Capítulo 6

Nora: Isso é fácil doutora, apenas o leve para sua casa e quando ele se recuperar ele vai embora.

Lara: Oi?

Nora: Isso mesmo, doutora. Afinal não seria como se você estivesse sequestrando ele. Converse com ele e se ele disser que sim, o leve para sua casa e quando ele se recuperar ele vai embora.

Lara: Mas isso está fora de cogitação, Nora. Isso seria muita falta de profissionalismo da minha parte. O mínimo que posso fazer é tentar achar a família dele. Mas levar ele para minha casa é uma outra coisa.

Nora: Como eu disse, converse com ele. E se ele aceitar, ele estará indo por conta própria, você não estará obrigando ele a absolutamente nada.

Lara: Mas e o que eu irei explicar para a coordenação do hospital?

Nora: Simples, a senhora só diz que vai cuidar dele em sua casa, até que ele recupere a memória e que ele não tem para onde ir. Porque não encontraram a família dele ainda.

Lara: Eu vou pensar sobre isso. Acho que não é nada demais. Estarei fazendo isso por uma boa causa.

Nora: Exatamente.

Lara: Obrigada Norita, você sempre me dando bons conselhos.

Nora: Não tem de quê senhorita. Amigas são para isso.

Lara: Você sabe do senhor Bolton?

Nora: Não restam muitas esperanças. Só resta passar o restante dos seus dias naquela maca sem mover nem um dedo.

Lara: Isso é triste demais.

Nora: Ah eu tenho que te contar uma outra coisa.

Lara: Do que se trata??

Nora: Então, lembra da senhora Theresa?

Lara: Sim, aquela idosa milionária que não tem nenhum filho?

Nora: Ela mesma.

Lara: O que tem ela?

Nora: Ela faleceu.

Lara: Oh meu Deus. Que triste.

Nora: Infelizmente sim. E para piorar ela era distante dos parentes dela e nenhum se importou com o falecimento dela. Quando falamos sobre isso, eles até disseram que o hospital teria de ser responsável pelo corpo dela. Por isso será cremada.

Lara: Melhor isso do que joga-la em uma vala qualquer.

Nora: Sim. Inclusive ela doou todo seu dinheiro em instituições mais precárias.

Lara: Isso é bem melhor, porque ela não deixou nem um centavo para a família escrota que ela tem.

Nora: É isso. [Olha para o relógio] meu expediente já acabou. São 10:30 da noite.

Lara: Nossa, não percebi a hora passando. O meu também terminou.

Nora: Vamos para casa então?

Lara: Claro, eu dou carona para você.

Nora: Obrigada, mas o meu namorado vem me buscar.

Lara: Está bem. Se cuida então, fica bem e até amanhã.

Nora: Não vai se despedir do seu paciente? [Deu um sorriso malandro]

Lara: Ele já deve estar dormindo, não quero atrapalhar.

Nora: Ah, claro. Está bem doutora.

Lara deu um sorriso e se retirou. Lara vai até sua sala onde tira seu jaleco e deixa dobrado. Ela pega seus pertences e então segue o caminho para sua casa.

Durante seu trajeto ela se manteve focada na estrada. E quando chegou em casa explodiu em pensamentos.

Lara: Eu não estaria fazendo nada demais trazendo ele pra cá, pois não!? Ou estaria?

Fazia a mesma pergunta a todo instante, Lara queria ajudar Alex, mas tinha medo de algo dar errado e ele acabar machucado. Ela também não deixava de pensar na possibilidade de acontecerem coisas indevidas entre eles.

Lara: Para com isso, Lara. Que vergonha, com essa idade e ainda pensa merda.

Cansada de tanto pensar, Lara toma um banho e depois faz a sua refeição noturna. Depois de jantar, Lara vai para cama onde não demora adormecer.

𝐌𝐚𝐧𝐡𝐚̃ 𝐬𝐞𝐠𝐮𝐢𝐧𝐭𝐞...

Lara se levantou na sua hora de costume. Lara toma um banho e faz a sua higiene bucal. Depois de se arrumar, Lara vai até a sala e toma seu café da manhã. Lara pensou muito na noite passada, e finalmente chegou a uma conclusão.

Lara termina o café e sai para o trabalho. Depois de uma hora, ela finalmente chega e antes de mais nada vai se arrumar.

Lara: Bom dia Nora.

Nora: Bom dia doutora.

Lara percebe que Nora está abatida e possivelmente triste.

Lara: Nora? Está tudo bem?

Nora: Ah doutora. Comigo está tudo bem. Só um pouco triste.

Lara: Triste? Porquê?

Nora: O senhor Bolton não resistiu, ele faleceu na madrugada de hoje.

Lara: Meu Deus do Céu. Que situação triste.

Lara ficou um pouco sentida pela morte do paciente. Mesmo não sendo da família, como médicos e cuidadores era difícil saber que não puderam fazer mais nada para ajudar. Aquela semana estava sendo de perdas. Vários pacientes estavam morrendo. E aquilo já estava começando a se tornar frequente.

Lara: Eu não tenho palavras para descrever isso. Mas olha, essa foi a vontade de Deus e nós não podemos fazer mais nada. Nós fizemos tudo que pudemos e não foi o suficiente para ajudar.

Nora: Eu sei que sim. Você tem razão doutora.

Lara: Fica bem. Eu vou lá ver o Alex.

Nora: Você pensou na nossa conversa doutora?

Lara: Sim. Eu pensei muito e chegue a uma conclusão.

Nora: Qual seria?

Lara: Eu vou levar ele para casa. E que vou cuidar dele até que ele melhore.

Nora: Você está fazendo a coisa certa doutora.

Lara: Espero mesmo que sim.

Lara suspira e então vai até o quarto de Alex, mas para sua surpresa ele não está lá.

Lara: Alex? Você está aí?

Alex?

Lara: Meu Deus, será que ele fugiu?