A Recompensa É O Amor!

A Recompensa É O Amor!

O jovem Adónis Cap 1

Vinte anos atrás, o vasto reino de Gralias, com suas montanhas majestosas e florestas densas, prosperava sob a liderança de um rei sábio e justo. Era um lugar onde o comércio florescia, as ruas estavam sempre movimentadas e as pessoas levavam uma vida repleta de tradições. O jovem Adónis, um comerciante de itens usados, caminhava por essas ruas antigas com um saco pesado nas costas, cheio de objetos que havia coletado ao longo do dia.

Adónis: — "Faz tempo que não visito a rua Conde Marechal," pensou, observando as fachadas dos casarões antigos enquanto seguia seu caminho. As pedras irregulares da rua ressoavam sob seus passos firmes, ecoando sua determinação em cada batida.

Na casa da jovem Raquel, uma imponente construção com grandes janelas e um jardim exuberante, a criada Erica estava ocupada recolhendo os vestidos antigos que sua senhora decidira descartar. O quarto de Raquel, decorado com móveis finos e cortinas de veludo, refletia o luxo e o bom gosto da família.

Erica: — "Que desperdício jogar fora vestidos tão lindos! Eu ficaria belíssima com um deles," pensou, segurando um vestido vermelho e sentindo o tecido macio entre os dedos.

Enquanto isso, na parte inferior da casa, onde o aroma de chá recém-preparado permeava o ar, a governanta Abigail, uma mulher de meia-idade com feições severas, atendia Adónis na entrada principal. O interior da casa era decorado com tapeçarias ricas e móveis de madeira escura, transmitindo uma sensação de imponência e tradição.

Abigail:— Talvez a dona da casa e sua filha tenham algo para se desfazer. —disse a Adónis, que agradeceu com uma leve inclinação de cabeça, mantendo sua postura respeitosa.

Eva, a senhora da casa, uma viúva elegante que mantinha sua beleza apesar dos anos, entrou na sala, abanando-se com um leque delicado. Seus olhos, astutos e atentos, pousaram em Adónis, e ela não pôde deixar de notar a aparência atraente do jovem.

Eva: —O que o traz aqui? — perguntou, com um tom de curiosidade misturado com desdém, enquanto observava Adónis de cima a baixo.

Adónis: —Ofereço meus serviços, senhora. Talvez encontre algo de valor que gostaria de vender. — disse, com uma voz suave e educada.

Eva, intrigada, o convidou a entrar. A sala onde o recebeu era espaçosa, com paredes altas adornadas por quadros antigos e um grande tapete amarelo-ouro que se estendia pelo chão de mármore. Uma escada em espiral de madeira escura conduzia aos andares superiores, onde Raquel estava ocupada com seus vestidos.

Eva: — Vou verificar o que minha filha está fazendo no quarto. Parece que ela está decidida a se desfazer de alguns vestidos. — comentou, já subindo as escadas com passos decididos.

No quarto, Raquel, uma jovem de 19 anos, de beleza inegável, estava em frente a um espelho de corpo inteiro. Seus olhos analisavam cada detalhe de sua aparência, enquanto pensava na quantidade de vestidos que havia decidido vender. Quando Abigail entrou, informando-a da presença de Adónis, Raquel acenou com a cabeça.

Raquel: — Já que ele compra coisas usadas, vou vender os vestidos que não quero mais. — disse com desdém, dirigindo-se à criada.

Erica: — Não é necessário carregar tudo, senhora. Deixe que eu cuide disso. — ofereceu, com um sorriso contido.

Raquel, com um olhar altivo, recusou-se a deixar Erica levar os vestidos sozinha, demonstrando que preferia fazer as coisas à sua maneira. Desceu as escadas, enquanto Erica, aproveitando a distração, escondia um dos vestidos atrás de um vaso de flores.

Quando Raquel entrou na sala, Adónis levantou os olhos e ficou encantado com a visão. Ela era a personificação da graça e da beleza, vestida com uma simplicidade que apenas realçava sua elegância natural.

Raquel: — Eu trouxe alguns vestidos para vender. — disse com um tom que misturava desinteresse e expectativa.

Adónis: — Ótimo, senhorita. Deixe-me ver o que tem. — respondeu ele, admirando a qualidade dos tecidos que ela colocava sobre a mesa.

Os olhos de Raquel brilharam por um momento ao ver o interesse de Adónis em suas roupas, enquanto ele inspecionava cada detalhe com cuidado.

Raquel: — "Ele está sorrindo; deve ter gostado muito dos meus vestidos. Claro, são feitos pelos melhores costureiros do reino." —pensou com orgulho.

Eva: — Filha, espere ele terminar de avaliar antes de discutir o preço. — disse, tentando ensinar à filha as sutilezas do comércio.

Adónis, que já havia feito negócios com Eva antes, sabia o quanto a viúva precisava de dinheiro. Após alguma negociação, ele fez uma oferta a Raquel. Ela, conhecendo bem as táticas dos comerciantes, aceitou a segunda oferta, satisfeita por ter obtido um bom preço.

Ao se despedir, Adónis beijou a mão de Eva e, ao virar-se para Raquel, fez o mesmo, causando um leve rubor em suas bochechas. O toque suave de seus lábios deixou uma impressão duradoura na jovem, que até então nunca havia dado muita atenção aos homens que a cortejavam.

Naquela noite, a casa ficou em silêncio enquanto Raquel refletia sobre o encontro. Já Adónis, depois de um dia de trabalho duro, decidiu ir à taberna de Ema, um local conhecido pela comida saborosa e pela boa companhia. Ema, uma mulher alta e formosa, com cabelos longos e uma presença marcante, era a dona do estabelecimento e recebia a todos com um sorriso caloroso.

Adónis: — Boa noite, Ema. — cumprimentou ao entrar, sendo imediatamente recebido pelos amigos que estavam reunidos em uma das mesas.

Ema, com sua voz firme, respondeu com um "Boa noite, Adónis. Seja bem-vindo," enquanto servia uma caneca de cerveja a um dos clientes.

O ambiente da taberna era aconchegante, com mesas de madeira robustas e uma lareira que aquecia a sala. A luz suave das velas criava sombras dançantes nas paredes, e o som das risadas e conversas preenchia o ar.

Adónis sentou-se com seus amigos, pedindo o especial do dia. Enquanto esperava, Malaquias, o capitão do exército do reino e marido de Ema, entrou na taberna acompanhado de alguns soldados. Ele cumprimentou sua esposa com um beijo apaixonado, demonstrando o forte laço entre os dois.

Malaquias: — Boa noite, amor! —disse com entusiasmo, enquanto os soldados tomavam seus lugares ao redor de uma mesa próxima.

Ema: —Boa noite, querido! Como foi o seu dia? — perguntou, enquanto dava ordens aos funcionários para atender os novos clientes.

A conversa entre os amigos de Adónis girava em torno de assuntos triviais, até que a comida foi servida. Adónis, ao dar a primeira garfada, não pôde deixar de elogiar: "A comida daqui é a melhor!"

Gomes: —Toda vez que vem aqui, diz a mesma coisa. A comida da sua tia Dolores é tão ruim assim? — brincou, arrancando risadas dos outros.

Adónis: —Nem imagina. Ela usa ervas medicinais em tudo o que faz. É como comer em um hospital todos os dias. — respondeu, divertindo-se com a lembrança.

Depois do jantar, Malaquias pediu a Adónis que tocasse algo para animar a noite. Com um sorriso no rosto, Ema trouxe o violão para ele. Adónis se levantou, posicionando-se em frente ao balcão.

Adónis: — Vou cantar 'A Mulher de Olhos Bonitos'! — anunciou, dedilhando as primeiras notas no violão.

A melodia suave encheu a taberna, e enquanto tocava, Adónis não conseguia tirar da mente a imagem de Raquel, sua beleza e o leve rubor que colorira suas bochechas. A música ganhou um tom mais sentimental, envolvendo todos os presentes e fazendo com que a noite terminasse em um coro uníssono.

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