A Escolhida Por Vicente Montanari - Vol 3

A Escolhida Por Vicente Montanari - Vol 3

Capítulo 01

Meu nome é Helife Lascuran. Tenho vinte e três anos e passo meus dias entre as rosas que cultivo com tanto amor e a responsabilidade que recai sobre meus ombros.

Desde que me entendo por gente, a estufa tem sido meu refúgio, um lugar onde encontro conforto e propósito. A arte de cuidar das rosas foi me ensinada por minha mãe, uma mulher cujo espírito gentil e amor pela natureza deixaram uma marca indelével em mim. Mas o destino foi cruel e a levou cedo demais, deixando-me apenas com as lembranças e a promessa de cuidar de seu legado.

Hoje, é apenas meu pai e eu. Vinícius Lascuran, um homem de princípios sólidos e o alicerce de nossa família. Sua ausência, quando os negócios o chamam para longe, é um lembrete constante da dualidade que permeia nossa vida: a tranquilidade da nossa cidade e a turbulência que se esconde além de seus limites.

Me encontro na estufa, regando meticulosamente as belas rosas enquanto entoo suavemente uma melodia. Talvez pareça um pouco insensato, mas acredito que elas me ouvem, e é por isso que estão cada vez mais exuberantes.

A estufa que me abriga é um santuário, cercada por rosas de cores variadas, cada uma delas uma pequena obra de arte viva. A harmonia de tons e aromas é um espetáculo que nunca deixa de me surpreender.

Acredito que, de alguma forma, minha mãe está aqui comigo. Sua presença está entrelaçada com as próprias raízes das rosas, e é por isso que cuido delas com tanto zelo. É uma maneira de honrar sua memória e manter viva a paixão que ela tinha por essas flores.

— Você ama estar aqui, não é, minha querida? — disse papai após chegar da viagem.

Está fazendo uma semana que ele viajou para Londres, resolver alguns assuntos de trabalho. Trabalho esse que ele não quis me dizer o que era. Mas, está colocando nossa comida na mesa. Ele disse que um dia me contará, no momento certo.

 Papai olha ao redor da estufa, seus olhos se iluminando com admiração. — Você realmente transformou este lugar, minha querida. Sua mãe ficaria orgulhosa."

 Sorrio, a gratidão aquecendo meu coração.

— Eu só estou seguindo os passos dela, pai. Cada rosa aqui é um pedaço dela que permanece conosco.

Ele coloca a mão sobre meu ombro, um gesto de apoio silencioso.

— Você é incrível, Helife. Cuida disso tudo com tanta paixão e força. Ela teria ficado maravilhada em ver a mulher forte que você se tornou.

Olho para as rosas, sentindo a presença da mãe de uma maneira mais intensa do que nunca.

— Eu sinto falta dela todos os dias, papai. Mas sei que ela está aqui, em cada pétala, em cada raiz.

Papai assente, os olhos um pouco longe.

— É verdade, minha querida. Ela está aqui, e tenho certeza de que está orgulhosa de você.

Papai me abraça, e assim que se afasta escutamos um trinco e várias enxurradas de balas perfurar os vidros da estufa.

— Para baixo, se esconda. — papai ordenou, me puxando para baixo da mesa que havia ali.

Coloquei as mãos no ouvido, enquanto ouvia os vidros sendo estilhaçados.

— O que é isso? Quem são eles, papai? — perguntei, minha voz tremendo com a mistura de medo e confusão.

Seu rosto estava tenso, os olhos fixos na entrada da estufa. Ele segurou minha mão com firmeza.

— Não sei, querida. Mas precisamos ficar quietos e esperar até que possamos sair daqui em segurança.

O barulho dos tiros parecia ecoar por toda a estufa, uma sinfonia de perigo e caos. As rosas, outrora serenas em sua beleza, agora testemunharam o tumulto que invadia nosso santuário.

Fiquei ali, com o coração disparado, agarrando-me à esperança de que logo estaríamos a salvo. As perguntas rodavam em minha mente, mas eu sabia que não era o momento para respostas.

Com aquela enxurrada de balas cobrindo a estufa, meu pai meteu a mão no bolso e me deu uma chave da nossa antiga casa em Itália.

— Tome, se algo acontecer comigo. Se salve, vá embora para Itália, e me prometa que ficará segura. — ele me pediu, olhando em meus olhos.

— Não vai te acontecer nada, papai, não fale assim. Vamos sair daqui juntos.

— Querida, eu te amo. Agora, vá. Vá abaixada, vou despistá-los. Assim que tudo estiver calmo, você pode sair e corra para longe, não volte.

Com um último olhar de angústia, ele se afastou, movendo-se com determinação para o tumulto lá fora. Meu coração batia forte, cada batida parecia uma contagem regressiva para o desconhecido.

Fiz o que ele pediu. Me escondi, a chave firmemente segura em minhas mãos. Tirei meu colar, coloquei a chave e coloquei novamente o colar ao redor do pescoço. Cada som, cada disparo, era um eco de incerteza e perigo.

Os segundos se arrastavam como horas, e o silêncio que se seguiu foi ainda mais ensurdecedor. Finalmente, reuni coragem e espreitei por entre as folhas das plantas, buscando qualquer sinal de meu pai. Vi seu corpo estirado no chão, mas eu não podia ir até ele, os assassinos ainda estavam lá.

A estufa estava agora em um estado de caos, as lágrimas começaram a cair. As rosas, testemunhas silenciosas de nossa aflição, pareciam se encurvar em lamento.

Decidi que não podia mais esperar. Segui o caminho que meu pai me indicara, cada passo uma mistura de medo e determinação.

Ao atravessar o portão dos fundos, caminhei com cuidado, mantendo-me abaixada e alerta a cada som. Meu destino era incerto, mas a promessa que fiz a meu pai me impulsionava adiante.

Corri o mais rápido que minhas pernas permitiram. Desci algumas rochas próximas ao rio, no fundo da nossa casa, mas acabei escorregando entre as pedras. O impacto da queda fez minha cabeça bater com força, e tudo se apagou ali mesmo.

Quando recuperei a consciência, estava atordoada e com a visão embaçada. Minha mão foi instintivamente para o local da dor, sentindo o sangue escorrer entre meus dedos. Com esforço, tentei me levantar, mas minhas pernas tremiam de fraqueza.

Olhei ao redor, tentando entender onde estava. O som suave do rio ao meu lado e a luz difusa indicavam que estava perto da margem. O medo e a incerteza permeiam meus pensamentos, mas a promessa que fiz a meu pai ecoava em minha mente, impulsionando-me a continuar.

Me levantei e continuei a andar pela estrada. Eu não aguentei mas, e cai no chão novamente. Escuto vozes e passos longe, até que alguém para ao meu lado, e me pega no colo. Ali mesmo eu acabei apagando.

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Comments

Claudia Azevedo

Claudia Azevedo

Iniciando a leitura hj 20/11/2024 as 13: 20.
Partiu pra a aventura d mais um romance q espero q seja empolgante.

2024-11-21

0

Maria Sena

Maria Sena

Olá autora querida, terminei o segundo livro hoje e já tô indo para o terceiro. Hoje 15/11/24 E vamos de mais uma leitura.

2024-11-16

0

Ana paula Nunes

Ana paula Nunes

começando a ler hoje dia 18/11/24

2024-11-18

0

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