Amiga Pilar Cap 2

Naquela noite, Erica chegou em casa exausta, mas satisfeita, depois de um longo dia de trabalho. Ao abrir a porta de sua modesta casa, foi recebida pelo som familiar da máquina de costura, trabalhando incansavelmente no canto da sala. Sua mãe, Heloise, estava concentrada em seus pontos, o rosto iluminado pela luz quente de uma lamparina a óleo.

Heloise: — Seja bem-vinda! — disse sem desviar os olhos do trabalho, mas com um sorriso caloroso na voz. Ela só levantou o olhar quando ouviu o som da porta se fechando.

Erica: — Obrigada, mãe — respondeu, suspirando ao soltar a sacola com um vestido no sofá próximo. — A senhora tem muito trabalho hoje?

Heloise fez uma pausa para esticar as costas, visivelmente cansada, mas determinada.

Heloise: — Sim, minha filha. Preciso ajustar os uniformes das alunas da senhora Agatha. Por quê?

Erica hesitou por um momento, seus olhos caindo sobre a sacola no sofá. — Porque a senhora me deixou ficar com um vestido que ia descartar, e eu gostaria que a senhora fizesse algumas pequenas modificações nele. — Ela se aproximou, pegando o vestido com um toque reverente.

Heloise, agora mais atenta, tomou o vestido em suas mãos experientes. Seus dedos acariciaram o tecido, examinando o corte elegante, e ela não pôde deixar de sorrir, apreciando a delicadeza da peça.

Heloise — Este vestido é realmente lindo. Que bom que a senhora Raquel teve a generosidade de doá-lo. — ela levantou-se e conduziu Erica até um espelho de corpo inteiro. — Experimente, querida. Preciso ver como ele fica em você para avaliar as alterações necessárias.

Erica obedeceu, sentindo-se um pouco nervosa, mas ao mesmo tempo ansiosa para ver como o vestido a transformaria.

Enquanto Erica se trocava, em outro lado da cidade, em uma mansão imponente, Raquel, amiga íntima da filha do duque Perus Carvalho, se preparava para um evento social de prestígio. Ela havia recebido um convite para um chá no jardim, na manhã de sábado, na casa de Pilar, uma das jovens mais influentes do círculo social.

Raquel, sempre atenta à sua aparência, vestiu-se com esmero e pagou o cocheiro para levá-la de carruagem até a casa de Pilar. Ao chegar, foi recebida com um abraço caloroso pela anfitriã, que estava radiante em seu vestido cor-de-rosa pálido.

Pilar:— Que bom que você veio, Raquel! — exclamou ela, seus olhos brilhando de entusiasmo. — Alguma novidade?

Raquel: — Sim, e você? — retrucou, mantendo o ar de mistério enquanto seguia Pilar até o jardim, onde uma mesa elegantemente decorada aguardava as duas.

O jardim era um verdadeiro paraíso, com flores exóticas perfumando o ar e uma fonte de mármore ao centro, cujo som da água corrente proporcionava uma sensação de tranquilidade. Pilar serviu chá em delicadas xícaras de porcelana e ofereceu uma bandeja de doces finamente decorados.

Raquel pegou um doce com cuidado, admirando a precisão dos detalhes antes de levá-lo à boca. — Eu adoro os doces que Pilar serve. São uma verdadeira delícia e muito caros! — pensou, deliciando-se.

Enquanto os doces desapareciam gradualmente da bandeja, Pilar começou a contar sobre sua recente experiência em um banquete no castelo, onde foi cumprimentada, ainda que de forma distante, pelo príncipe Luan.

Raquel:— Que emocionante! — exclamou ela inclinando-se para frente, curiosa. — Você sentiu algo diferente quando ele beijou sua mão?

Pilar riu, suas bochechas corando. — Na verdade, ele não beijou minha mão. Foi um cumprimento à distância, mas nossos olhares se cruzaram, e isso fez meu coração bater mais forte.

Raquel sorriu, escondendo seus próprios pensamentos, enquanto lembrava de Adónis, o homem que a havia impressionado recentemente. Pilar, sempre perspicaz, notou a expressão distante da amiga e não resistiu em perguntar.

Pilar: — E você, Raquel? Conheceu alguém especial?

Raquel hesitou antes de responder, ponderando sobre o que dizer. — Conheci um homem que me chamou a atenção, mas não quero me envolver profundamente com o amor. A novidade que eu tinha para contar é que começarei a ser cortejada pelo marquês Harry.

Pilar franziu o cenho, visivelmente desapontada. Para ela, o amor era a essência da vida. — Como você pode não se importar com o amor, Raquel? Amar e ser amada é tudo o que importa!

Mas Raquel estava decidida. — O marquês Harry é um bom partido. Ele é viúvo, tem um filho de doze anos, e ser sua esposa abrirá portas para eventos e oportunidades que antes não tinha.

Pilar tentou animar a amiga, sugerindo que conhecesse o amigo do príncipe no próximo evento. Raquel recusou gentilmente, preferindo focar em seu plano com o marquês. A conversa terminou com Pilar apoiando, mesmo que a contragosto, a decisão de Raquel, e a visita chegou ao fim.

No caminho de volta para casa, enquanto a carruagem passava pela praça, Raquel avistou Adónis, o homem que tanto a intrigava. Ele estava com um violão nas costas, e seus olhos brilharam ao vê-la. Sem pensar muito, ela pediu ao cocheiro que parasse e desceu da carruagem.

Adónis: — Não posso acreditar que ela parou a carruagem para falar comigo. — pensou, observando-a se aproximar. — Será que ela gosta de mim tanto quanto eu gosto dela?

Raquel sentiu o coração acelerar. — Por que estou tão nervosa? — pensou, tentando manter a compostura.

Adónis: — Boa tarde, senhorita Raquel — disse, com um sorriso que iluminou seu rosto. — Não consigo tirar sua imagem da minha mente desde que nos vimos pela última vez.

Raquel sorriu timidamente, surpresa com a franqueza dele. — Você também trabalha como músico? — perguntou, notando o violão que ele carregava.

Adónis: — Quando surge algum trabalho, sim — respondeu Adónis, pegando uma flor de um arbusto próximo e a entregando a ela.

Raquel: — Obrigada — disse cheirando a flor, sentindo o perfume suave que parecia ter sido feito para aquele momento.

Adónis: — Gostaria de convidá-la para as festas da fundação do reino. Se vier, dançaria comigo? — Adónis perguntou, esperançoso.

Raquel hesitou, seus pensamentos se voltando para a rigidez de sua mãe. — Ir a esse tipo de festa e dançar com ele... minha mãe não permitiria. — pensou, mas antes que pudesse responder, notou Erica ao longe, caminhando com um dos vestidos que havia modificado.

Raquel: — Desculpe, Adónis, preciso tratar de algo. — disse abruptamente, antes de confirmar que iria à festa. Ela se dirigiu até Erica, que se assustou ao ver a expressão severa de Raquel.

Erica — Minha senhora, não é o que parece. — começou a explicar nervosa.

Raquel: — Você está questionando minha inteligência? — retrucou ela deixando Erica desconcertada. Depois de alguns momentos de tensão, Raquel relaxou e esboçou um sorriso calculado.

Raquel: — Vou te perdoar, mas com uma condição: preciso da sua ajuda em algo.

Erica concordou, aliviada, mas com uma leve apreensão. Raquel, ao notar a semelhança entre elas, começou a formular um plano.

Raquel: — Sei que não somos idênticas, mas com o cabelo arrumado como o meu e uma desculpa bem colocada, ninguém perceberá. Você só precisa ficar no quarto e dizer que está indisposta.

Erica, desconfortável com a ideia, hesitou. — "Eu não gosto de ler e queria aproveitar a festa." — pensou, incomodada com a ordem.

Raquel, determinada a seguir com seu plano, não deu ouvidos às preocupações de Erica. Elas voltaram para a carruagem, onde Raquel continuou a explicar os detalhes do que esperava dela. Enquanto isso, seus pensamentos voltavam para Adónis e para a próxima vez que se encontrariam.

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