capítulo 06

Sou tirada do meu sono com a campainha tocando insistente , abro os olhos devagar e novamente me situo de onde estou, a pessoa la fora parece estar com pressa e bastante impaciente pois não para de meter o dedo na buzina e isso ja me irrita , odeio quando estou dormindo e alguém me acorda principalmente com tanto barulho, eu sou dessas que quando não descansa direito fica parecendo uma fera então o Ricardo não me acorda a menos que o prédio esteja pegando fogo ou um bandido perigoso tenha escapado da prisão e tenha que recapturar e pode dizer que sou obcecada por trabalho pois eu sou mesmo , admito isso, me sento devagar na beirada da cama e procuro os meus chinelos antes de descer e por os pés no chão, seja la quem for que me espere ,pois não estou com pressa e muito menos humor pra gente agoniada , dou uma olhada no meu telefone que estava sobre o criado mudo e vejo que dormi muito, mas não o suficiente para matar todo o meu cansaço, agora são por volta de três horas da tarde e não era nem dez da manhã quando eu me deitei porém ainda não foi o suficiente para amenizar o meu mal humor, outra vez a pessoa a porta me chama de volta a realidade e vou la ver quem esta morrendo.

Antes de abrir a porta dou uma olhada no olho magico para assegurar a minha segurança e só então destravo a trava da porta para encarar o garoto baixinho e um pouco acima do peso parado a minha frente com uma mochila nas costas e uma cara de poucos amigos. O mal humor parece ser contagioso e está pegando geral nesse prédio.

_ pois não! falo encarando o garoto o achando familiar, mas no momento de quem se trata não me vem a mente e não vou ficar me cobrando. Não hoje.

_ Eu quero falar com o meu pai. Ele estar aí?o moleque diz cheio de segurança na sua fala.

_ garoto acho que está enganado, voce errou de endereço, aqui é a casa do Ricardo e até onde eu sei ele não tem filhos.

_ pois quem está enganada é você! chame ele pra mim por gentileza e não me faça perder o meu tempo. Apesar de educado o nível de arrogância do moleque me deixou chocada e muito impactada também, talvez o garoto estivesse apenas blefando ,mas no fundo eu sabia que ali poderia ter algum grau de verdade.

_ bom , ele não esta aqui então acho melhor voce voltar outra hora.

_ ligue para ele então e me deixe entrar, eu estou cansado e com fome. Prepare um lanche para mim que não posso ficar sem comer.

_ e como a sua alteza se chama? para mim poder anuncia- lo majestade. Pergunto nadando em ironia enquanto dou passagem para o moleque entrar.

_Eu sou o João Pedro! Ele fala entrando e já jogando a sua mochila sobre o sofá da sala enquanto eu o sigo com os olhos.

_ e não se ache demais só porque esquentou a cama do Ricardo. Voce nem é tão bonita assim e ele tem uma qualquer como voce em cada esquina dessa cidade.

_ essa informação é nova para mim João Pedro, mas se voce esta dizendo só me resta acreditar. Falo enquanto dou as costas e caminho até a cozinha americana, separo alguns lanches da geladeira e os coloco na pia voltando a encarar o garoto.

_ Eu vou preparar um lanche para nós dois e depois de comer eu ligo para o seu pai ok! A propósito eu me chamo Heloísa.

_ Então é você? Ele questiona inquisitivo antes que eu terminasse de me apresentar.

_ eu o quê? pergunto o encarando enquanto passo manteiga no pão para fazer uns misto quentes.

_ É por sua causa que o bunda mole do Ricardo esta me deixando de escanteio, mas não pense que vai conseguir fazer ele se afastar de mim não Heloísa. Ele fala se dirigindo a bancada e se sentando no banco bem de frente para mim como se me intimidasse e esse olhar é exatamente igual ao do Ricardo e isso me desperta uma lembrança.

_ sinto muito moleque, mas essa culpa eu não carrego não viu. Se o teu irmão esta falhando com voce não é por minha causa não. Digo me lembrando de onde conheço o garoto,o vi poucas vezes mas ele foi me apresentado como o irmão caçula do meu namorado e não como seu filho como o menino alega.

_ o Ricardo não é meu irmão, ele é o meu pai e nada que faça ou diga vai mudar isso.

_ ok então! eu não vou bater boca com um aborrecente de doze anos , pode começar a comer que vou ligar para o seu pai vir se resolver os assuntos dele com voce.

Coloco dois sanduíches no prato e dou as costas para pegar um refrigerante na geladeira, me volto novamente a posição que estava e empurro a refeição em direção ao garoto que me olha sério parecendo mais azedo que uma laranja velha.

_ aqui não tem suco? Eu não tomo essas porcarias!

_ aí o problema já não é meu queridinho! Eu vou ligar para o Ricardo vir resolver os BOs dele com você e depois vou embora tá?

_ pode ir! Eu não preciso de babar ,já sou quase um adulto e não gosto da sua presença aqui.

Pego outro prato e coloco os meus sanduíches que estavam assando, sigo para o quarto logo depois e deixo o pequeno rabugento para trás comendo na cozinha enquanto reclama , até agora eu não entendi nada dessa história absurda, como assim o irmão do Ricardo não é irmão de verdade e sim seu filho? Essa história está mal contada e com certeza nesse angu tem caroço, começo a comer o meu lanche e ainda de boca cheia eu disco do meu celular o número do Ricardo,porém o telefone deve estar desligado pois vai direto para a caixa de mensagem então resolvo ligar direto para a delegacia e logo a recepção transfere a minha chamada para a sua sala.

_ Alô!

_ Ricardo venha para casa agora,o seu filho está aqui te esperando e eu estou indo embora agora mesmo.

_ como assim? Me explica direito Heloísa,como o meu filho está aí?

_ bom,quem deve ter as suas respostas é você mesmo! Só vem descascar os seus abacaxis porque eu estou querendo distância de problemas que não são meus.

_ Helô espera um pouco,eu já estou indo para casa ,por favor vamos conversar.

Desligo o telefone e não espero por mais nenhuma justificativa,talvez os ventos estejam a meu favor e essa história de filho pode ser usada como justificativa para mim me afastar do Ricardo sem precisar ferir os seus sentimentos,mas em tudo isso uma coisa é certa,em outras circunstâncias eu nunca imaginaria que o Ricardo pudesse esconder algo tão importante como um filho de mim.

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