Jaqueline, determinada, continua seu trabalho de limpar a neve, esforçando-se para terminar o mais rápido possível. Ao sentir a responsabilidade de guiar Bruna por Nórdika, ela antecipa o término do expediente na Lan House, saindo por volta das 15:30. Com um desejo de oferecer uma experiência única, ela volta para casa e toma um banho quente para se preparar para a tarefa que a aguarda.
Enquanto se arruma, Jaqueline percebe a mudança no clima, com a iminência de uma frente gelada e o início do inverno. Em sua busca por um guia turístico, ela encontra um livro útil que detalha os pontos de interesse em Nórdica. Consciente da importância de manter Bruna aquecida, Jaqueline prepara um delicioso chocolate quente e o coloca em uma garrafa térmica.
Ao sair para encontrar Bruna no chalé, Jaqueline sente uma mistura de emoções. Esta é sua primeira vez como guia turística, uma aventura que ela nunca imaginou, e Bruna será a primeira a testemunhar essa nova faceta dela. O ambiente ao redor começa a transformar-se com a chegada do inverno iminente, os sons da cidade diminuem, substituídos pelo suave ruído dos flocos de neve caindo.
Jaqueline, com a garrafa térmica em mãos, chega ao chalé onde Bruna está hospedada. O cheiro do chocolate quente se mistura ao ar frio. Jaqueline, ansiosa pela oportunidade de compartilhar sua cidade com Bruna, bate na porta, pronta para iniciar essa inusitada jornada como guia turística.
Bruna, ainda não encantada com o frio de Nórdika, via na oportunidade de aparecer em uma matéria importante em Portugal um motivo para enfrentar os desafios do clima adverso. Apesar de ninguém ter se prontificado para cobrir a história, Bruna via a recusa de outros como uma chance de transformar uma situação desfavorável em algo positivo.
Enquanto refletia sobre a escolha de roupa para enfrentar o rigor do inverno nórdico, Bruna pensou na relação turbulenta que teve com Jaqueline em 2012. Contudo, ela sabia que as circunstâncias mudaram, e agora precisava de um guia. Lembrando da generosidade de Jaqueline, mesmo diante de suas peculiaridades, Bruna olhou para sua mala, ponderando sobre quais peças seriam mais adequadas para enfrentar o frio implacável de Nórdica.
O ambiente ao redor refletia a atmosfera invernal, com flocos de neve dançando pelo ar e a paisagem coberta por um manto branco e reluzente. O silêncio prevalecia, interrompido apenas pelo ocasional farfalhar dos flocos de neve ao tocar o solo gelado. O chalé, envolto em uma aura tranquila, aguardava a chegada de Bruna e Jaqueline para uma nova jornada através das paisagens nórdicas.
Ao bater na porta do chalé onde Bruna estava hospedada, Jaqueline trouxe consigo não apenas a garrafa térmica de chocolate quente, mas também uma onda de memórias que remontavam à adolescência da Bruna. Ao abrir a porta, Bruna deparou-se com a presença familiar de Jaqueline.
Jaqueline: (com um sorriso acolhedor) Oi, Bruna! Achei que você poderia gostar de um pouco de chocolate quente. Vamos lá fora, a neve está linda.
Bruna, inicialmente surpresa, aceitou o convite. Enquanto caminhavam pelo cenário nórdico, a neve começou a cair suavemente sobre elas, criando um ambiente nostálgico.
Jaqueline: Lembra dos tempos em que eu te guiava, não é? Antes de você ir para Portugal. Eu te ajudava a enfrentar o bullying. Agora, estou aqui para guiá-la de uma maneira diferente.
Bruna, com um olhar agradecido, recordou-se dos dias em que Jaqueline era mais do que uma amiga - uma guia em sua adolescência turbulenta. O frio do presente não apagava o calor dessas lembranças.
Bruna: Eu sei que nos afastamos desde 2012, você não mais curtia minhas postagens, eu sei que a culpa foi minha, eu acabei me afastando de tudo que remetia, a uma menina ruiva gordinha.
Jaqueline entendendo o que ela disse.
Jaqueline: Você não precisa se justificar, eu sei que as vezes acabamos tomando caminhos diferentes, não estou aqui para te criticar. E você é Bruna, filha da minha grande amiga.
Bruna : Você disse que está aqui há 3 anos, e você continua conversando com minha mãe ? Ela falou curiosa.
Jaqueline: Sim, a gente se fala, hoje com a internet, da para manter os contatos.
Bruna: Me fala de você? Se casou ? Porque venho para aqui? porque Nórdica?
Ela falou curiosa, e rindo.
Jaqueline ficou séria, mas falou com calma, sua voz soou rouca.
Bruna olhou nos olhos de Jaqueline, buscando compreender a jornada que a amiga havia trilhado nos últimos anos. Enquanto as palavras de Jaqueline ecoavam, o cenário nórdico se tornava testemunha do relato sincero.
O vento suave carregava consigo os murmúrios da neve, criando uma trilha sonora discreta para o diálogo. Bruna sentia a frescura do ar, uma mistura de frio e pureza, que preenchia o ambiente ao seu redor.
Jaqueline, com um sorriso um tanto melancólico, desviou o olhar para a paisagem branca que se estendia diante delas. Era como se a neve, em sua serenidade, escondesse histórias e escolhas.
Jaqueline: (num tom rouco, mas determinado) Não encontrei o que buscava no Brasil, Bruna. Aos 37, esperava ter uma família, mas as coisas tomaram rumos diferentes. Decidi vir para cá quando vi a oportunidade de recomeçar, de longe de tudo que conhecia.
O olhar de Bruna buscava captar não apenas as palavras, mas os sentimentos que Jaqueline tentava expressar. O cheiro do chocolate quente na garrafa térmica, que Jaqueline carregava, misturava-se ao ambiente, criando uma atmosfera acolhedora.
Bruna, com uma pontada de curiosidade e carinho, percebeu que a viagem de Jaqueline para Nórdica ia além de uma simples busca por emprego.
Jaqueline, ao descrever sua vida naquele momento, revelou que a decisão de partir para Nórdica carregava nuances delicadas. (Uma busca por um marido não realizado, uma vontade de ter filhos não concretizada, uma sensação de fracasso que pesava em seus ombros.)
A escolha de Nórdica, o lugar mais frio e distante, não era apenas uma mudança geográfica, mas uma fuga das expectativas não atendidas. Em suas palavras, ela evitou o termo "fracassada", mas o eco desse sentimento permeava a narrativa, tornando Nórdica não apenas um novo lar, mas um refúgio de reinvenção.
Jaqueline e Bruna caminham pela neve, passando pelas estreitas ruas de Nórdica em direção ao primeiro ponto turístico. A neve cai suavemente, criando um cenário encantador enquanto envolve tudo em um manto branco. Os passos delas ecoam na tranquilidade do lugar.
Ao chegarem à cidade, Bruna percebe a arquitetura peculiar e os prédios antigos que se destacam na paisagem nórdica. As ruas, mesmo cobertas de neve, exalam uma atmosfera acolhedora.
Jaqueline aponta para o container, um local especial para os habitantes locais e visitantes. O contraste do metal com o branco da neve chama a atenção, e o vapor sutil indica que o ambiente é aquecido, oferecendo um refúgio do frio intenso.
Elas continuam caminhando, e o som abafado da neve sob seus pés cria uma trilha sonora única. A cidade de Nórdica, mesmo no frio extremo, mostra sua beleza singular enquanto as duas se aproximam do container, um ponto turístico que Bruna terá a oportunidade de explorar e apresentar em sua matéria.
Bruna, olhando ao redor do contêiner, sorri enquanto Jaqueline compartilha informações fascinantes sobre o local.
Jaqueline: Esse contêiner é incrível! E pensar que eles têm várias utilidades, desde casas até obras de arte.
Elas continuam a explorar a área, imersas nas possibilidades que o contêiner oferece, enquanto a neve continua a cair suavemente, criando uma atmosfera mágica ao seu redor.
Sob o toldo do antigo barco fechado, enquanto a neve dança ao seu redor, Bruna e Jaqueline buscam abrigo do frio intenso. Notando que Bruna está sentindo muito frio, Jaqueline gentilmente tira a luva dela e começa a aquecer suas mãos, oferecendo calor e conforto naquela tarde gelada. O cenário, agora coberto de neve, cria uma atmosfera única e acolhedora sob o abrigo improvisado.
Bruna acabou lembrando do passado o toque de Jaqueline que a fez se apaixonar por ela.
No passado, o toque de Jaqueline na mão de Bruna não foi mais que um leve toque, quase imperceptível. Foi um gesto sutil enquanto ela ajudava com a matéria de história, um simples contato para chamar a atenção e perguntar se estava tudo bem. Embora na época tenha sido breve e casual, para Jaqueline. Para Bruna, foi como abrir as asas de borboletas em seu coração. Agora, no presente, sob o toldo do barco, os gestos de Jaqueline continuam cuidadosos, desta vez, para aquecer as mãos de Bruna. Do passado ao presente, o carinho se manifesta em gestos delicados de cuidado e atenção.
Sob o toldo, a Bruna retira suavemente a mão de Jaqueline, o medo antigo ressurgindo em seu peito. A neve cai sobre elas, encobrindo o silêncio incômodo. O ambiente, outrora acolhedor, torna-se pesado, repleto de uma tensão não dita. Bruna quebra o silêncio, dizendo que precisa ir embora, deixando Jaqueline para compreender sozinha. Enquanto Bruna caminha, seu coração pulsa descompassado, dividido entre o presente e as sombras do passado. O cenário gélido reflete a incerteza, e o frio não se compara à gelidez que Bruna sente ao afastar-se.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Jaqueline parece entender no fundo alguma coisa sobre o que Bruna sente
2024-05-15
3
Maria Andrade
que história, estou amando
2024-02-09
3