Capítulo 12

Cedric estava em seu escritório, observando seu primo Félix. Embora fosse mais velho do que ele, não pôde deixar de suspirar pelo seu primo quando ele era apenas uma criança de dez anos e ele um homem de 18 anos. O pequeno Cedric sabia que aquele garoto frágil que veio treinar no templo seria motivo de seus sonhos mais molhados.

"Você está apaixonado por ele há mais de 20 anos, mas ele nunca se interessou além das mulheres... acho que será impossível ter uma chance."

Foi o que pensou enquanto observava os braços bem definidos de seu primo, que quase estouravam a camisa. Muitas vezes imaginou morder seus braços para saber se eram reais ou ilusões suas.

- Provavelmente ele teria me dado um soco por fazer isso - sussurrou.

- Você disse alguma coisa? - perguntou\, sem tirar os olhos do orçamento que Cedric estava fazendo.

- Nada - respondeu um pouco triste.

O amor não correspondido era, sem dúvida, um dos males mais cruéis, já que o ser humano se infligia esse sofrimento. Como prova disso, viu Félix se casar duas vezes, enquanto ele o observava com um sorriso e sendo padrinho de seus casamentos, mas com o coração destroçado.

Se ao menos houvesse alguma chance de ele conseguir alcançar o homem divorciado sentado em sua mesa, se pudesse transmitir seus sentimentos e houvesse uma chance de amá-lo como queria, não importava se nunca pudesse se casar ou ter herdeiros.

- Posso levar o trabalho para o palácio do pai? - perguntou.

Félix, ao ver Cedric deitado no sofá, cobrindo os olhos, se aproximou preocupado. Seu primo havia adormecido devido ao excesso de trabalho, e ele podia ver as olheiras profundas. Suspirando, pegou um cobertor próximo e o cobriu.

- Vou dizer à mãe que vou ficar aqui para ajudá-lo - respondeu\, observando com um sorriso a expressão tranquila dele.

Ele sabia que seu tio colocaria soldados para proteger o retorno de sua mãe e irmã, então estava tranquilo. No entanto, estava preocupado com o estado de Cedric. Pelo menos, passar uma noite com ele o ajudaria um pouco. Afinal, aquele homem havia sido padrinho de seus dois casamentos fracassados. Era o mínimo que ele poderia fazer.

- Mas o que é isso? - perguntou\, ao pegar um caderno estranho na mesa de seu primo.

Procurando por alguns documentos para verificar algumas informações, ele não esperava encontrar um estranho botão que abriu um pequeno compartimento em uma das gavetas, onde havia um caderno. Ele respeitava a privacidade de Cedric e teria ignorado aquilo, se não tivesse visto em um canto da capa a palavra "Félix" escrita.

"Por que meu nome está escrito aqui?"

A voz de seu primo acordando da breve soneca o impediu de examinar o caderno adequadamente, e ele o colocou de volta no compartimento para que ele não soubesse que ele o encontrara. Cedric, ainda sonolento, apenas sorriu ao ver que ele havia se dado ao trabalho de cobri-lo.

- Vou pedir algo para comer! - exclamou alegre\, saindo do quarto.

Enquanto isso, no quarto de Anika, ela observava como, depois que os gêmeos foram separados de Tomás para trocar suas fraldas, a tia dele, lady Serah, estava alimentando seus filhos. Anika olhava com espanto enquanto a mulher alimentava seus dois bebês, imaginando como seria ela fazendo isso.

Sofía, que estava contendo a vontade de vomitar ao ver o estado da mãe dos filhos de seu primo, teve que se afastar um pouco. No entanto, ela estava tão furiosa por ser ela a escolhida por Tomás para ser sua esposa, que estava pensando em alguma forma de fazê-la desistir.

- Você é muito corajosa\, lady Anika! - falou maliciosamente.

- Desculpe? - perguntou confusa a mãe dos gêmeos.

- É que eu não conseguiria fazer o que você faz\, especialmente ver como alimentam seus filhos porque você teve seus seios removidos - disse alegremente ao ver o rosto pálido da mulher. - Não se preocupe\, a futura esposa de Tomás será capaz de cuidar dos filhos como se fossem seus e de amamentá-los.

Aquilo foi um balde de água fria para ela, já que mesmo aquelas palavras estarem escondidas em "elogios", eram na verdade um cruel lembrete de sua condição; no entanto, ao saber dessa forma que não tinha forma de dar leite aos seus filhos, todas as esperanças de conseguir alimentar seus filhos desmoronaram.

Lady Serah queria repreender Sofia, mas com os gêmeos em seus braços, estava em uma posição complicada; no entanto, doía em sua alma ver como Anika abaixou a cabeça, tentando conter suas lágrimas com uma expressão branca como papel, apesar do calor em seu quarto. Foi somente quando viu seu sobrinho tirar Sofia, que soube que sua filha estava em apuros.

- O que você quer\, Sofia? - Perguntou zangado assim que estavam do lado de fora.

Por muito tempo teve que lidar com palavras de duplo sentido, até mesmo daqueles que eram seus supostos aliados, todo o tempo que esteve na guerra ajudou-o a diferenciar entre um hipócrita e um mentiroso. Embora sua prima tivesse falado a verdade, sentiu que ela disse isso para machucar Anika.

- Nada\, primo! - Ela disse\, tentando se soltar com lágrimas nos olhos.

- Você está descontando porque vou me casar com ela e não com você? - Perguntou com veneno na língua. - Você realmente acha que vou ficar com uma mulher tão falsa como você? Por que acha que nunca aceitei casar com você antes?

Sofia caiu bruscamente no chão, incapaz de conter as lágrimas e com um olhar de vergonha. Ele não só a havia humilhado, rebaixando-a a essa morta-viva, mas também havia dito que por culpa dela ele nunca a havia olhado nem olharia.

- Você será meu\, Tomás - disse num sussurro enquanto limpava a saia de seu vestido. - Esses gêmeos serão meus filhos\, farei com que ela sofra ao arrancar algo dela\, assim como ela está me arrancando.

Ela sorriu e colocou o rosto mais doce, de modo que ninguém visse a maldade em seu coração. Ela realmente não se importava com os gêmeos, estava decidida a fazer com que seu filho com Tomás fosse seu único herdeiro. Embora por enquanto ela tivesse que ter cautela devido à atitude tão agressiva de seu primo.

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