A sala silenciosa parecia um eco vazio das minhas próprias incertezas. A cidade lá fora continuava seu movimento frenético, alheia à turbulência que se desenrolava dentro de mim.
E a cada segundo se estendia como uma eternidade, cada batida do relógio marcando o compasso da minha agonia, onde estava essa tal prometida? O que teria acontecido para que ela não chegasse? Essas perguntas reverberam em minha mente, buscando respostas que pareciam escapar ao meu alcance.
Eu, que sempre me acostumei a ter o controle de tudo, agora estava diante de um cenário que se desdobrava além das minhas mãos. O destino, esse fio inescrutável que tecia nossas vidas, parecia ter seus próprios planos.
Por isso decidi que era hora de encarar a realidade, e aceitar que havia limites para o que eu podia controlar. A vida era um rio indomável, e, às vezes, era preciso abandonar a ilusão de controle e permitir-se ser levado pela correnteza.
Caminhei até a porta do escritório com um novo senso de propósito. Sabia que era o momento de buscar respostas, de descobrir o que havia acontecido com essa mulher e, acima de tudo, de traçar um novo rumo para o futuro das nossas famílias.
Ao atravessar a porta, eu sabia que estava prestes a enfrentar um novo capítulo em minha vida, um capítulo de incertezas, mas também de determinação. O futuro permanecia incerto, mas eu estava disposto a enfrentá-lo, não importando o que o destino reservasse:
— Filho. — Minha mãe segura em meus braços.
A sala ecoava com a tensão, as palavras carregadas de emoção rompendo o silêncio. Minha mãe e meu pai estão ali diante de mim, buscando saber o que houve e também tentando me conter:
— O que houve, papai? A escolhida por você furou. E o pior, me deixou no altar e não apareceu. Esperei 20 anos da minha vida para passar por isso? Que ótima escolha.
Minha mãe tentou acalmar os ânimos, sugerindo que algo inesperado pudesse ter acontecido. Mas as palavras de meu pai cortaram o ar como uma lâmina afiada:
— Tranquilo, algo deve ter acontecido. Ligo para eles, mas ninguém atende.
Era um conselho sensato, mas a raiva fervia em mim como uma força incontrolável. Don Juan, um homem com quem meu pai tinha uma longa história, havia tomado uma decisão que afetaria diretamente minha vida. Será que ele foi capaz de quebrar um acordo feito de sangue? Uma tradição da máfia, que não pode ser quebrada nunca? Ele foi capaz de fazer isso?
— Porque o senhor não aceita, que foi enganado durante todos esses anos? Um acordo de paz por tanto tempo, é uma ótima opção para quem quer arrumar um tipo de fuga de última hora.
— Chega, Arthur. Eu conheço Don Juan há muitos anos, antes mesmo de você nascer. Quando ele diz sim, é sim. Quando diz não, é não. Recomponha-se.
As palavras de meu pai estavam impregnadas de frustração e ira, mas eu estava cego pela minha própria raiva:
— Me recompor? Aquela Ragazza e sua família me deixaram no dia do maldito casamento, todos deste lugar falarão disso amanhã, papai. Será que não vê? Ela marcou esse dia com uma grande vergonha, e eu vou pagar duas vezes. Porque eu não queria esse casamento, mas o senhor me forçou a isso.
Minha mãe, temerosa das minhas palavras, tentava acalmar os ânimos, mas eu estava fora de controle. A promessa de Don Juan e a traição da filha dele, me consumiam. Foi então que a mão de meu pai encontrou meu rosto com um golpe forte, a força do impacto ecoando pela sala:
— Chega, Arthur. Parece uma noiva desesperada, por ter sido abandonada no altar. Recomponha-se, fanculo (Cäralho) Recomponha-se. — gritou ele.
A dor física se misturou com a dor emocional. Minha respiração era pesada, meus punhos cerrados. Eu estava em uma encruzilhada, entre a raiva e a determinação.
— Filho, se acalme por favor. Seu pai está certo, algo deve ter acontecido. Fique tranquilo, não faça besteiras.
As palavras de minha mãe eram como um bálsamo para minha raiva inflamada. Seu olhar preocupado e suas mãos tremendo sobre meu braço eram um lembrete tangível do amor e da preocupação que ela sentia por mim.
Respirei fundo, tentando conter a tempestade que rugia dentro de mim. Ela estava certa, agir impulsivamente não resolveria nada. A razão deveria prevalecer sobre a raiva.
— Você tem razão, mãe. Preciso manter a cabeça fria. Vou esperar para entender o que aconteceu antes de tomar qualquer decisão precipitada. — Olhei furiosamente para o meu pai.
As palavras eram um compromisso comigo mesmo e com minha família. Não podia deixar a raiva cegar o meu julgamento. A situação era delicada demais para agir por impulso.
Deixei minha mãe e meu pai na sala e fui para o jardim da mansão. A noite caía suavemente, as estrelas começavam a pontilhar o céu escuro. Era um momento de calma em contraste com a tempestade emocional em que eu vivia.
Olhei para o horizonte, buscando clareza em meio à confusão. O destino havia lançado um desafio inesperado, e eu estava determinado a enfrentá-lo com dignidade e resolução.
A mansão, outrora repleta de promessas e expectativas, agora era um eco silencioso do que deveria ter sido. Os convidados se foram, levando consigo as celebrações que nunca chegaram a acontecer, em meu jardim, havia um testemunho solitário do que não ocorreu e permanecia em um silêncio pesado.
Caminhei pelos corredores vazios, observando as mesmas paisagens que deveriam ter sido um palco de alegria. Cada canto da mansão parecia ecoar com a lembrança do que nunca chegou a existir.
Ao chegar ao jardim, a solidão parecia se misturar com a brisa noturna. As cadeiras vazias e as flores desabrochadas, sem ter a quem encantar, eram como vestígios de um sonho não realizado. A natureza, em sua quietude, parece compartilhar da minha melancolia.
Sentei-me em um dos bancos, observando a noite se desdobrar diante de mim. A lua, imperturbável, lançava sua luz sobre o cenário vazio. Em meio à escuridão, busquei encontrar alguma resposta para as perguntas que me atormentavam.
A ausência da minha prometida deixava um vazio profundo em meu peito, mas também acendia uma chama de determinação em minha alma. Eu não podia permitir que esse momento de tristeza definisse o curso do meu futuro.
Tudo bem que eu não queria esse casamento, mas os nossos sangues, estavam ligados por um ritual, que nunca mais poderia ser quebrado. Mesmo que tenha acontecido algo, somos um do outro, e não tem como mudar isso. Meu pai fez o favor de assinar os papéis da minha vida, com as mãos, concordando que mesmo se os pais dela morrerem, ela estará em minha responsabilidade.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Luisa Nascimento
Se você soubesse o que aconteceu com a sua noiva.
2025-04-10
0
Elizabeth Fernandes
Tomara que descubram logo o que aconteceu
2025-03-17
0
Maria Sena
Eu acho que foi os inimigos deles, os russos. Tomara que eles descubra logo o que aconteceu.
2024-11-15
1