde o aroma poderia se concentrar e se espalhar de maneira mais intensa.

Quando termino, entro do banheiro do seu quarto.

Pego o frasco de shampoo que ele usava regularmente e removo a tampa, derramando várias gotas do extrato de baunilha no interior do frasco, garantindo que o líquido se misturasse ao shampoo. Balanço suavemente o frasco para garantir uma distribuição uniforme do aroma.

Agora, toda vez que aquele imbecil lavasse o cabelo, ou entrasse no quarto, ia ser recebido pelo cheiro 'insuportável' de baunilha

Com um toque final da minha vingança pra hoje, eu vou até o criado mudo e pego o despertador dele, ajustando o alarme para despertar de madrugada....

Satisfeita, eu coloco o despertador exatamente como está....

Desço até a cozinha em silêncio e com cuidado começo a limpar as "provas do crime".

Lavo toda a louça, incluindo as panelas.

Uma vez que tudo estava impecavelmente limpo, pego a garrafa de vinho da cozinha e com muito cuidado eu me aproximo do sofá.

Adrian estava deitado com a barriga pra baixo, e com um braço caído pra fora do sofá.

Com cuidado, coloco a garrafa e sua mão. Como estava a mão dele tava apoiada no chão, a garrafa não ia sair rolando.

Saio dali e vou até a cozinha, pegando a vasilha com os biscoitos que preparei mais cedo e então saio da casa em silêncio.

Caminho até a casa de Anne com um passo leve e animado, ansiosa para compartilhar minhas travessuras com ela.

Ao chegar à porta da casa de Anne, bato esperando por ela...

Pouco tempo depois a porta se abre, e assim que me vê ela abre um sorriso enorme

" Ayla! Que bom que tá aqui" Ela diz e então me dá um abraço, me deixando surpresa

" Oi Anne...." Digo um pouco sem graça " Eu...fiz biscoitos, pra..agradecer pela ajuda com as minhas coisas" um sorriso tímido se forma em meus lábios

" Own, isso é tão doce da sua parte Ayla..." Ela diz com um sorriso meigo " Vem, entra. Vamos comer com chá" Ela diz abrindo espaço pra mim entrar

Enquanto a água ferve ela se vira pra mim com um olhar complacente

" Oh querida, eu soube do que aconteceu ontem...o Adrian é um verdadeiro idiota, eu sinto muito..." Ela diz

Eu solto um suspiro cansado

" Sinceramente eu não espero nada dele em questões de sentimentos, mas é tão incrível como ele consegue ser tão apático a tudo que eu passei, como tudo que ele faz é brigar comigo...Eu não preciso que ele me abrace ou que fale algo, mas.... Desculpa eu tá desabafando com você " Murmuro

" Imagina! " Ela diz segurando minha mão com carinho " Pode desabafar, eu quero que desabafe, é pra isso que estou aqui"

Eu suspiro...

" É só que é tão doloroso, Anne....Ver a única coisa que me restava ser destruída.... E de maneira intencional... Eu vi o molotov que jogaram pra dentro... E o pior que eu nem posso sair daqui pra descobrir, e mesmo se eu conseguisse sair, como eu ia chegar a uma conclusão? Eu não conheço nenhuma das duas aldeias... Foi tão.... horrível... Toda noite eu acordo assustada com o barulho do vidro quebrando e do fogo...." Algumas lágrimas caem e ela esfrega meu braço, em um gesto reconfortante

" Eu imagino o quanto deve ser difícil, Ayla... Mas apesar de tudo, você pode sempre recomeçar.... Aqui as pessoas são boas, e vão gostar mais ainda de você quando te conhecerem..."

" Eu não sei se isso vai ser possível... Mas enfim, eu não vim pra falar sobre isso. Eu vim pra falar sobre como o Adrian está deitado nesse exato momento no sofá, no décimo quinto sono, depois de beber uma garrafa quase inteira de vinho" Digo com um sorriso travesso

" Por que ele bebeu em plena luz do dia? Adrian quase não bebe. Principalmente de dia..."

" Ah, isso....foi por que eu coloquei bastante pimenta no almoço dele, e aí quando ele abriu a geladeira e não encontrou o leite, que eu havia escondido, ele pegou o vinho pra tentar aliviar a ardência..." Digo mordendo um biscoito

Anne estreita os olhos pra mim seria

" Eu não acredito Ayla...." Ela diz balançando a cabeça negativamente, e séria "Não acredito que fez isso..."

Então a culpa toma conta de mim...

Eu peguei pesado....

Podia ter esperado pelo menos o jantar....Ele tem trabalho e-

" Eu não acredito que fez isso sem falar comigo antes! Menina eu ia te falar tudo que ele odeia pra ser ainda pior " Ela diz me deixando surpresa e então aos poucos eu começo a rir e o riso se transforma em uma gargalhada

" Então conta, conta. Tudo que você sabe" Eu digo e um sorriso sinistro se forma nos lábios dela....

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