Vinícius
Acho que matei alguém.
Fecho os olhos ouvindo os gritos calorosos da minha mãe enquanto freio o máximo que consigo, e em um segundo o silêncio se instala.
Acho que morri.
Será?
Escuto minha mãe.
Bom, acho que não morri.
Fernanda: Você está bem?
Vinícius: Eu... acho que sim. Eu matei ela?
Fernanda: Não, acho que não a machucou.
Minha mãe sai do carro enquanto eu fico estático. Abro os olhos e vejo pelo parabrisas que a menina ainda está de pé, menos mal, forço os olhos a focarem nela e espera aí...
Não pode ser...
Desço do carro e vou até ela.
Fernanda: Como você está, Ana?
Pegou em você? Quer ir a um médico?
Ana Luísa: Não, eu não preciso. Me desculpa, ok?
Fernanda: Não tem do que se desculpar, meu anjo, quero ter certeza de que está bem.
Vinícius: Claro que ela tem que se desculpar, enfiou na frente do carro.
Fernanda: Cala a boca Vinícius! Você cala essa boca!
A garota sobe os olhos aos meus.
Ana Luísa: Tá de sacanagem? Você tava passando uma faixa de pedestre em alta velocidade em um lugar que tem um parquinho, Imbecil!! Já pensou se fosse alguma criança? Se você tivesse acertado alguém?
Me calo por um momento, ela tem argumentos bons, não deveria passar direto ali, mas mesmo assim, ela simplesmente se mumificou na frente do carro então volto a falar de novo.
Vinícius: Hahaha eu que tô errado? Você tava o que? Tentando se suicidar? você PAROU na frente do carro!
Fernanda: Já chega os dois, respirem! Vem, vamos entrar no carro e vamos ali tomar um café pra se resolver.
Alguns pessoas estão de olho em nós três depois da confusão. Mas logo começam a se dispersar.
Viro as costas e quando vou entrar no carro minha mãe me para, segurando minha mão.
Fernanda: Você não vai dirigindo e vai atrás pra menina de sentir confortável.
Bufo e entro na porta de trás do carro.
Solto alguns palavrões mas minha mãe finge não ter ouvido.
Assim que me sento, minha mãe a guia até a porta do passageiro, depois entra e começa a dirigir.
Fernanda: Está bem mesmo, Analu?
Ana Luísa: Estou sim, pode ficar tranquila, só me deixa na casa do Jonas por favor?
Vinícius: Pelo menos alguma coisa sensata saiu da sua boca hoje.
Fernanda: Vocês se conhecem?
Ana Luísa: Seu filho queria me deixar com uma pilha de papéis de uma desconhecida hoje e pra me convencer disso sorriu pra mim.
Ela fala rindo enquanto minha mãe ri também.
Vinícius: Vem cá, vcs se conhecem de onde mesmo ein?
Fernanda: A Ana é minha aluna a muito tempo, a melhor de todas na verdade. É difícil hoje em dia encontrar alunos como ela.
Ela solta um sorriso como se dissesse "obrigada" a minha mãe.
Eu a vi sorrir de canto e confesso que era um sorriso tentador, mas a fase de pegar as atuais alunas da minha mãe já passou a algum tempo, então só fico em silêncio o resto do trajeto.
Quando chegamos ao café escolhi ficar no carro esperando, minha mãe não me olha com uma cara de muito orgulho mas eu nem ligo.
Elas entram e depois de 20 min aparecem de volta.
Fernanda: Vamos, eu te deixo lá.
Ana Luísa: Não precisa, é sério, eu estou bem.
Fernanda: Sei que te desviamos do caminho, é rapidinho, prometo fazer o Vinícius ficar na dele o caminho todo.
Vinícius: Não jure nada por mim, mãe.
Fernanda: Tão criança, não parece nem que já vai na faculdade.
Minha mãe queria me ofender na frente dela e se continuasse assim ela iria conseguir, não gosto de me sentir diminuído na frente de ninguém.
Seguimos o resto do trajeto em silêncio, ela se despede da minha mãe quando desce e então eu passo para o banco da frente.
Vinícius: você é uma puxa saco!
Fernanda: Está dizendo isso porque ainda nem sabe que vai ter que ir vê-la na semana que vem, se não iria dizer coisa bem pior .
Vinícius: Como é?
Ainda olho pra minha mãe sem acreditar.
Fernanda: Você que furou a faixa de pedestre e quase acertou ela, não ligo se ela está machucada ou não, tem sorte de não receber uma denúncia no seu nome. E você vai cuidar dela sim! Já deixo claro que isso não vai ser discutido, é a minha decisão.
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Atualizado até capítulo 100
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