Presságio

O caminho de Helten a Montakus deveria ser breve, quarenta minutos de cavalgada, mas para Lady Brenna, aqueles eram os quarenta minutos mais longos de sua vida. Cada batida do coração ressoava como um tambor de guerra, preparando-a para um destino que sempre soubera inevitável.

— Lady Brenna, a voz de Aiko, a cavaleira fiel, cortou o ar pesado. Faltam apenas alguns minutos para avistarmos o castelo. Tenho certeza de que estará tudo bem!

Mas as palavras de conforto eram como folhas ao vento. Brenna sabia que nada estaria bem. Não com Bardok à solta.

— Esse Bardok é tão cruel ao ponto de atacar um vilarejo cheio de inocentes, só para afetar um lorde? Princesa Alitta perguntou, sua voz um misto de incredulidade e fúria.

Lady Brenna lançou-lhe um olhar sombrio.

— Durante o reinado de seu pai, o antigo Rei Rob, Bardok governava com mão de ferro. Os impostos eram absurdamente altos e qualquer um que ousasse desafiar o poder real não saía impune.

— Ele é um guerreiro assustador, Aiko acrescentou com um tremor na voz. Onze anos atrás, ele foi um oponente formidável.

Alitta, no entanto, não era facilmente intimidada.

— Então vamos torcer para que não seja ele. Mas, se for, não temos o luxo de escolher nossos adversários.

— Logo depois dessa montanha, saberemos o que nos espera. Aiko respondeu com uma firmeza que escondia o medo.

Quando a visão do vilarejo devastado se revelou diante delas, as palavras secaram nas bocas. Metade do castelo fora reduzida a escombros, e o vilarejo, uma vez próspero, era agora um cemitério em chamas. Lady Brenna permaneceu imóvel, sem reação, seu olhar fixo na destruição que sabia ser inevitável.

— Eu sempre soube, ela murmurou para si mesma, sempre foi uma questão de tempo. Meu passado voltou para me assombrar. Primeiro Anlaf, e agora meus filhos.

Alguns minutos antes, no pátio de treinamento do castelo...

— Aysha, você viu Einnar por aí? — perguntou Edwin, a preocupação em sua voz evidente.

— Não faço ideia de onde aquele idiota possa estar. Aliás, faço sim. Deve estar com aqueles outros idiotas que chama de amigos.

— É bom ele estar de volta em casa antes do retorno da mam...

Mas antes que pudesse terminar, o chão sob seus pés tremeu. Uma torre desabou, seguida pelo colapso de metade do castelo. Em meio ao caos, o Cavaleiro Havel apareceu, carregando Aysha desacordada nos braços.

— Edwin, a Aysha está bem, apenas desmaiada. Sofremos um ataque, mas não sei de que direção...

O semblante de Havel empalideceu quando Bardok emergiu dos escombros, sua presença avassaladora.

— Havel, preciso que encontre Einnar e vá para aquele lugar! — Edwin ordenou com urgência.

— Mas senhor, permita-me ajud...

— Havel, isso foi uma ordem! Edwin interrompeu, sua voz agora carregada de autoridade inquestionável.

Havel não hesitou. Com Aysha nos braços, partiu em direção ao vilarejo. Mas as palavras de Edwin ecoaram em sua mente, gelando seu sangue.

— Agora sim, não quero distrações durante essa batalha. Quero ver de perto o potencial do Príncipe Bardok.

— Droga, Havel murmurou para si, o que esse cara está fazendo aqui? Que aura assustadora é essa?! Eu preciso encontrar Einnar o mais rápido possível.

Edwin sabia que seu tempo era curto, mas estava determinado a ganhar o máximo possível até que Havel encontrasse Einnar e partisse em segurança.

— Levando em consideração como você falou com seu capacho, creio que você seja Edwin, primogênito de Anlaf, Bardok disse, sua voz um trovão.

— Nos primeiros segundos após toda essa destruição, eu já sabia quem era você, Bardok. Nada silencioso, pouca inteligência e muito músculo.

Um sorriso cruel se formou nos lábios de Bardok.

— Você fala demais para alguém da sua idade, garoto. Vejo que Brenna falhou na sua educação...

— Que rápido! — Edwin mal teve tempo de reagir quando Bardok avançou.

Os golpes trocados eram rápidos e violentos. Bardok, com sua clava e escudo, era um oponente formidável, um verdadeiro titã. Edwin, armado com espada e escudo, lutava com uma ferocidade alimentada pela necessidade de sobrevivência. A luta, porém, causava tanta destruição quanto o próprio ataque de Bardok ao castelo e vilarejo.

— Você seria um belo aliado, filho de Anlaf. É uma pena que nossos destinos não estejam alinhados. Técnica suprema, "Clava do Destino".

— É aí que você se engana, seu asno. Nosso destino era estar bem aqui... Escudo celestial, "Bloqueio dos Deuses".

Edwin estava no limite, cada golpe uma luta pela sobrevivência. Mas tudo parecia correr bem, até que uma voz familiar cortou o ar.

— Edwinnnnnnn!

— Einnar, eu preciso que você fu...

A distração foi fatal. Bardok percebeu a abertura e avançou em direção a Einnar. Edwin, movido pelo desespero, conseguiu se interpor, mas sua defesa estava longe de ser ideal. O escudo celestial partiu-se em dois, e Edwin recebeu metade do impacto. Tudo aconteceu rápido demais; a última visão de Einnar foi de seu irmão caindo diante de seus olhos.

— Que velocidade foi essa?! Por um instante, achei que acertaria esse bastardo. Mas agora tanto faz... Vou matar dois coelhos com uma cajadada só!

Antes que pudesse finalizar seu ataque, um golpe flamejante cortou o ar. A Cavaleira Aiko, rápida como um relâmpago, cortou o braço esquerdo de Bardok, enquanto Lady Brenna, com um punho de ferro, o atingiu no estômago.

— Eu não acredito que demorei tanto! Disse Lady Brenna, os olhos ardendo de raiva. Mais um pouco e tudo estaria perdido. Princesa Alitha, cheque a saúde desses dois enquanto eu cuido desse desgraçado.

— Lady Brenna... ele... o Edwin não tem sinais vitais!

Brenna sentiu o chão desaparecer sob seus pés.

— Como assim não tem sinais vitais?! Até pouco tempo eu ainda sentia a aura dele!

Einnar, em estado de choque, não conseguia desviar o olhar do corpo sem vida de seu irmão.

— Eu confesso que me surpreendi com esse garoto, — Bardok zombou. Tão jovem e já usa uma arma celestial. Infelizmente para ele, nem mesmo um escudo celestial conseguiu salvá-lo. Ele demonstrou ser fraco ao tentar salvar seu irm...

Mas Bardok não teve tempo de terminar. O golpe de Lady Brenna foi rápido. Porém, a Princesa Alitha já sabia que aquela vitória havia chegado tarde demais.

— Que golpe foi esse?! Alitha murmurou, sua voz baixa, quase inaudível. Preciso tirar esses dois daqui. Cavaleira Aiko, por favor, pegue o corpo de Edwin. Einnar, precisamos sair daqui, agora!

— Eu vou matar esse maldito, nem que seja a última coisa que faça na vida! Gritou Einnar, sua dor transformada em raiva. Preciso ajudar minha mãe.

Alitha o segurou com força.

— Cala a boca, você é patético como guerreiro. Seu irmão se sacrificou para salvar sua vida. Com esse nível de poder, só vai atrapalhar todos. Se você ama alguém, tem que se tornar forte o suficiente para protegê-los!

As palavras de Alitha eram duras, mas necessárias. A dor de perder seu irmão diante dos seus olhos era apenas mais uma prova do quão despreparado Einnar estava. E assim, carregando o corpo sem vida de Edwin, eles bateram em retirada.

— Parece que você está precisando de uma mãozinha, Bardok, uma voz fria ecoou no campo de batalha. Eu já desconfiava que você não seria páreo para a belíssima Lady Brenna. Deixe-me participar da brincadeira!

Continua...

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