Por Heloísa
Termino de colocar algumas das minhas coisas que estavam no closet na minha mala que estava aqui já a algum tempo e a fecho tentando conter o choro que ameaça romper pelo meu rosto e eu nem sei porquê a vontade de chorar,eu já tinha decidido me afastar do Ricardo para cumprir a minha vingança então não estou entendendo o porquê estou tão magoada com aquele cretino, eu sempre soube que o Ricardo tinha os segredos dele e nunca procurei me meter,porém esconder um garoto de doze anos é um pouco demais para o meu bom senso, nunca em nenhum momento eu desconfiei que o garoto não fosse realmente seu irmão, apesar da semelhança gritante e agora que o menino está virando rapaz está ainda mais acentuada ,nem eu e ninguém jamais diriam que não fossem mesmo irmãos e sim pai e filho,jogo mais algumas coisas numa mochila já que eu praticamente moro aqui ou seja quase todos os meus pertences estão espalhados por essa casa e depois eu venho buscar o restante e saio do quarto antes que a minha determinação esfrie , sigo pelo pequeno corredor e ouço a voz do garoto retrucando o Ricardo com determinação ,os dois estão discutindo de igual para igual e tenho que admitir o pirralho tem peito e não baixa a cabeça perante o adulto que deveria ser o responsável maduro na situação no entanto está levando peia de uma miniatura sua.
_ pois é,eu não sou você e eles não tem o direito de me bater,eu vim aqui pra ficar com você já que me desprezou completamente,como se chama mesmo isso? Abandono de incapaz , não é? O garoto se impõe e eu não aguento a língua dentro da boca e coloco ainda mais lenha na fogueira.
_ muito bem moleque! é isso mesmo, quando um pai se esquece que tem um filho, se chama abandono de incapaz .
_ Heloísa espera! Eu posso explicar,por favor.
Não espero para ouvir o inexplicável e deixo claro para Ricardo que aquilo era um rompimento, passo por ele altiva quase esmagando os seus dedos dos pés com a minha mala de rodinhas e vou embora sem deixar o Ricardo se explicar ,o moleque é feroz e atrevido apenas me olha com um ar de vitorioso e eu pouco estou me importando com a sua arrogância,só quero sair dali o mais rápido possível pois apesar de tudo não está sendo fácil passar por isso,eu nem nos meus piores pesadelos imaginei que seria tão doloroso largar aquele imbecil.
Dirijo pelo trânsito caótico e ainda pior pela chuva e quanto mais eu me afasto pior é a sensação de vazio que sinto no meu peito, é algo tão sufocante que precisei parar um pouco na orla para tentar respirar e ver se consigo chegar ao meu apartamento em segurança. Depois de algum tempo eu chego ,mas aquela não é mais a minha casa ,olho tudo a minha volta e não tem a sensação de lar que eu estava acostumada no cubilo do Ricardo, aqui o espaço é amplo e muito bem organizado,a faxineira limpa uma vez na semana e tudo está exatamente como estava a cinco anos atrás e por incrível que pareça a sensação de não pertencer a este lugar ainda é a mesma que dá primeira vez que pisei aqui.
Deixo a minha bagagem num canto e ogo a mochila sobre o sofá bege de couro, procuro pela mesinha de canto para deixar as chaves,mas eu não tenho uma então apenas as deixo sobre a mesa de centro no meio do tapete da sala junto com a minha bolsa , vou até a cozinha e abro a geladeira,eu preciso tomar alguma coisa para tentar relaxar os meus músculos e nervos , o meu freezer está vazio,tem apenas algumas garrafas de água mineral e uma cerveja de má qualidade esquecida na porta. Pego a cerveja e se não tem tu vai tu mesmo,abro a garrafa na quina da mesa e tomo um gole demorado, preciso ir as compras porque aqui não tem absolutamente nada de comer mas isso não será agora, nesse exato momento eu só quero tomar um banho de uns trinta minutos e depois pedir uma pizza e é isso que faço,vou para o banheiro e preparo um delicioso banho de banheira, enquanto a água preenche todo o ofurô eu coloco os meus pais de banhos preferidos e me esqueço ali dentro por um tempo necessário a essa vontade de chorar sumir do meu coração. Depois de me secar eu visto um roupão felpudo e volto para a sala mais aliviada ,pego o meu celular e ignoro as chamadas do Ricardo,resolvo o bloquear de uma vez e fingir que desconheço a sua existência e mesmo triste eu sei que é necessário me desligar completamente dessa criatura. Pego o telefone e peço uma pizza enquanto passo de canal em canal na tv até achar algo preste para assistir enquanto aguardo a comida ,a essa altura do campeonato estou tão faminta que a minha barriga ronca alto.
Estou tentando assistir e me concentrar a tv quando vejo um envelope ser passado por debaixo da minha porta , não ouvi som de companhia ou barulho algum que indicasse alguma entrega então silenciosamente pego a arma na minha bolsa e sem fazer um pio vou na ponta dos pés até a porta ,porém não tem nada que indique que estejam tentando entrar, a maçaneta segue imóvel e o único barulho que consigo escutar são de passos firmes se afastando,aguardo com a minha arma em punho atrás da porta e quando o silêncio volta a reinar e tenho certeza que não tem ninguém no corredor pois dou uma espiada no olho mágico e me certifico , eu pego o envelope com as pontas dos dedos e me sento no sofá para matar a minha curiosidade. Examino o envelope e dou uma olhada no peso para tentar saber o que tem dentro,o papel não está identificado, mas vejo outros envelopes amarelos similares empilhados sobre a mesinha de centro, provavelmente a moça da faxina os colocou ali , então cuidadosamente eu abro as abas do que acabei de receber.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Elenilda Ferreira
Correspondência anomia uau essa história vão começar a esquentar.
2024-07-07
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