Paguei um táxi para me deixar na antiga casa da minha família. Diante da antiga casa, as lembranças inundaram minha mente e meu coração se encheu de emoção. Paguei ao taxista e, sozinho na frente da residência, não consegui conter as lágrimas. Era impossível não recordar dos momentos felizes que compartilhávamos ali, minha família unida e cheia de vida.
A decisão de meu pai de mudar para a chácara na época, foi um gesto de amor e cuidado. A mansão, tão repleta de memórias de minha mãe, tornou-se um lugar carregado de saudade. Ele buscava criar um novo começo, protegendo-nos da dor que aquelas paredes poderiam guardar. E aqui estou eu, sentindo dores duplas.
Com os olhos ainda úmidos, decidi adentrar a casa, enfrentando as lembranças e os sentimentos que ali habitavam. Cada cômodo contava sua própria história, cada objeto evocava uma recordação. Era como se o tempo tivesse congelado naquele lugar, preservando os momentos de felicidade que compartilhávamos.
Explorei cada cantinho da casa, absorvendo cada detalhe e cada lembrança. Cada peça de mobília, cada foto na parede, era um elo com o passado, um testemunho do amor e da união que existia entre nós.
À medida que as horas avançava, sentei-me no jardim, olhando para a paisagem que conhecia tão bem. As árvores e flores pareciam sussurrar histórias de tempos passados, e o vento acariciava meu rosto, como se minha mãe estivesse ali, presente de alguma forma.
Me permiti fechar os olhos, e conversar. Como se meus pais, pudessem me ouvir de alguma forma.
— Oh mãe, agora eu fiquei sem a senhora e sem o meu pai. — As lágrimas escorriam dos olhos, cada uma carregando a saudade e a dor da perda. O vazio deixado por suas ausências era imenso, e o coração pesava com a ausência deles.
Apesar da melancolia que pairava no ar, senti uma sensação de gratidão por ter tido uma família tão especial. Cada lembrança era um tesouro, e mesmo que a saudade doesse, também trazia consigo um calor reconfortante.
— Boa tarde, senhora Lascuran.— a voz suave da minha amiga e confidente Rosa, resoou no jardim.
— Rosa? Oh, Rosa. — Abracei aquela mulher que havia sido uma figura materna para mim durante tantos anos. Ela foi minha babá, minha confidente e um pilar de apoio em minha vida.
— Eu estou aqui, menina. Você não está sozinha. — Me abraça forte.
— Meu pai se foi. — chorei. — E me fez prometer, que eu viria para cá.
— Eu sinto muito, muito mesmo pelo que aconteceu. — Rosa enxugou meu rosto.
Depois segurou minhas mãos com carinho. — Vim para arrumar a casa, como faço todas as tardes. Mas já que você está aqui, posso ficar e fazer companhia.
— Eu adoraria, minha querida babá. Fique aqui comigo.
A presença de Rosa era um bálsamo para minha alma, trazendo um conforto que eu não sabia que precisava. Juntas, começamos a arrumar a casa, compartilhando histórias e memórias. Enquanto o som da limpeza ecoava pelos cômodos, senti uma sensação de acolhimento e pertencimento que havia muito tempo não experimentava.
Rosa não era apenas uma funcionária, era parte da nossa família. Sua presença era um lembrete de que, mesmo diante das perdas e das mudanças, ainda havia laços que nos ligavam uns aos outros.
Adentrei a biblioteca era um lugar especial, repleto de livros que continham inúmeras histórias e conhecimentos. Ao entrar, meus olhos percorreram as prateleiras, repletas de volumes que contavam as mais diversas narrativas. Recordava-me vividamente de como havia dedicado meu tempo para ler quase todos aqueles exemplares.
Fui inundada por memórias de quando, ainda muito jovem, pedi a meu pai para construir as estantes e, com entusiasmo, organizei os livros nelas. Cada obra era como um amigo, um portal para mundos diferentes, e a biblioteca se tornou meu refúgio.
Cada vez que abria um livro, mergulhava em uma nova aventura, aprendendo, sonhando e viajando para lugares distantes. A sensação de folhear as páginas e absorver as palavras era algo que jamais esqueceria.
Naquela biblioteca, encontrei conforto, inspiração e conhecimento. Era como se cada livro ali contivesse um pedaço de mim, uma parte da minha jornada de crescimento e descobertas.
Enquanto permanecia naquele espaço familiar, senti uma profunda gratidão por ter tido a oportunidade de explorar o vasto mundo dos livros. E, naquele momento, decidi que a biblioteca continuaria a ser um lugar de aprendizado e inspiração.
Enquanto o dia se transformava em noite, compartilhamos um jantar simples, mas repleto de afeto. Conversamos sobre o passado e sobre os desafios que eu enfrentaria em minha jornada. Rosa era uma fonte de sabedoria e conforto, e eu me sentia abençoada por tê-la ao meu lado.
À medida que as horas passavam, a casa ganhava vida novamente, e meu coração se encheu de gratidão.
Fomos dormir muito tarde, imersos em conversas e memórias que nos mantiveram acordados. Embora a casa não estivesse suja, eu sentia a necessidade de deixá-la com um toque mais pessoal, de decorá-la ao meu gosto para infundir vida e torná-la ainda mais acolhedora.
Naquela noite, adormeci com um sentimento de paz que há muito tempo não experimentava. Sabia que não estava sozinha, que havia pessoas que me amavam e estavam dispostas a caminhar ao meu lado.
Na manhã seguinte, acordei com determinação e energia. Sentei-me no sofá, olhando ao redor com satisfação. Aquela casa, que já fora o lar de minha família, agora era o meu refúgio. A transformação que havíamos realizado era mais do que uma simples mudança de decoração. Era uma maneira de tornar o espaço verdadeiramente meu, de deixar minha marca e de criar um ambiente onde eu pudesse me sentir plenamente em casa.
Aconchegada entre as paredes renovadas, senti uma sensação de pertencimento que aqueceu meu coração. Aquela casa, agora decorada ao meu gosto, era um reflexo da minha jornada, das minhas escolhas e da minha determinação em criar um lar onde eu pudesse encontrar conforto e inspiração a cada dia.
Rosa veio até mim, me serviu o café da manhã, e sentou-se ao meu lado, observando a sala ao redor. Estávamos apreciando o quanto tudo estava diferente.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 60
Comments
Lucia Maria
será que o pai dela deixou muito dinheiro?
2025-01-06
2
Lucia Maria
como ela vai se manter
2025-01-06
2
Maria Sena
Ainda bem que ela tem a Rosa pra lhe fazer companhia. Morar sozinha numa mansão revivendo os fantasmas do passado é sinistro.
2024-11-16
1