Racismo

Dimitri

Estava ao lado do meu carro acompanhado do professor, quando me virei e vi que ele estava de braços cruzados ,testa franzida e um biquinho como se fosse um menino de 3 anos. Ver ele assim me deu vontade de o pôr sobre os meus joelhos e lhe dar umas boas palmadas.

- O que há de errado?

- Não era pra você pedir a minha mão?

- Pedir implicaria em desistir caso sua família não cedesse o que está fora de questão, então decidi apenas informá-los sobre a minha decisão.

- Da próxima vez, me avisa pra eu não ficar com cara de bobo, e que história é essa de casa em um mês, o que te faz pensar que sei organizar um casamento?

- Se não souber como faz contrate alguém que saiba, o cartão Black que te dei é para isso. O casamento será no dia 24, assinaremos os papéis no dia 23 pela manhã e à noite faremos uma pequena receção para os meus sócios.

- Imagino que sejam as pessoas que você quer irritar com esse casamento?

- Exatamente, membros da máfia e meu querido pai.

o garoto parecia ter encolhido meio metro, e tinha um semblante de quem estava doente.

De cara já imaginei o porque

- Não fique assim, prometi a sua irmã que cuidaria e protegeria você, e é bom que já fique ciente de que sempre cumpro com as minhas promessas.

- Ok

- Virei te ver todo sábado e domingo, durante a semana estarei muito ocupado. Se tiver qualquer problema me ligue e virei imediatamente, caso seja algo urgente peça ajuda ao Tiago, você me ouviu?

- Sim senhor.

Notei que sua fala estava carregada de ironia.

Fui até ele e segurei seu queixo como se fosse beijá-lo, mas quando estava perto o bastante virei seu rosto e falei bem perto do seu ouvido com a minha voz de comando.

- Se falar assim comigo outras vez, principalmente perto do meu pessoal, eu juro professor, você não vai ver o nascer do sol.

Ele olhou pra mim com os olhos arregalados, e já estava se tremendo todo.

- Lembre-se, eu sou chefe da Máfia, tenho um nome a zelar, não vou permitir que ninguém me trate diferente disso, você me entendeu?

- Sim.

- Bom, agora eu vou pra casa.

Não sei que tipo de impulso foi aquele, se me deixei levar pelo momento e por toda aquela encenação, mas o fato é que me aproximei mais e beijei sua testa, me virei e sai ,deixando ele com uma cara confusa e engraçada.

Sai de lá e fui direto pro meu escritório na mansão, tenho muita coisa pra resolver até esse casamento, não quero deixar nenhuma ponta solta, nada que possa me prejudicar, ou invalidar o que vou fazer.

Tudo precisa estar perfeito.

Malik

Esse doido, quase quebra o meu queixo e fala comigo daquele jeito, e logo depois me beija com tanta suavidade, o que ele quer? dar um nó na minha cabeça?

As duas primeiras semanas passaram comigo procrastinando tudo relacionado ao casamento, até deixar a minha irmã maluca de raiva. Não tenho boas lembranças sobre a última vez que planejei um casamento.

As visitas do Dimitri a nossa casa seguia o mesmo padrão, ele chegava, ficava na sala com o Malcom conversando até o jantar ficar pronto, jantavámos, tomávamos café na varanda, eu levava ele até o carro, e ele beijava a minha testa e depois ia embora.

Quando minha irmã "deixou escapar" pro Dimitri que estávamos atrasados com os preparativos do casamento, notei que ele ficou tenso. Depois me deu uma bela de uma bronca antes de ir.

Depois disso decidi que não tinha porque adiar, então simplesmente comecei. Como eu tinha em mente, organizei um casamento em estilo minimalista e elegante. Muitas orquídeas brancas, folhagens largas e madeira. Uma cerimônia breve e objetiva. Comida simples e saborosa. Nada exagerado ou extravagante.

Na semana do casamento eu não estava como um noivo apaixonado e ansioso, só queria que aquilo tudo acabasse de uma vez.

Acordei na manhã do casamento no civil e me deparei com os ternos que usaria no cartório e na cerimônia na casa do Dimitri.

Agora que o dia chegou eu meio que tô surtando com a merda que eu fiz aceitando esse casamento.

Quando desci, minha família estava tão feliz e animada, que me senti culpada por estar enganando a todos. Minha irmã fez questão de me arrumar e me deixar impecável,o terno do casamento civil era em um tom de cinza frio. Eu gostei do caimento e de como é simples porém de alta costura, espero que seja o suficiente pro Dimitri.

Tiago me levou pro cartório, e como sempre me contando histórias muito divertidas da sua infância no Brasil, descobri um grande amigo nele , essa é uma das únicas coisas boas que Dimitri me trouxe.

Quando chegamos, Tiago disse que o chefe havia reservado uma sala privada pra cerimônia, então eu e minha família teríamos um pouco de privacidade.

Quando cheguei notei que Dimitri estava vestindo um termo preto como de costume. O que me fez questionar de exagerei no meu look.

Assim que entramos na sala, todos olharam pra mim, Dimitri pediu que o juiz seguisse com a cerimônia de imediato. Não durou mais do que 5 minutos e já estávamos casados.

A aliança que Dimitri escolheu era simples, lisa e sem nenhum detalhe, dava pra ver que ele não se importava.

Depois do Casamento no civil, Dimitri levou todos para almoçar em um restaurante de luxo perto do Central Park, que posteriormente eu descobri pertencer a sua organização. Esse homem é cheio de surpresas.

Após a refeição, minha família voltou pra casa, e eu segui pra mansão junto com Dimitri, para participar da cerimônia para os seus amigos hoje , e também para a festa de casamento que será no dia seguinte pela manhã.

Assim que chegamos no portão, pude olhar mais atentamente e ver como aquele lugar era enorme, não teria problemas em evitar o ogro com uma casa assim tão grande.

Cheguei e já fui deixando as malas no quarto e voltei para ajudar na organização da festa.

Tinha tudo pra ser um dia de casamento feliz, até que eu tive que olhar bem de frente pra a face do preconceito.

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