Plano B

O som dos passos ecoava pelas paredes da caverna, misturado ao gotejar distante de água. As sombras dançavam ao redor, uma dança lúgubre que refletia a angústia e a confusão no coração dos sobreviventes. Aysha abriu os olhos lentamente, seu corpo ainda tonto pela pancada. A visão embaçada revelava a figura do Cavaleiro Havel ao seu lado, sua expressão rígida, marcada pela preocupação.

– Cavaleiro Havel, o que aconteceu? Que lugar é esse? A voz dela, quebrada, soou como um sussurro.

– Por favor, milady, não faça muito esforço, respondeu Havel, ajoelhando-se ao lado dela. Milady Aysha levou uma pancada muito forte na cabeça.

Do outro lado da caverna, Einnar despertou com um grito.

– Edwin! O nome escapou de seus lábios antes que ele pudesse se dar conta. O horror do pesadelo se misturava à realidade que logo o engoliu. A visão do corpo sem vida do irmão mais velho o lançou em um poço de desespero. Aysha, ainda lutando para se orientar, tentou focar a visão e, ao avistar o corpo pálido de Edwin, recusou-se a acreditar no que via.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Por que Edwin está pálido? A pergunta dela era mais uma súplica do que uma demanda.

Einnar baixou a cabeça, a vergonha pesando sobre seus ombros.

– Ele está morto porque eu fui um fraco, Aysha. Eu não consegui me defender sozinho... fiquei paralisado de medo. E olha o que isso me custou... qual é o meu problema? Como vou encarar mamãe?

Havel pousou uma mão no ombro de Einnar, um gesto de conforto que parecia insignificante diante da tragédia.

– Não se culpe tanto, meu Lorde. Seu irmão foi um guerreiro esplêndido. Ele te salvaria quantas vezes fosse necessário até que milorde tivesse força suficiente para se proteger.

– Você não entende Havel, a voz de Einnar tremia. – Eu não... não tenho futuro como um... como um guerreiro...

Aysha permaneceu em silêncio, a mente fervilhando de pensamentos conflitantes. Einnar mal conseguia encontrar palavras, mas o que quer que dissessem, seria insignificante diante da notícia devastadora que estava prestes a chegar.

Minutos atrás, em outro ponto do labirinto de pedra...

– Milady... Lady Brenna. Precisamos de um plano B caso seja ele mesmo... "Bardok". A segurança da princesa está em risco – a voz firme da Cavaleira Aiko cortou o ar pesado.

Lady Brenna respondeu com uma calma calculada.

– O plano B é simples. Se estivermos em desvantagem, nos separamos e nos encontramos naquele lugar. O mesmo lugar que usamos para derrubar o antigo Rei. Existe um mapa naquela caverna amaldiçoada, nós o obteremos e nos manteremos nas sombras até que a poeira baixe.

A princesa Alitha, que até então estivera em silêncio, interveio com uma inocência desarmante.

– Eu não faço ideia do que vocês estão falando, mas sei que posso confiar minha vida a vocês.

– Você tem minha palavra, Vossa Majestade, respondeu Lady Brenna, a determinação cravada em cada palavra. Você ficará a salvo!

De volta ao presente...Aysha, agora mais consciente, olhou para Havel com uma intensidade que queimava.

– Quem foi, Havel? Eu... eu quero saber o nome do maldito que fez isso. Juro pelos deuses que uma vingança cairá sobre ele!

Havel respirou fundo antes de responder.

– Estamos em retirada no momento, milady. Ainda precisamos esperar por Lady Brenna, que está acompanhada de Aiko e a Princesa Alitha.

– O nome dele é Bardok, Aysha, interveio Einnar, sua voz agora sem a hesitação de antes.

Aysha franziu o cenho.

– Por que um ex-príncipe atacaria um Lorde? Agora faz sentido... os rumores sobre uma nova guerra...

O som de passos apressados interrompeu seus pensamentos. Havel ergueu a mão, o corpo inteiro em alerta.

– Que barulho foi esse? Não me diga que fomos seguidos até aqui! Vocês dois... estejam preparados para partir a qualquer momento!

Antes que pudessem reagir, a figura de Aiko surgiu na entrada da caverna, seus braços envoltos ao redor da Princesa Alitha. Seus olhos estavam vermelhos de lágrimas não derramadas.

Perdoem-me... Milady Brenna foi capturada! Eu... só consegui salvar a Princesa. O objetivo deles era capturá-la também, Aiko ofegou, sua voz embargada pela dor.

– Você disse... minha mãe foi capturada?

– Einnar encarou Aiko, o choque transformando-se em descrença.

– Que brincadeira de mal gosto é essa?

– Olhe com atenção Einnar, murmurou Aysha, as palavras dela afiadas como lâminas.

– As coisas tomaram um caminho sem volta.

– Havel, Aiko continuou, Lorde Luke estava lá. Eu só pude contar com a Princesa para fugir. Não éramos páreo para ele.

Havel assentiu, a dor e o orgulho misturados em seus olhos.

– Tenho certeza que foi difícil, Aiko. Para você estar aqui com a Princesa a salvo, Milady Brenna deve ter te dado uma ordem direta.

– Aquele maldito decepou o braço direito de Lady Brenna. Quando chegamos lá, ela já empunhava a katana com apenas um braço. Eu peço desculpas por não conseguir proteger minha Lady!

Aiko estava à beira das lágrimas, mas segurou-se, firme como aço.

Aysha apertou os punhos, os olhos sombrios refletindo uma fúria contida.

– Eu vou caçar um por um e fazer seus piores pesadelos se tornarem realidade!

As palavras dela ressoaram pela caverna, carregadas de um peso sombrio. Einnar permaneceu em silêncio, mas algo nele havia mudado. O ódio, nascido do luto, crescia dentro dele, preenchendo o vazio que a perda deixara. Assim nascia o círculo de ódio que iria moldar o destino de todos.

Aiko respirou fundo, tentando controlar a emoção em sua voz.

– Milady Brenna deixou uma última ordem... Lorde Eratos traiu o Rei Azinar. Ela nos disse: "Vocês tornarão a Princesa Alitha a Rainha do Reino de Helten."

As palavras da última ordem pairaram no ar, pesadas, enquanto a Princesa Alitha despertava, seus olhos arregalados ao ver todos ajoelhados ao seu redor. Um a um, os juramentos de lealdade foram renovados, cada palavra um elo na corrente que os unia ao seu destino.

– Eu, Cavaleira Aiko, nomeada por Milady Brenna, juro solenemente lealdade à Princesa Alitha, repetiu Aiko, seus olhos ainda brilhando com lágrimas não derramadas.

Aysha, a expressão endurecida pela dor e pela raiva, ergueu a cabeça.

– Eu, Aysha, filha dos Lordes Anlaf e Brenna, juro solenemente lealdade à Princesa Alitha do Reino de Helten.

Einnar foi o último a falar, sua voz carregada de uma determinação nova.

– Eu sou Einnar, filho dos Lordes Anlaf e Brenna. Eu vou tornar a Princesa Alitha a Rainha deste Reino!

As palavras juradas naquele momento seriam o fardo que carregariam até o túmulo. A honra dos guerreiros estava selada em lealdade e sangue, e a única recompensa para tal sacrifício seria a morte em batalha.

Na escuridão da caverna, o sepultamento de Edwin começou. Não era a despedida honrosa que merecia, mas a situação exigia urgência. Enquanto seus companheiros o colocavam para descansar, Havel olhava para o entorno.

– Eu estive verificando esse lugar. Parece ser um cemitério antigo, digno para o descanso de um guerreiro, disse ele, com um toque de solenidade.

– Faremos o sepultamento o mais rápido possível afirmou Aiko, voltando-se para a entrada da caverna. Além disso, precisamos encontrar o mapa que Lady Brenna mencionou. Ele é a chave para nosso plano.

Quando o sepultamento terminou, os sobreviventes adentraram mais profundamente na caverna. Descobriram um antigo navio de guerra, desgastado pelo tempo, mas ainda capaz de navegar. E logo, entre os destroços, encontraram um baú e dentro dele havia um mapa. Nele, apenas uma ilha estava marcada, sem mais nenhuma indicação.

– Isso só pode ser brincadeira! Exclamou Havel.

Continua...

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