Abri a folha da porta lentamente e entrei na sala de estar escura, com passos silenciosos. Minha sogra e meu cunhado deviam estar dormindo, pois já passava da meia-noite.
"Chegando a essa hora?"
Dei um pulo! Meu coração disparou ao ouvir a voz da minha sogra na escuridão. Corri para acender a luz e meu coração acelerou ainda mais quando vi minha sogra sentada em sua cadeira de balanço favorita, com as pernas cruzadas.
"Mãe, ainda não está dormindo?", perguntei, nervosa como um ladrão pego em flagrante.
"Como posso dormir se minha nora não volta para casa? Você age como aquelas mulheres baratas que vendem seus corpos por aí. A diferença é que elas são bonitas, e você é feia e gorda." Ela me olhou com uma expressão afiada.
Suspirei profundamente. "Mãe... você pode, pelo menos uma vez, falar comigo com gentileza? Eu sempre me perguntei por que você é tão cruel comigo. Por quê, mãe? É porque eu não sou bonita? É porque eu sou gorda?"
Na verdade, eu não queria questioná-la sobre isso, mas meu humor esta noite estava realmente horrível. Eu até cheguei mais tarde em casa de propósito para não encontrar minha sogra com meu humor assim. Mas, para minha surpresa, ela estava esperando por mim.
Ela bufou de irritação. "Sua nora estúpida, questionando essas coisas. Por quê? Quer mesmo saber? Porque você é uma mulher estéril. Estéril e feia...!"
Olhei fixamente para a velha à minha frente. Eu queria engoli-la viva para ter uma pessoa má a menos no mundo. Respirei fundo e expirei lentamente.
Calma, Berryl, calma...! Corri para o meu quarto. Era a única maneira de acabar com a discussão com aquela mulher inútil.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
Olhei pela janela do quarto e depois para o relógio na parede, que marcava quase meia-noite. Já era madrugada e nem sinal do Ibnu. Parece que aquele idiota não ia voltar para casa.
Meu celular vibrou com uma mensagem do Ibnu.
Ibnu: Diz à minha mãe que não vou dormir em casa. Estou pescando com o Arga. Peguei meu carro, então vá de ônibus para o trabalho amanhã. De ônibus, não de táxi, é caro. E não se atreva a pedir um mototáxi, coitado do pneu do cara com você em cima.
"Ele fala como se eu sempre fosse trabalhar de carro. Como se eu não pegasse ônibus todos os dias! Eu que tenho carro, eu que fico procurando carona toda manhã!", falei um pouco alto demais.
Que vida boa esse cara tem, só precisa mentir. Ele acha que não sei em qual hotel ele está?
Joguei meu celular na cama. Frustração, decepção, tristeza, raiva, tudo misturado. Mas eu precisava manter a calma. Sim, para me vingar de todos eles, eu precisava manter a calma. Manter a calma enquanto reunia mais provas.
Meu celular vibrou novamente e rapidamente o peguei. Era uma mensagem do meu irmão. Sim, eu tinha um irmão mais novo que estava terminando a faculdade na Austrália.
Alby: Mana, você está bem? Acho que volto mês que vem. Só falta a minha formatura. Vamos nos encontrar, com o papai e a mamãe.
Alby e eu éramos irmãos muito próximos. Depois do ensino médio, ele escolheu estudar no exterior. Ao contrário de mim, que fui para a faculdade aqui e sempre escolhi ser independente. Meus pais eram contra, mas no final consegui provar que eles estavam errados, construindo uma carreira de sucesso. Ah, sem perceber, as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Senti tanta falta da minha família.
Deitei na cama e olhei para o lado onde o Ibnu costumava dormir. As lágrimas voltaram a encher meus olhos. Eu não podia acreditar que meu casamento tinha se tornado isso.
Mamãe e papai deviam estar adorando me ver nesse estado. Eu me sentia tão culpada por não ter dado ouvidos a eles quando decidi me casar com o Ibnu.
Eles odiavam o Ibnu, mesmo sem nunca terem se conhecido. Mas não foi difícil para eles descobrirem que tipo de pessoa era o futuro marido da filha deles. Talvez por isso eles tenham sido tão contra o meu casamento.
E o Ibnu ainda não sabia que eu vinha de uma família rica. Eu escondi tudo dele. Se ele soubesse, com certeza não estaria me tratando assim, nem a família dele.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
"Bom dia, Sra. Berryl", cumprimentou-me um dos estagiários enquanto eu esperava o elevador abrir.
"Bom dia", respondi com um sorriso amigável.
Entrei rapidamente no elevador assim que ele abriu e fiquei no meio da multidão.
"Nossa! Sempre lotado quando a Sra. Berryl entra", brincou o Arga, amigo do Ibnu, com uma piada que eu não achei graça nenhuma.
Quando a porta do elevador estava prestes a fechar, vi o Ibnu e a Kanaya correndo em nossa direção. Com a minha imensa gentileza, apertei o botão para abrir a porta, salvando-os de um desconto no salário.
Kanaya e Ibnu pareciam constrangidos ao me ver. Os dois estavam de costas para mim. Como o espaço era apertado e eu estava espremida entre eles, pude sentir claramente o mesmo cheiro de xampu nos cabelos dos dois.
Tomaram banho juntos, né!, pensei, sentindo uma pontada de dor no peito.
Assim que o elevador abriu, todos começaram a sair, incluindo eu e os dois adúlteros. O Arga veio logo atrás de nós, deixando o Ibnu ainda mais nervoso. Claro que ele estava nervoso, porque tinha inventado que estava com o Arga na noite anterior, mas apareceu com a Kanaya na manhã seguinte. Que piada ridícula.
"Ryl, você está fazendo dieta? Para não ficarmos apertados assim no elevador", provocou o Arga, bem alto, para que eu ouvisse.
Depois da sua gracinha, o Arga foi embora como se nada tivesse acontecido. Por alguns segundos, pude ver a Kanaya sorrindo enquanto ele me humilhava. Senti meu sangue ferver.
Então essa é a sua verdadeira índole, Kanaya? Pensei.
Acelerei o passo, tentando alcançar o Arga. Quando cheguei bem atrás dele, levantei minha mão o mais alto que pude.
Paft! Dei um tapa na cabeça daquele idiota.
"O que você pensa que está faz-..."
"Se você se atrever a ser desrespeitoso comigo de novo, eu garanto que você vai virar mendigo depois de ser demitido!", ameacei, com um sorriso sarcástico, antes de me afastar, lançando um olhar furioso para o Ibnu e a Kanaya, que me encaravam em choque.
As pessoas ao redor que testemunharam a cena começaram a cochichar. Eles deviam estar em choque, pois era a primeira vez que reagi a uma provocação. Sinceramente, eu não estava nem aí.
...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...
"Quer ser a Mike Tyson agora, Ryl? Saindo na mão com todo mundo?", perguntou a Renata, segurando o riso ao se lembrar do meu show da manhã.
A fofoca se espalhou rapidamente por todo o escritório, mas, por incrível que pareça, não fui chamada para conversar com nenhum superior. O normal seria eu e o Arga termos uma conversa com a gerência. Era como se alguém estivesse me protegendo.
Tomei um gole do meu suco de laranja. "Eu estava com raiva. Mas então, está com as provas que te falei? Se puder conseguir mais alguma coisa, me avisa. Te pago o dobro. E ainda dou uma bonificação."
"Está rica, é? Parece que você tem dinheiro sobrando, Ryl!", disse a Renata, rindo novamente.
Ela não fazia ideia de que eu era realmente rica. Quer dizer, meus pais eram. Ri por dentro.
"Lá vem a cobra venenosa", disse a Renata, olhando para trás de mim. Eu já sabia quem era a cobra.
"Você não vai a lugar nenhum, Ren?", perguntei.
"Você está me dispensando?", ela perguntou de volta.
"Você costumava ir embora quando ela aparecia", respondi.
"Hoje não", afirmou ela.
A Renata mexeu no seu suco enquanto olhava o celular.
"Oi, Ryl", disse a Kanaya, tocando de leve no meu ombro.
"Oi", respondi, tentando parecer simpática.
Ela puxou a cadeira ao meu lado e sentou-se. Ela me encarou, esperando que eu puxasse assunto. A Renata continuou focada no celular, ignorando-a completamente.
"Você não vai a lugar nenhum?", perguntou a Kanaya para a Renata.
Com um sorriso irônico, a Renata ignorou a amante do meu marido, mantendo os olhos fixos na tela do celular.
A Kanaya começou a ficar irritada. "Ei! Olááááá!", chamou ela, estalando os dedos na frente do rosto da Renata. "Você está me ouvindo?"
"Ah, está falando comigo?", perguntou a Renata, finalmente guardando o celular no bolso.
"Você não vai a lugar nenhum?", repetiu a Kanaya.
"Por que eu deveria ir?", respondeu a Renata, sem emoção.
"Você não tem vergonha na cara?", perguntou a Kanaya, com ar de superioridade.
"Por que ela deveria ter vergonha, Nay? É ela quem está saindo com o marido dos outros?", perguntei, aproveitando para alfinetá-la.
A Kanaya ficou surpresa, mas logo disfarçou. Essa daí era esperta.
"E você, por que agiu como uma suburbana hoje cedo, Ryl?", ela rebateu.
"Do que você está falando?", perguntei, fingindo não entender.
"Por que deu corda para o Arga? Que vergonha."
"Então você acha que eu deveria ficar quieta enquanto ele me humilha? Você sabe que não foi a primeira vez. E você acha que eu deveria ignorar as pessoas que ficam sorrindo da minha desgraça?", provoquei.
"Eu não estava sorrindo, Ryl!", a Kanaya se defendeu.
"E eu não disse que era você, Nay", respondi, respirando fundo.
O rosto da Kanaya ficou vermelho como um pimentão. "Mas..."
"Chega. Desta vez, vou resolver as coisas do meu jeito", interrompi, e tenho certeza de que ela odiou.
Por baixo da mesa, eu e a Renata estávamos nos chutando para não gargalhar da cara de fúria da Kanaya.
Meu celular vibrou no meu bolso. Meus olhos se estreitaram ao ver a notificação de mensagem.
Calix: Quando você vai se vingar deles?
Respondi imediatamente.
Eu: Não sei. No momento, só quero cuidar da minha saúde mental.
No início, eu estava determinada a me vingar dos dois traidores. Mas, depois de pensar muito, confesso que o meu desejo de vingança tinha diminuído bastante. Principalmente depois de descobrir que o Ibnu estava me traindo com a Kanaya. Eu estava arrasada e só queria que tudo aquilo acabasse logo.
Meu celular vibrou novamente e franzi a testa ao ler a resposta do Calix.
Calix: Parece que você precisa de um incentivo mais convincente.
"O que ele quis dizer com isso?", murmurei.
"Hã?", a Renata perguntou, confusa.
Balancei a cabeça, pedindo para ela ignorar. A Kanaya me olhou com desprezo por eu estar tão focada no meu celular.
"Está vidrada nesse celular. Está falando com outro?", perguntou ela, irônica.
"Quem está sendo traída aqui é ela!", respondeu a Renata, já sem paciência.
Renata, sua boca grande!
"O quê? C-como assim?", perguntou a Kanaya, nervosa.
"Deixa pra lá, Nay. Foi só um palpite", desconversei.
"Tem alguma suspeita?", a Kanaya perguntou, curiosa.
"A Mirna, talvez...!", respondi, só para provocá-la.
"É, com certeza é a Mirna. Ela dá em cima do seu marido descaradamente, Ryl", disse a Kanaya, jogando a culpa na Mirna.
Tinha que admitir: a Kanaya era esperta. Todos no escritório achavam que a Mirna era uma sem-vergonha por dar em cima do Ibnu, mesmo ele sendo casado. Mas agora eu entendia que tudo fazia parte do plano da Kanaya para encobrir o caso com o meu marido. Ela usava a Mirna como distração. Que mulher dissimulada. Se a Mirna soubesse que a Kanaya já tinha se divertido bastante com o marido dela, com certeza surtaria.
Voltei a atenção para o meu celular, que vibrou novamente.
Ibnu: VENHA AQUI AGORA! SUA GORDA ESTÚPIDA!
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Atualizado até capítulo 20
Comments
Maria Silva
se eu fosse ela iria procurar o personal o mais rápido possível em vez de ficar aquentando ser humilhada e chamada de gorda estúpida pelo próprio marido
2025-02-25
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Ecleilda Justino
agora sinceramente eu não aguento esse tipo de desaforo que ela passa com esse macho nogento que só sabe xinga ela vai te
2025-02-27
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MARIA RITA ARAUJO
em primeiro lugar, tem que acabar com esse marido dela, deixar ele na miséria
2025-02-14
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