Capítulo 5

Luís: Só nos resta acreditar que Alex está morto.

Claire: Impossível, ele pode ter escapado.

Luís: Eu sinto muito Claire, eu sei que você não quer aceitar isso. Ainda mais sabendo que você gosta do Alex. Mas não tem o que fazer, um mês de busca e até agora nenhum rastro dele. Um rastro sequer. O que acha que deveríamos fazer?

Caleb: O comandante tem razão, Claire. Não temos mais o que fazer.

Claire: Não pode ser. Isso não pode estar acontecendo. Porquê meu Deus, porquê?

Caleb: Calma Claire. Desse jeito até parece que você viúva.

Luís: Quê isso, Caleb? A menina gosta dele.

Claire: Ele tem razão comandante, o Alex sempre me viu como uma amiga e irmã, ele mesmo disse isso para mim. Eu não devia estar chorando horrores por alguém que nunca ficou comigo e nem vai ficar.

Eu vou pra casa.

Caleb: C-Claire, não foi isso que eu quis dizer, desculpa.

Claire: Não tem problema, você tem razão. Com licença.

Claire limpou seu rosto e então foi levar suas coisas. Era seu dia de folga, então foi embora para casa.

Luís: Viu o que você fez.

Caleb: Convenhamos comandante, eu só falei a verdade. Nada mais que isso.

Luís: Você é um grosso. Por isso que tá solteiro até hoje.

Caleb: Poxa seu Luís, não precisava.

Luís: Bem feito. Deve ser dessa forma que ela se sentiu. Agora vai arrumar o que fazer. Vai.

𝐇𝐨𝐬𝐩𝐢𝐭𝐚𝐥...

Depois de comprar a comida do Alex, Lara recebe a encomenda e entrega para ele, que fica feliz igual uma criança quando recebe rebuçados.

Lara: Aqui está, a sua comida chegou.

Alex: É do hospital?

Lara: Não, não é do hospital. Eu pedi que comprassem no meu restaurante favorito.

Alex: Obrigado doutora. Além de bonita e gentil, tem um coração muito bom.

Lara: A-ah, muito obrigada.

Alex: De nada doutora. Você não tem que agradecer, eu que devo agradecer pelos seus cuidados.

Lara: Sendo uma médica, é o meu dever cuidar muito bem dos meus pacientes.

Alex: Seu marido e seus filhos devem ser muito felizes em ter você na vida deles.

Lara ficou um pouco sem graça com aquelas palavras, ela não tinha filhos e muito menos um marido, apesar daquele ser seu maior sonho, Lara estava perdendo as esperanças, ela estava se sentindo velha para tal, estava a caminho dos 40, então para ela era quase impossível aquilo se tornar verdade.

Lara: Ah! Eu não tenho marido e nem filhos. E também eu acho que já não vai a tempo disso.

Alex: Desculpa por falar disso doutora.

Lara: Tudo bem. Você não sabia.

Alex: Mas porque acha que já não vai a tempo de ter filhos?

Lara: Então, eu estou envelhecendo, estou com quase quarenta anos. Acho meio improvável que isso aconteça.

Alex: Quantos anos tem doutora?

Lara: Não precisa ficar me chamando de doutora. Me chame apenas de Lara. E eu tenho 36 anos.

Alex: Mas você está na flor da idade, você pode muito bem ter filhos, amar e casar.

Sua idade não impede nada disso, até porque não importa quantos anos tenha.

Lara: Eu sei, mas quem ía me querer? Hum? Eu acho que não vai a tempo disso. E pra mim está tudo bem, eu já me conformei com essa ideia.

Alex: Alguém te provará o contrário um dia, eu te prometo.

Lara: Está bem, eu vou esperar então.

Os dois sorriem e Lara fica sem graça. Ela decide sair e deixá-lo comer em paz, além do mais ela tinha outros pacientes para cuidar.

Alex comeu, e depois de fazer uma digestão, ele dorme.

𝐐𝐮𝐚𝐫𝐭𝐞𝐥...

— E pensar que ele morreu.

— Óbvio, meus planos nunca falham. O comandante cansou de procurar por ele. Finalmente, até porque se continuasse ele nunca iria acha-lo.

— Mas a ideia não era essa, era de assusta-lo.

— Sim, mas morrer foi bem melhor. Sabotar o carro do Alex foi a melhor ideia que eu poderia ter tido. E agora ele saiu do meu caminho, eu poderei cair nas graças do comandante e também conquistar a Claire.

Marcos e César eram os homens que causaram o acidente de carro de Alex, a ideia foi de César, porque ele tinha inveja do Alex e queria livrar-se dele. Enquanto conversavam, o comandante se aproximava e por ironia do destino, ele escutou aquela conversa e quase teve um treco com o que acabara de escutar.

Luís: Então é isso? Vocês sabotaram o carro do menino Alex, e agora com a morte dele vocês comemoram?

César: Comandante?

Marcos: Fodeu.

César: Cala boca!!

Luís: RESPONDAM!! [grita autoritário]

César: Comandante, não é o que está pensando. O senhor entendeu tudo errado.

Luís: Ah, não é? Quer dizer então que eu sou um doente mental, ando escutando vozes não é?

César: Senhor, não foi culpa minha, isso tudo foi obra do Marcos, inclusive foi ele quem sabotou o carro do Alex.

Marcos: Já chega! Eu cansei disso César. Você me fez matar uma pessoa, eu fiz tudo por você e agora você vira as costas? Comandante eu vou falar a verdade. O César tinha inveja do Alex por estar debaixo das suas asas, por estar em suas graças e por ter a atenção de Claire, a garota que ele gosta. Ele pediu que eu sabotasse os freios do carro, para dar um susto nele, mas as coisas saíram ao contrário e ele acabou morrendo. Eu sinto esse peso em minha consciência todos os dias e de verdade, já estava na hora de todo mundo saber.

César: Idiota.

Marcos: Idiota é você que não é homem suficiente para assumir seus crimes e ainda jogar a culpa nos outros. Não me considere mais seu amigo, eu odeio você César.

Luís: CHEGA!! Chega, chega, chega!! Vocês dois, vão apodrecer na cadeia.

Marcos: Eu assumo as consequências dos meus atos.

Luís: HENRIQUE, PEDRO E JOAQUIM.

Os três homens ao escutar o chamado, vão correndo até o comandante.

— Sim senhor.

Luís: Façam a escolta desses dois, e os levem até a delegacia.

Joaquim: Senhor, o que aconteceu?

Luís: Esses dois filhos de Eva, mataram o Alex. Eles sabotaram o carro dele.

Henrique: Nossa Senhora da Dores. Porquê?

Pedro: Você Marcos? Do César eu espero tudo, mas você?

Marcos: Infelizmente, nem tudo é o que parece.

Os homens fazem o que o comandante ordenou e levam ambos para a delegacia.

Enquanto isso, Luís conta o ocorrido para seus soldados que ficam abismados com a situação.

𝐇𝐨𝐬𝐩𝐢𝐭𝐚𝐥...

Já era de noite. Lara tinha dois turnos naquele dia, então ela ficou no hospital trabalho. Alex, estava em seu quarto tentando lembrar de alguma coisa, mas a única coisa que conseguia era dor de cabeça.

Alex: Ah, merda!

Lara: O que está acontecendo?

Alex: Lara? Não vi você aí!!

Lara: Claro que não viu, eu acabei de entrar.

Vai me responder ou não?

Alex: Eu estava tentando restaurar minhas memórias. Mas infelizmente está sendo em vão.

Lara: Meu Deus, Alex você não pode forçar. Suas memórias serão recuperados instantaneamente. Não faça isso.

Alex: Você tem razão doutora, eu tô ganhando mais dor de cabeça do que às minhas memórias.

Lara: Olha, até que você se recupere, você vai ter que ficar aqui no hospital.

Alex: Doutora eu me sinto muito bem. Eu só estou sem memória.

Lara: Eu não sei onde você mora e não sei nada sobre a sua família, se eu descobrisse pelo menos isso, eu contactava eles para cuidar de você e te levar pra casa.

Alex: Eu não quero ficar nesse hospital por muito tempo. Eu nem sei quanto tempo vou ficar sem memória. Imagino se eu fico anos? Eu vou ficar aqui por todo esse tempo?

Lara: Olha Alex, eu vou pensar em alguma coisa para te ajudar está bem? Mas por favor não se force ter suas memórias.

Alex: Tudo bem doutora.

Lara: Durma e tenha um bom descanso.

Alex: Obrigada Lara.

Lara suspira e sai do quarto deixando Alex sozinho. Ela vai até sua sala e dá de cara com Nora, que nota sua preocupação no rosto.

Nora: Doutora? Está tudo bem?

Lara: Ah Nora, está sim. É só o cansaço.

Nora: A quem a senhora tá querendo enganar? Está estampado no seu rosto que tem algo te preocupando.

Lara: Então, acontece que o Alex diz que se sente bem e ele não quer continuar aqui, e ele está bem, só está sem a memória. Mas eu não sei o que fazer para ajudá-lo, até porque eu não sei nada sobre ele. Eu não tenho nenhum dado dele, e se ele quiser sair onde eu vou deixá-lo? Eu não posso deixá-lo na rua a sua própria mercê.

Nora: Isso é fácil doutora, apenas o leve para sua casa e quando ele se recuperar ele vai embora.

Lara: Oi?

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