-Mas acho que não é só isso. – Digo quando abriu a porta do banheiro.
-Como assim, senhora? – Ele perguntou, confuso. – Agora só falta você me dizer que está grávida. – Disse, de forma sarcástica.
Olhei para ele assustado e me levantei rapidamente, deixando Juan parado enquanto eu andava de um lado para o outro, relembrando o que o médico havia aqui: "Algumas pessoas têm sintomas, outras não. Isso vai depender do seu organismo, mas se sentir algum sintoma, venha correndo aqui. Pode ser que você esteja grávida."
-Juan... – Disse, dando tapinhas no ombro dele.
-O que é, senhora? – Ele estava claramente assustado.
-É uma gravidez.
-Que? - Juan falou.- Você disse que está grávida. – Ele colocou a palma da mão na minha testa. – Não está com febre, então eu poderia jurar que você está delirando. Como você pode estar grávida se seu marido cafajeste é estéril?
-Você não conta mais a ninguém, Juan? – Perguntei, desesperada. – Só a família sabe disso, e se alguém mais souber, estamos em apuros.
-Não disse nada, fique tranquilo.
-Espero que não.
-Mas eu conte isso direito.
-Vou explicar... – Me sento na cama e ele faz o mesmo gesto. – Minha sogra me chamou para um canto durante um jantar e disse que meu sogro estava muito bravo, pois ele não tinha um neto para dar continuidade à linhagem da família. Ele não queria passar suas coisas para o sobrinho, então eles fizeram um acordo. Queriam que eu tivesse um bebê por fertilização, mas que o pai não fosse deste país, e que ninguém soubesse...
-Seu marido estava envolvido nisso? – Disse ele, interessado.
-Ele não poderia saber, isso o deixaria muito bravo.
-Mas se você sabia que ele não poderia saber, por que aceitou com essa loucura?
-Minha sogra pressionou tanto que acabei cedendo, mas agora me arrependo.
-Agora você está fugindo, e eu sou seu cúmplice. Estamos à beira da morte. – Ironizou. – Há mais alguma coisa?
-Tenho medo da minha sogra descobrir que estou aqui.
-Não diga isso, ela não vai te encontrar.
-O médico disse quando você teria que voltar? - Juan perguntou.
- Daqui uma semana.
-Então devemos esperar. - Disse ele, preocupado. - E quanto ao bebê? O que você pretende fazer?
-Eu nem sei, Juan, o mais louco disto é que eu não sei quem é o pai.
-Isso é o de menos, senhora, e eles não conseguiram cobrar, porque o seu ex-marido não é o pai.
-Eu tenho medo de que isso possa se tornar depois. Acho melhor abortar uma criança...
-Você ficou louca?
Juan ficou visivelmente chocado com minha sugestão de aborto. Ele se avançou alguns passos, parecendo elaborar a informação. Finalmente, corte o silêncio tenso.
-Senhora, não acredito que você esteja falando sério. Abortar é uma decisão extremamente difícil e que carrega muitas consequências emocionais. Além disso, essa criança não tem culpa das circunstâncias em que estamos agora. Eu o encarei, com os olhos marejados pela indecisão e pelo medo do desconhecido.
-Juan, eu não sei o que fazer. Estou com medo do meu ex-marido e minha sogra descobrir. E se essa criança crescer sem um pai? E se eu não puder proporcionar uma vida decente para ela?
Juan se aproximou e segurou minhas mãos.
-Senhora Mabel, entendo que você está enfrentando uma situação difícil, mas acredito que tudo tem uma solução. Não tome uma decisão tão importante precipitadamente.
-Eu não quero prejudicar a vida desse bebê. - Murmurei, mais para mim a mesma coisa que para Juan.
-Entendendo, mas lembre-se de que você não está sozinha nisso. Estou aqui para te apoiar, e juntos podemos encontrar uma saída. Talvez seja hora de pensar em como enfrentar tudo isso e, quem sabe, encontrar uma maneira de proteger você e a criança.
Juan me abraçou. Diante de tudo que estava acontecendo, talvez se eu tivesse pensado direito, não estaria nessa enrascada. Talvez eu não tenha sido muito claro sobre a família do meu marido. Além de serem poderosos, eles têm ligações com um lado obscuro que se esconde sob uma fachada respeitável. Eu, uma pessoa sem voz, muitas vezes apenas observava em silêncio. Uma vez, lembro-me de ouvir meu sogro extremamente irritado porque alguém estava ameaçando tomar seu lugar na empresa. Ele comentou que gostaria que essa pessoa desaparecesse e, se possível, que sua vida fosse encerrada. Duas semanas depois, o corpo daquela pessoa foi encontrado no rio, e o caso encontrou sem solução. Fiquei chocada e comentei isso ingenuamente com meu marido, que me respondeu com uma ameaça: "Se você abrir a boca, você será na próxima." A partir daquele dia, eu nunca mais fui a mesma. Passei a observar tudo de longe, mas nunca me atrevi a questionar ou desafiar. É por isso que estou me escondendo agora. Eles podem me encontrar, e nem quero pensar que não poderia acontecer.Os dias passaram devagar, e Juan não saiu do meu lado nem por um segundo, talvez com medo de eu fazer alguma besteira. Chegou o dia de ir ao médico, preferi não voltar ao mesmo médico da última vez, então fomos a um posto próximo do condomínio. Enquanto eu esperava no posto, avistei Anthony passando com uma senhora. Ele estava com o uniforme de serviço, e fez um gesto amigável antes de seguir seu caminho. Quando estava prestes a entrar, o celular de Juan tocou, ele olhou para mim assustado e saiu rapidamente do posto, deixando-me sozinho na sala de espera. Uma ansiedade crescente tomou conta de mim enquanto aguardava. O médico fez várias perguntas sobre meu histórico médico e logo me encaminhou para o laboratório para coleta de sangue. O corredor parecia mais longo do que o normal enquanto seguia em direção ao local dos exames.Sentada ali, minha mente estava turbulenta, desejando ardentemente que o resultado fosse negativo. Meu coração batia forte e a espera pareceu uma eternidade. O médico prometeu agilizar meu exame, mas a cada minuto arrastava-o dolorosamente. Finalmente, após duas longas horas de espera angustiante, o médico me entregou o papel com os resultados. Olhei ao redor, procurando Juan, mas ele havia sumido. Em meio à confusão, avistei Anthony parado perto de seu carro, desta vez sem a roupa de serviço.
-Senhora? - Disse ele, aproximando-se lentamente. - O senhor Juan teve que sair às pressas e pediu para eu ajudar.
A incerteza e o nervosismo consumiram-me. As minhas mãos tremiam enquanto eu olhava fixamente para o papel que continha o destino dos meus próximos passos. Um silêncio pesado dominou o ambiente enquanto minhas mãos tremiam abrindo o papel lentamente. Entrei em um mundo de suspense, observando cada letra se materializar diante de mim. No papel, a palavra que eu tanto temia saltou aos meus olhos: "positivo". Era como se o mundo tivesse parado por um instante, e tudo ao meu redor se transformasse em um borrão.Olhei para Anthony, incapaz de esconder a angústia estampada em meu rosto. Seu olhar gentil e compassivo foi um apoio silencioso no meio da minha tormenta. Meu coração parecia uma orquestra desafinada, batendo descompassado, enquanto as palavras do médico ecoavam na minha mente, misturando-se à ansiedade que crescia dentro de mim.Sentia-me mergulhado em um turbilhão de pensamentos, onde cada segundo arrastava uma incerteza nova. Como lidar com essa situação? O que o futuro reservava? E, acima de tudo, como manter isso em segredo?
Anthony, vendo minha expressão, mudou-se com cautela.
-Senhora, está tudo bem? - Perguntou ele, num tom calmo, mas preocupado.
Não consigo articular uma palavra. A revelação desse resultado me fez encarar uma encruzilhada. Minha mente estava confusa, tentando absorver a realidade do que aquele "positivo" dado para mim e para meu futuro incerto.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
E. Sena
❤️❤️❤️
2023-11-27
0
Ryan Antunes
incrível
2023-11-27
1