De novo ,não!

Após o nosso final de semana em Paraty, Alexia e eu resolvemos assumir o nosso relacionamento formalmente para minha família e para a família dela. Conseguimos retomar nosso namoro de onde paramos e a felicidade não cabe em meu peito! Eu recuperei a minha mulher e o meu filho, agora nós planejamos o nosso casamento. Ela ainda prefere morar em Niterói com o Bernardo e eu continuo no Rio, mas passo boa parte da semana com eles.

—Hoje vamos jantar na casa dos meus pais. Eles estão tão empolgados com a nossa volta!

—Quem gosta de verdade de nós dois ,está feliz com a nossa felicidade.

Chegamos na casa do meus pais, essa noite, Alexia e Bernardo dormirão comigo aqui.

Entramos felizes mas minha cara se desfaz assim que vejo Aurora sentada na sala junto com eles e Helena.

—É....boa noite a todos! Eu vou subir com a MINHA FAMÍLIA. Mais tarde descemos.

—Caio...não faz assim, por seus pais! É muito triste tudo isso. - Alexia segura no meu braço e olha nos meus olhos.

—Vem filho, está na hora disso acabar, por favor? - minha mãe apela

Eu vou até onde eles estão de mãos dadas com Alexia e Bernardo.

—Oi Caio! -.Aurora me cumprimenta

—Oi... - respondo secamente

—Oi Alexia. Eu gostaria de pedir perdão para vocês pelo que eu fiz,sei que não muda nada do que aconteceu,mas eu sou consumida pela culpa e não posso passar a minha gestação assim. Vocês podem me perdoar?

—Perdão é um processo complicado. Não acontece de uma hora para a outra. Mas podemos tentar, não podemos Caio?

Eu olho para o rosto de Alexia e entendo, se ela que foi a maior vítima, está disposta, porque eu como irmão não estarei?

—Claro que podemos!

—Aí, que bom! Eu precisava disso. - Aurora olha para baixo e repara em Bernardo - esse deve ser o meu sobrinho. É a sua cara, Caio!

—É. - ainda não consigo olhar e falar direito com ela ,mas como Alexia disse, é um processo.

—Quem é você? Porque está na casa do vovô e da vovó?

A minha família acha graça da curiosidade do meu menino.

—Eu sou a irmã do seu pai, sua tia Aurora. Essa é a casa dos meus pais!

—Eu achei que só tivesse uma tia.

—Não, e eu ainda irei te dar um priminho. Não comentei com vocês, mas estou esperando um menino, Gabriel.

Todos a parabenizamos, mas me contenha com contato físico.

O jantar é servido, e mesmo ainda magoado, lá no fundo me sinto feliz por ter a minha família completa ao redor da mesa.

—No sábado iremos recepcionar nossos amigos para celebrar o nosso aniversário de casamento ,quarenta anos!

—Que data linda! - diz Alexia

—Faremos um almoço, quero o meu neto aqui Alexia! É uma data muito especial.- diz o meu pai

—Chegarei mais tarde, tenho um congresso. Mas, o Caio trará o Bernardo, não se preocupem.

Logo após o jantar, eu me retiro na companhia de Alexia e do nosso filho.

—Não vejo a hora de termos a nossa casa! Podermos partilhar a nossa intimidade todos dias!

—Eu também meu amor, temos que pensar aonde iremos morar. Sinceramente,não quero sair de Niterói, é uma cidade mais tranquila,menos caótica do que o Rio e não estaremos distantes do centro da capital.

—Sim, vi uns condomínios bem legais por lá, acho que uma casa seria ideal para uma família cheia de crianças!

—Cheia de crianças?

—Quero ter mais uns três filhos com você! Vamos povoar esse mundo!

Eu a encho de beijos, mas somos interrompidos por nosso filho, entrando no meio de nós,cheio de ciúmes.

......................

Estou feliz que meu irmão pode tentar me perdoar. Até agora, eu não sentia culpa,mas vê-lo chegar de mãos dadas com Alexia e o Bernardo, fez a minha ficha cair. Como eu fui egoísta e má! Eu neguei ao meu sobrinho o direito de ter um pai, uma família...

Não sei se é por estar grávida e sensível, mas imaginei o meu filho sendo rejeitado pela família paterna,tendo seus direitos negados. Olhando o meu sobrinho, tão inocente e doce ,desejo do fundo do meu coração que o Caio me perdoe eu possa construir uma relação saudável com a Alexia.

—Alô?

—Oi Aurora! Como está indo?

—Vou bem Sabine! E você, como está lidando com o fim do noivado?

—Péssima! Mas eu não desisti, acho que esse relacionamento deles não tem futuro.

—Engano seu, os encontrei hoje na casa dos meus pais. Estavam fazendo planos, felizes...melhor esquecer o meu irmão!

—Jamais Aurora! Ele é o amor da minha vida!

—Mas você não é o dele!

—De qual lado você está?

— Do Caio! Se ele quer ficar com ela ,eu o respeito e desejo que sejam muito felizes.

— Aff! Eu nem tenho coragem de ir até a casa dos seus pais no sábado e passar raiva!

—Então não vá mesmo! Pois ele estará com a família dele! A Alexia chegará mais tarde, mas o Bernado estará desde cedo com o Caio. Agora me deixe desligar, tenho que repousar. Boa noite!

—Boa noite!

......................

Eu não aceito esse término! Foi humilhante ser trocada por aquela sem sal as véspera do meu casamento!

Mas eu precisos pensar em algo...Caio sozinho sem ela, o filho deles, presente...já sei!

Mas preciso pensar exatamente em cada detalhe desse plano.

Seu eu não posso ficar com o Caio, você também não ficará,Alexia!

.....................

No dia da festa dos meus pais ,trouxe o Bernardo sozinho,pela primeira vez e pude apresentar o meu filho ao nosso círculo social,foi uma surpresa para os nossos amigos, que ficaram curiosos com a minha história com a Alexia.

—E aonde está essa mulher maravilhosa?- perguntam

—Está em um congresso, em breve estará chegando.

Sabine estava presente e a toda oportunidade se aproximava de mim, que por minha vez ,fugia dela como o diabo da cruz.

—Opa! Desculpa, Caio!

Ela derruba vinho tinto na minha roupa toda e tenho que subir e me trocar.

—Helena,fica com o Bernardo pra mim? Preciso trocar as minhas roupas sujas de vinho.

—Pode ir tranquilo, fico de olho nele!

Subo,escolho uma nova muda de roupas e antes de me trocar,Sabine bate a porta do quarto.

—O que você quer?

—Calma! Está na defensiva! Eu só vim comemorar algo muito importante pra mim com você.

—E o que poderia ser?

—Aquele contrato com a aquela grife francesa que você muito me ajudou a conseguir, enfim saiu!

—Que ótimo! Parabéns! É um ótima oportunidade!

—Gostaria que você brindasse comigo, só o consegui por sua causa!

Ela me entrega um taça de champanhe, sorvo todo o líquido para dispensa-lá logo.

—Bem, brinde feito, agora me dê licença!

Quando vou fechar a porta,fico tonto, como se não tivesse controle dos meus sentidos.

—Caio? Está bem? Caio? - a voz de Sabine foi ficando cada vez mais distante até que eu não me lembro mais de nada.

......................

Arrumei o Bernado, a sua mochila e Caio o levou para sua casa.

—Vejo vocês mais tarde ,meus meninos!

—Até mais ,meu amor! Nós veremos a noite!

—Cuidado com ele ,Caio!

—Se não estiver comigo, estará com a minha família,não se preocupe.

Fui ao congresso, participei de interessantes e cansativas palestras, e no final de tudo me dirigi à mansão da família Duarte.

—Oi Helena, o Bê está com você. Cadê o Caio?

—Ele foi ao quarto trocar de roupas, caiu vinho na roupa dele, mas já faz um bom tempo.

—Vou até lá, aproveitarei para tomar um banho e trocar as roupas.

Subo as escadas e encontro a porta do quarto dele entre aberta.

—Meu amor, cheguei! Estou louca por um banho e ...

Ao abrir a porta a cena que me devastou. Caio deitado ao lado de Sabine, nus! Eu não tive outra reação a não ser fechar a porta novamente, corri até o jardim da casa e me encontrei com Helena.

—Me dá o Bernardo, eu vou embora. - o meu choque era tamanho que eu falava lentamente.

—O que aconteceu? Você está pálida! Vamos entrar!

Ela me leva até a sala de estar e me senta.

—Alexia,o que aconteceu?

—Lá no quarto, o Caio...

—O que aconteceu com o Caio?

—Lá em cima!

—Ai meu Deus, você está estranha! Eu vou lá ver o que aconteceu

Assim que Helena abre a porta ,se depara com a mesma cena que eu.

— Caio! Sabine!Que merda é essa?!

— Ai meu Deus, pegamos no sono! Era tanta saudade de estarmos juntos foi tão intenso! - ela fala com cinismo - desculpa por isso Alexia, mas aconteceu,foi tão natural!

Helena tenta acordar Caio aos gritos.

—Ahn..o quê? Alexia, Helena...o que está ...Sabine!

— Que canalhice ! Vistam-se ,eu vou tirar a pobre da Alexia daqui!

Ela me pega junto com o Bernardo e me deixa em casa.

—Quer que eu fique aqui?

—Não, eu preciso ficar sozinha!

Ela se retira,eu coloco o Bê na cama e fico sentada no sofá ,com o telefone desligado, até os primeiros raios de sol surgirem no céu.

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