A casa

Enquanto voltávamos para casa, algo estranho aconteceu. Ao nos aproximarmos do condomínio, parei-me com uma cena assustadora: meu sogro e minha sogra estavam parados na entrada, junto a Juan, que aparentava uma expressão de medo e confusão . Instintivamente, pedi a Anthony que parasse o carro imediatamente. Ele respondeu ao meu pedido, mas o pânico começou a tomar conta de mim, minhas lágrimas caíram sem que eu sequer percebesse. Anthony, percebendo meu estado alarmante, segurou minha mão, tentando me confortar.Eu olhei fixamente para aquela direção, minha mente agitada buscando por respostas ou soluções que não vinham. A tensão não era palpável. Foi então que Anthony viu minha expressão de horror e rapidamente virou o carro bruscamente, desviando aquela cena que parecia trazer um perigo iminente. A confusão e o medo turvavam meu raciocínio. A ação rápida de Anthony me pegou desprevenida, mas no momento pareceu a única resposta sensata para escapar do que quer que estivesse acontecendo. Quando estávamos em um local mais distante, Anthony desceu do carro e foi a um mercadinho próximo. Em questão de minutos, ele voltou com uma garrafa de água nas mãos. Eu ainda estava em pânico e incapaz de pronunciar uma única palavra. Foi um desafio para mim recuperar a compostura depois do susto que passamos. Ficamos em silêncio por um breve momento, apenas ouvindo a respiração um do outro, até que Anthony rompeu o silêncio.

-A senhora está correndo perigo? - Ele me olhou fixamente.

-Não. - Respondi, tentando parecer firme, embora estivesse um pouco perturbada.

-Eu vou protege-lá.

Ao ouvir isso, olhei para ele, surpresa. Seus olhos transmitiam uma determinação inabalável, mas também carregavam uma importância reconfortante.

-Não precisa. — Falei, desviando o olhar.

-Foi um pedido do Juan. - Anthony disse, tirando o celular do bolso.- Olha, ele mandou essa mensagem.

A mensagem alertava que eu não poderia retornar ao local, pois meus sogros estavam desconfiando que eu estava lá. Felizmente, já havia retirado minhas coisas antes que elas chegassem ao apartamento. Juan fingiu uma viagem para que meus sogros acreditassem que eu estava fora da cidade. Além disso, ele pediu a Anthony que cuidasse de mim, e sugeriu que ficasse com o carro, pois eu precisaria dele. Depois de ler tudo aquilo, comecei a pensar para onde ir, já que não tinha mais ninguém de confiança. Entreguei o telefone para Anthony e fiquei em silêncio, tentando encontrar uma solução.

-Senhora? - Anthony me chamou. - Você poderia ficar na minha casa?

-Como assim eu iria para sua casa? - quis, visivelmente surpresa. - E seus pais?

-Eu moro sozinho. - Anthony respondeu, mantendo a calma.

-Pior ainda, o que as pessoas poderiam pensar? - repliquei, preocupado com as aparências

-Absolutamente nada. - Ele disse com verdade.

-Não vou! - afirmei, decidida.

-Então a senhora vai ficar na rua? - Anthony indagou, tentando mostrar a realidade da situação.

-Bem, pelo menos você tem um senso de humor peculiar. - Comentei, com uma pontada de ironia.

-Ah, é um dos meus talentos secretos. - Ele disse, erguendo um dos dedos e fazendo careta. - Mas estou falando sério, minha casa é modesta, mas muito aconchegante.

-Não quero causar problemas.

-Não se preocupe, já tive problemas o suficiente para mim! Não faz diferença.

-O quê?

-Quero dizer... Um pouco mais ou um pouco menos, não faz diferença. Sem problemas, mesmo!

-Sabe, às vezes você me faz esquecer toda a confusão em que estou envolvida. - Ele era engraçado.

-É para isso que eu sirvo. Fazer as pessoas esquecerem seus problemas, mesmo que por alguns momentos. - Disse ele, parecendo confiante. - E... bem, se você mudar de ideia, a oferta ainda está de pé.

Fiquei pensativa por alguns segundos.

-Vou considerar!

-Comediante, porteiro e agora ajudando uma moça a fugir, genial! - Disse ele animado.

-Eu não estou fugindo?

-Não? - Perguntou com ironia.

-Não.

-Sei! - Disse ele, ligando o carro. - Então, vamos?

Balancei a cabeça confirmando. Durante a trajetória, o silêncio reinou entre nós, e eu fiquei observando o cenário mudando gradativamente. Aos poucos, percebi que nos afastávamos dos altos prédios, dos carros aglomerados e da movimentação intensa das ruas da cidade grande. À medida que avançamos, o horizonte urbano foi cedendo espaço para paisagens mais rurais, onde casas simples e acolhedoras cirurgiam no percurso. As ruas agora eram mais tranquilas, cercadas por árvores e jardins bem cuidados. As pessoas caminhavam sem pressa, algumas acenavam para os vizinhos e as crianças brincavam animadamente.

-Você mora bem distante! - Digo, surpresa, antes de descer do carro.

-Pego três ônibus para chegar no serviço. - Anthony responde, parecendo tranquilo.

— Meu Deus, três ônibus! — Exclamo, impressionada.

A casa de Anthony era pequena, bem pequena. Ao entrarmos, fui recebido por um ambiente aconchegante, porém reuzido. Havia apenas um quarto, um banheiro e uma sala conjugada com a cozinha. Era um espaço modesto, mas notavelmente arrumado. Enquanto eu observava ao redor, percebi vários livros espalhados sobre uma mesa de jantar. Anthony correu rapidamente para juntá-los, como se estivesse um pouco constrangido por deixar a desordem à mostra. A decoração simples, mas acolhedora, e os livros denotavam um homem que valorizava o conhecimento e a organização, mesmo em um espaço tão limitado.

-Ah, desculpe a bagunça! - Anthony disse, arrumando os livros rapidamente.

-Não se preocupe, está tudo bem. - Respondi, sorrindo ao ver sua pressa em arrumar o lugar.

-Nossa, você tem bastante livros? - Observe a estante repleta deles.

-Sim, um dia quero ser advogado. – Anthony responde, visivelmente animado.

— Bacana. - Sorrio, admirando a variedade de níveis empilhados.

-Bem, agora preciso ir para o trabalho. Fique à vontade, caso sinta fome, pode pegar algo na geladeira ou preparar algo. - Ele se dirige para a porta. - Ah, à tarde trago suas coisas. Tchau!

E assim, Anthony sai com um sorriso amigável, deixando-me em privacidade naquela casa modesta, mas acolhedora.

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