Temos um Trato?

Malik

Aquele ogro! Machucou o meu rosto, que homem mais detestável. O pior é que ele não me deixou nenhuma escapatória.

O Jordan é um menino doce e gentil, cheio de vida e energia, perder os pais, ainda mais nessas circunstâncias, vai destruir ele, eu sei porque foi assim comigo, cresci cheio de traumas e insegurança, o que me fez me apegar tão fácil ao David, e me entregar tão cegamente, eu precisava tanto me sentir amado e protegido de novo, e o David era tão gentil e atencioso, eu acabei fechando os olhos pra todo o resto.

Eu nasci na Somália. Vivi lá até os doze anos, quando me pai foi morto. Meu país vive em uma guerra civil desde os anos 90.

Meu pai era um professor de Filosofia, que Sonhava em mudar o mundo. Ele foi morto pelas forças rebeldes, dentro da nossa casa, bem no meio da sala, na frente da minha irmã e de mim.

Ficamos lá na sala abraçando o corpo do meu pai por horas até minha mãe chegar do trabalho. Naquele dia tudo mudou pra nós. Minha mãe mandou a gente aqui para os Estados Unidos pra ficar com uma prima distante, ela decidiu ficar lá e lutar pelo país e tentar realizar o sonho do meu pai de dar fim a guerra.

Na época eu sofri muito, achei que tinha sido abandonado e vivi com esse sentimento por anos. Depois de muito tempo e muita terapia, hoje eu entendo minha mãe um pouco mais.

Ver meu pai ser morto na minha frente foi a coisa mais triste que já vivi, não posso deixar o Jordan passar por isso, não se eu puder evitar.

E pensando bem não vai ser tão ruim, se ele cumprir a promessa de que tudo vai ser só de aparência eu não vou precisar ir pra cama com ele. Acho que pode dar certo, eu posso fazer isso pelo Jordan.

Mas do mesmo jeito que ele quer que pensem que este casamento é de verdade, eu também quero. Não quero que minha irmã e meus primos, me olhem com pena sentindo dó de mim. Posso fingir que eu fisguei um mafioso bonitão e depois dou uma desculpa quando sair o divórcio. Ninguém precisa saber que eu continuo solteiro e solitário.

O quarto em que eu estava era lindo, bem espaçoso e arejado, não me lembro de deitar em uma cama tão macia assim. Apesar do cansaço, do medo e da expectativa, tive uma noite de sono razoavelmente boa.

Acordei e vi que tinham devolvido meu celular que pegaram ontem, olhei as horas e me aprontei pra descer e conversar como ogro grandalhão tatuado.

Desci uma escada bem grande, dei uma bela olhada em volta e vi como essa mansão é linda, e tudo muito bem decorado em um estilo clean e moderno.

Encontrei uma sala de jantar com tantas cadeiras, que mais parecia um refeitório.

tinha bastante comida na mesa, mas só 2 pessoas sentadas, o que eu achei ridículo.

O ogro idiota que agora eu sei que se chama Dimitri, tava na ponta , e do lado dele estava a sombra dele, um cara de uns 40 anos que estava sempre com cara de paisagem.

Assim que me viu, Dimitri abriu um sorriso ladino e já começou a me provocar.

- Bom dia professor, acredito que já tenha uma resposta para me dar.

- Bom dia, sim senhor Romanov, mas tenho algumas condições.

- Olha que gracinha Ivan, ele acha que pode exigir alguma coisa.

- Não são exigências, são condições, é diferente.

- A título de curiosidade, quais seriam suas condições?

- Bom assim como você, não quero que minha família saiba que é um casamento arranjado. Quero que você vá até a minha casa e conheça a minha família, já que o casamento vai ser apressado, pelo menos devemos ir lá e falar isso de uma vez. E eu também quero continuar lecionando, não posso abandonar minha turma assim sem mais nem menos.

- Só isso?

- Sim.

- Bom, ir até a sua casa não é o tipo de coisa que eu gostaria de fazer, mais vai fazer tudo parecer ainda mais real e verdadeiro então eu topo. Sobre trabalhar, também não será problema, isso só vai irritar ainda mais os meus inimigos, só adianto que terá motorista e guarda costas com você o tempo todo.