Capítulo 13

Flora sorriu com gentileza para Demétrio e decidiu que já estava mais do que na hora de saber o que Marta tinha contra ela.

__ Obrigada Demétrio e vou fazer isso, mas antes eu vou conversar com a Marta um pouquinho. Respondeu Flora e ele concordou, seguindo para o quarto de Isaque.

____ Agora que estamos sozinhas, eu preciso perguntar porque a senhora nunca gostou de mim. Se nunca fiz nada a senhora? Perguntou Flora intrigada.

____ Eu não vou lhe responder porque lhe devo respeito, se quiser manter o meu emprego é melhor que eu fique de boca calada. Eu gosto muito de trabalhar para o senhor Álvares, ele é um ótimo patrão, muito justo e generoso. Disse a mulher com uma expressão severa deixando sua máscara cair.

____Pois, pode fica certa que seja lá o que tenha me dizer, não vai perder seu emprego. Tudo que disser ficara entre nós. Eu só quero entender porque nunca gostou de mim se nunca lhe fiz nada de mal. Insistiu Flora.

____ Já que faz questão, eu lhe responderei. Você sempre foi uma sonsa, santinha do pau oco e sempre deu um jeito de seduzir todos os homens que se aproximavam de você. Até o meu ex marido você enfeitiçou, eu o peguei muitas vezes babando por você quando ia trabalhar nas festas na antiga casa do senhor Álvares e sei que ele sõ ficava assim porque você deve ter o seduzido com aqueles seus olhares se fingidos de menina pura e inocente que mexia com a imaginação dos homens. Muitas vezes tive vontade de matá-lo por isso, se bem que a culpa era sua que o enfeitiçou com aquele seu ar de falsa inocência. Pelo menos você teve o castigo merecido, foi jogada na rua depois de ter ido para cama com o filho do patrão e depois inventar que ele abusou de você. Mas pelo que vejo você conseguiu o que tanto queria se tornar a esposa de um Álvares e ainda conseguiu um pai para seu filho que se não fosse tão parecido com o senhor Danilo eu duvidaria que fosse filho dele. Disse Marta colocando todo o rancor que sentia por ela sem ela ter culpa nenhuma se seu marido era um safado. E Flora pensou o que ela iria fazer então se descobrisse que seu marido vivia a cantando um homem que tinha idade para ser seu pai.

Flora achou que ela nem desconfiava que o marido ficava de olho nela, mas pelo visto ela via e fingia que não, pois o tratava com muito carinho mesmo sabendo que ele era um cafajeste e não era só de Flora que ele dava em cima. Para viver bem com ele, certamente por amá-lo, Marta resolveu direcionar sua raiva do que ele fazia para ela que não tinha culpa de nada.

___ Pelo seu silêncio. Sei que falei demais, pelo menos mais do que pretendia. Acho que depois disso não vai querer que eu trabalhe para senhora. Então antes que me demita ou fale tudo para o Juiz Álvares eu peço demissão. vou arrumar minhas malas. Disse Marta como se estivesse arrependida de ter falo tudo que sempre pensou de Flora, mas por medo de ter que deixar o serviço.

____ A senhora só não continuara trabalhando aqui se não quiser.Eu cumpro a minha palavra, não direi nada a ninguém sobre nossa conversa. Agora pelo menos sei o motivo de nunca ter gostado de mim. E sinto muito por pensar tão mal de uma pessoa que nunca lhe eu motivo para isso e pelo jeito ainda pensa. Se o senhor Paulo agora é seu ex marido, certamente deve ter descoberto que ele nunca valeu nada.Mas é mais fácil para senhora direcionar sua raiva a mim. Tudo bem. eu não preciso que goste de mim, só que me respeite e volto a dizer que espero que pelo menos possa haver uma relação assim entre nós na base do respeito mútuo. Outra coisa que deve saber, é que nunca mais diga essas coisas desrespeitosas que me disse que inventei de que fui estuprada para me dar bem na vida porque é isso que insinuou. Isso eu não vou tolerar e principalmente que use meu filho para me atingir, se por acaso fizer isso garanto que perder o seu emprego será o de menos para senhora. Porque para defender o meu filho eu sou capaz de coisas que a senhora nem queira saber. Já disse tudo que queria dizer, agora se quiser pedir demissão a escolha é sua. Disse Flora de forma firme olhando para ela.

.____ Não senhora. Farei o que a senhora espera de mim que possamos ter uma relação respeitosa de patroa e empregada. Porque é certo que não haverá outro tipo de relação entre nós e quanto ao seu filho eu nunca faria mal nenhum a ele.É apenas uma criança inocente. Disso pode ficar certa. Agora com licença vou mandar que uma das empregadas da casa desfaça suas malas e a do senhor Álvares.

Disse Marta com uma voz orgulhosa, agora a olhando com respeito e em seguida se retirou da sala.

Flora ficou ali parada pensando porque as pessoas sempre pensavam o pior dela e a culpava de tudo e ela sentiu isso na pele desde criança quando seu pai nunca a tratou com amor e carinho a culpando pela morte de sua mãe sendo que ela não tinha culpa nenhuma era apenas um bebê e foi sua mãe que decidiu engravidar mesmo sabendo que seria uma gravidez muito difícil por ser hipertensa. Com certeza sua mãe a amou muito quando decidiu tê-la, pena que ela se quer pode conhecê-la nem por fotos, pois seu pai nunca deixou que ela visse se quer uma foto de sua mãe, sempre dizia que a culpada de sua morte não tinha direito de vê-la nem mesmo por foto e ela sofria muito com aquilo tudo.

Cresceu com essa dor em seu peito e muitas vezes se achava culpada mesmo da morte de sua mãe desejando não ter nem nascido. Depois de pensar naquelas lembranças tristes ela resolveu que o passado deve sempre ficar no passado por mais difícil que o manter sempre lá, mas era algo que não se podia mudar, então não adiantava nada ficar lembrando de coisas que só lhe faziam mal. Ela respirou fundo ergueu a cabeça como sempre fazia para encarar de frente a vida e subiu para seu novo quarto o quarto que ira dividir com Demetrio e que só de pensar nisso ela ficava nervosa. Chegando no quarto que Demetrio lhe mostrou nas fotos, ela viu que ele era muito mais bonito pessoalmente, fora decorado com muito bom gosto, cercado de requinte e luxo.

Flora ficou admirada e se lembrou do seu quarto naquele apartamento no subúrbio pequeno, úmido e com móveis precários, mas era o que ela teve como pagar. Aquele quartinho parecia de uma gata-borralheira e aquele ali era digno de uma princesa. Pensou Flora consigo mesma andando pelo carpete macio descalça e sentindo sua maciez. Ela nunca foi uma mulher ambiciosa que sonhava com luxo e riqueza, mas não seria hipócrita de negar que dormir em um quarto como aquele era bem melhor que dormir em um quartinho com paredes úmidas cheio de infiltração. Ela se jogou na cama sorrindo com uma princesa em um conto de fadas e sentiu o toque dos lençóis finos e a maciez do colchão. Totalmente diferente do colchão duro e gasto que dormia.

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